PSD A CAMINHO DOS 20% ?
Se Passos Coelho, Relvas e Diogo Campos, continuarem a falar, certamente não vai ser difícil ao PSD regressar gloriosamente à casa dos 20%.
Como dizia aqui, a 25 de Março, a histórica capacidade do PSD de destruir capital politico não é fácil de bater, agora é esperar para ver.
Mas a nossa salvação são as brilhantes e oportunas intervenções do PR, agora a bem do orgulho nacional, com a sua lição à Europa sobre solidariedade! Aliás numa linha de argumentação coincidente com a do BE, a democracia tem estas vantagens!
Que tal uma coligação PR/BE/PSD?
quinta-feira, 21 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
quarta-feira, 13 de abril de 2011
ELOGIO DA IRLANDA
Será que o tigre celta não passa de um gato tinhoso, zarolho e trôpego, apenas tão vagamente celta como os nossos minhotos?
Existem em inglês duas frases, que embora aparentemente contraditórias entre si descrevem melhor que qualquer longa tese os fenómenos das subidas e descidas da imagem pública das pessoas, organizações e países. "Nothing succeeds like success" e "Nothing fails like success". A admiração, os jogos de interesses, e a inveja, aliadas ao superficialismo das análises, acabam por nos levar de forma repetida à construção e destruição de imagens muitas vezes sem quaisquer fundamentos efectivos.
A Irlanda, considerada em 2005 pelo Economist o melhor sítio do mundo para viver, rapidamente foi esquecida e virou patinho feio. Mas a verdade é que aquele país foi um indiscutível caso de sucesso, e não se pode ignorar esse sucesso nem a forma como ele foi conseguido, porque para além da justiça que lhe é devida, existem aí lições importantes que devem ser estudadas. A imensa e absurda bolha imobiliária que a Irlanda produziu, não é razão para não nos debruçarmos sobre as fontes do seu êxito.
A forma mais simples de explicar a diferença entre a situação portuguesa e a Irlandesa talvez seja usando duas historietas metafóricas. Era uma vez uma família em Dublin que começou um pequeno negócio, depois aliou-se a parceiros estrangeiros e teve grande êxito no mercado externo com os jovens quadros que foi recrutando. Aquele sucesso foi de tal maneira grande que completamente inebriados por ele, a tal familia resolveu ir ao Casino acompanhada pelos seus melhores quadros, e numa noite jogaram tudo, o que tinham e o que não tinham, o resultado obviamente foi o que seria de esperar. Esta a história da crise Irlandesa.
Agora falemos da família portuguesa, o seu negócio de construção teve um crescimento significativo, embora a parte de leão tenha ficado para "os grandes que sabem lidar com o peixe graúdo", graças a muito trabalho e também ao primo lá da Câmara, deu para ganhar bom dinheiro, empregar toda a família, crescer e até fazer uns investimentos no imobiliário ("que agora não está lá muito bem mas há-de melhorar"), "agora o problema é que ninguém paga a ninguém e não se vê saída para isto, os políticos cada vez são piores, o euro também não ajuda, acabaram com as obras todas e o resto já se sabe que não existe, Deus nos ajude...".
Com taxas de crescimento anual entre os 5% e 15% nos anos de 1991 a 2007, a Irlanda conseguiu multiplicar por quatro o seu PIB e dobrar o volume de emprego. Foi tudo artificial dirão alguns, foi a bolha imobiliária, mas atenção, o boom da construção só começa no final dos anos 90, e somente a partir daí é responsável por parte destes números. Façamos um exercício, se considerarmos que o excesso de construção equivaleu à totalidade do PIB de 1991 e a metade do emprego total desse mesmo ano, teríamos assim que o PIB em vez de ter ter quadriplicado teria "apenas" triplicado e o emprego em vez de ter duplicado teria "também apenas" aumentado em 50%. Quem na Europa fez isso? Quantos no mundo?
A "história universal das bolhas" tem diversos casos totalmente absurdos, no fundo ela é apenas uma parte da história da ganancia humana. Naquela história, a bolha das tulipas, na Holanda do sec. XVII, continua a ser a líder incontestada do absurdo, mas a bolha imobiliária irlandesa vai certamente ficar com um lugar destacado nessa mesma história, dado que chegou a construir 14 vezes mais casas per capita do que aquelas que eram construídas à época em Inglaterra! Mas tal como a bolha das tulipas não destruiu a Holanda, também a do imobiliário não vai destruir a Irlanda; no final, os fundamentais são sempre determinantes.
A Irlanda deu as maiores alegrias que um país podia ter dado às nossas esquerdas radicais, o caso tido por elas como o exemplo "neo-liberal" por excelência afinal era uma fraude, como aliás são todos e eles sempre tinham avisado. Apesar de durante o "milagre" a taxa de desemprego ter descido de 18% para pouco mais de 4%, e de o país ter absorvido um crescimento da população de 10% com a chegada dos novos imigrantes, nada disso comoveu as nossas iluminadas esquerdas. É pobreza de espírito? É. Mas na verdade a da direita também não é melhor, porque envergonhadamente apenas se resumiu a olhar para o lado, tentando que o "fiasco neo-liberal" irlandês não a afectasse.
Na verdade o caso irlandês está até longe de ser uma verdadeira experiência neo-liberal, e contra as primeiras aparências talvez seja até mesmo o contrario disso. É um caso cheio de matizes diversas que devíamos estudar profundamente para dele tirar as lições adaptáveis à nossa realidade, o comodismo da posição que reduz todo o sucesso da Irlanda à bolha, ao domínio do inglês, e à agressividade da sua política fiscal, é apenas mais um sinal da nossa preguiça intelectual.
Será que o tigre celta não passa de um gato tinhoso, zarolho e trôpego, apenas tão vagamente celta como os nossos minhotos?
Existem em inglês duas frases, que embora aparentemente contraditórias entre si descrevem melhor que qualquer longa tese os fenómenos das subidas e descidas da imagem pública das pessoas, organizações e países. "Nothing succeeds like success" e "Nothing fails like success". A admiração, os jogos de interesses, e a inveja, aliadas ao superficialismo das análises, acabam por nos levar de forma repetida à construção e destruição de imagens muitas vezes sem quaisquer fundamentos efectivos.
A Irlanda, considerada em 2005 pelo Economist o melhor sítio do mundo para viver, rapidamente foi esquecida e virou patinho feio. Mas a verdade é que aquele país foi um indiscutível caso de sucesso, e não se pode ignorar esse sucesso nem a forma como ele foi conseguido, porque para além da justiça que lhe é devida, existem aí lições importantes que devem ser estudadas. A imensa e absurda bolha imobiliária que a Irlanda produziu, não é razão para não nos debruçarmos sobre as fontes do seu êxito.
A forma mais simples de explicar a diferença entre a situação portuguesa e a Irlandesa talvez seja usando duas historietas metafóricas. Era uma vez uma família em Dublin que começou um pequeno negócio, depois aliou-se a parceiros estrangeiros e teve grande êxito no mercado externo com os jovens quadros que foi recrutando. Aquele sucesso foi de tal maneira grande que completamente inebriados por ele, a tal familia resolveu ir ao Casino acompanhada pelos seus melhores quadros, e numa noite jogaram tudo, o que tinham e o que não tinham, o resultado obviamente foi o que seria de esperar. Esta a história da crise Irlandesa.
Agora falemos da família portuguesa, o seu negócio de construção teve um crescimento significativo, embora a parte de leão tenha ficado para "os grandes que sabem lidar com o peixe graúdo", graças a muito trabalho e também ao primo lá da Câmara, deu para ganhar bom dinheiro, empregar toda a família, crescer e até fazer uns investimentos no imobiliário ("que agora não está lá muito bem mas há-de melhorar"), "agora o problema é que ninguém paga a ninguém e não se vê saída para isto, os políticos cada vez são piores, o euro também não ajuda, acabaram com as obras todas e o resto já se sabe que não existe, Deus nos ajude...".
Com taxas de crescimento anual entre os 5% e 15% nos anos de 1991 a 2007, a Irlanda conseguiu multiplicar por quatro o seu PIB e dobrar o volume de emprego. Foi tudo artificial dirão alguns, foi a bolha imobiliária, mas atenção, o boom da construção só começa no final dos anos 90, e somente a partir daí é responsável por parte destes números. Façamos um exercício, se considerarmos que o excesso de construção equivaleu à totalidade do PIB de 1991 e a metade do emprego total desse mesmo ano, teríamos assim que o PIB em vez de ter ter quadriplicado teria "apenas" triplicado e o emprego em vez de ter duplicado teria "também apenas" aumentado em 50%. Quem na Europa fez isso? Quantos no mundo?
A "história universal das bolhas" tem diversos casos totalmente absurdos, no fundo ela é apenas uma parte da história da ganancia humana. Naquela história, a bolha das tulipas, na Holanda do sec. XVII, continua a ser a líder incontestada do absurdo, mas a bolha imobiliária irlandesa vai certamente ficar com um lugar destacado nessa mesma história, dado que chegou a construir 14 vezes mais casas per capita do que aquelas que eram construídas à época em Inglaterra! Mas tal como a bolha das tulipas não destruiu a Holanda, também a do imobiliário não vai destruir a Irlanda; no final, os fundamentais são sempre determinantes.
A Irlanda deu as maiores alegrias que um país podia ter dado às nossas esquerdas radicais, o caso tido por elas como o exemplo "neo-liberal" por excelência afinal era uma fraude, como aliás são todos e eles sempre tinham avisado. Apesar de durante o "milagre" a taxa de desemprego ter descido de 18% para pouco mais de 4%, e de o país ter absorvido um crescimento da população de 10% com a chegada dos novos imigrantes, nada disso comoveu as nossas iluminadas esquerdas. É pobreza de espírito? É. Mas na verdade a da direita também não é melhor, porque envergonhadamente apenas se resumiu a olhar para o lado, tentando que o "fiasco neo-liberal" irlandês não a afectasse.
Na verdade o caso irlandês está até longe de ser uma verdadeira experiência neo-liberal, e contra as primeiras aparências talvez seja até mesmo o contrario disso. É um caso cheio de matizes diversas que devíamos estudar profundamente para dele tirar as lições adaptáveis à nossa realidade, o comodismo da posição que reduz todo o sucesso da Irlanda à bolha, ao domínio do inglês, e à agressividade da sua política fiscal, é apenas mais um sinal da nossa preguiça intelectual.
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