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quinta-feira, 2 de julho de 2015

A REVOLUÇÃO GREGA E PORTUGAL
Ao contrario do que tem sido dito Tsipras não é o bipolar, ingénuo, incompetente, inconsistente, etc que tem sido anunciado, ele parece-me mesmo ser o único competente no meio desta ópera-bufa europeia que vai acabar em tragédia, grega e não só.
E o mais estranho é que ele sempre disse ao que vinha. Os pequenos objectivos de simples melhoria de vida das população, são claramente objectivos pequeno-burgueses desprezíveis para ele, o seu objectivo foi sempre a revolução, a mudança radical da sociedade grega e se possível europeia, a bolivinização da Europa.
Ainda pouco tempo antes de ser governo, Tsipras afirmou: " o nosso objectivo não é o socialismo imediato, mas apenas o princípio do fim da Europa tal como a conhecemos", lembrando então que faria como fez Chavez, "nós não pedimos o voto no socialismo, nós pedimos o voto para uma mudança real na vida das pessoas, e assim gradualmente as pessoas irão se aperceber que o socialismo é uma boa idéia, tal como aconteceu na Venezuela".
E quando o sonho é grande, e os objectivos também, que interessam os meios utilizados? as mentiras apregoadas? as alianças com quem quer que seja? os custos do processo para as populações? Nada disso é relevante quando a História nos chama para uma missão regeneradora da humanidade!
Assim já pensaram muitos antes dele, com os resultados que se sabe, Lenine foi o primeiro estratega que adaptou o pensamento de Maquiavel aos tempos modernos e que com o dinheiro americano fez a revolução Russa, depois os seguidores foram muitos à direita e à esquerda, com destaque para Hitler e Mao.
A base é sempre a mesma, confundir o inimigo, depois fatiá-lo e finalmente aniquilar qualquer suspiro oposicionista, da forma mais radical que for possível, ao mesmo tempo que se vai negando toda a realidade porque se sabe que os burgueses bem instalados darão tudo para não ter que tomar iniciativas difíceis e irão sempre acreditar até chegar a vez deles. Ao fim e ao cabo trata-se apenas de cozinhar rãs em lume brando.
Como tenho dito, e apesar de toda a propaganda em contrario, em termos económicos o facto de a Grécia sair da zona euro não enfraquece a zona, antes pelo contrario, as questões dos perigos da "geometria variável`e outras não têm qualquer fundamento, apenas a saída de uma grande economia ou de um grupo de economias afectaria de forma significativa a solidez da zona euro. Esse é apenas mais um mito que a Grecia com os seus amigos tem conseguido vender, e em que os mercados farão de conta acreditar enquanto isso der dinheiro para ganhar.
Dentro da zona Euro os campeões da Grécia têm sido Juncker e França, agora já menos Juncker. Fora da zona Euro temos os ingleses, que como sempre não querem pagar nada mas que acham que nós temos de pagar para amparar o país que eles inventaram para chatear os turcos. e os americanos que querem fazer mais uma vez o que já fizeram em muito lado, ou seja, alimentar um pequeno animal perigoso na doce ilusão que assim se estabiliza a área, quando o que vai acontecer é o contrario, o animal vai virar grande e vai pôr todo o espaço em polvorosa.
Todos sabemos da importância geopolítica da Grécia, em especial agora, mas julgar que ao apoiar as pretensões de Tsipras se está a contribuir para a estabilizaçao da região isso é uma idiotice sem fim, pior que o dinheiro que os americanos deram a Lenine, ou que a ingenuidade de Chamberlain com Hitler.
No meio disto tudo não sei se a Comissão Europeia e os governos europeus tencionam continuar a ser os palhaços desta história, mas se tencionam fazê-lo Portugal vai ter agora de assumir de forma clara e pública uma posição sobre esta situação.
Portugal tem de deixar claro que, ao contrario do que se tem dito nada tem contra que à Grécia sejam dadas condições especiais, dado que a Grécia está na pior situação entre os países da zona euro, mas que a bem do processo europeu e da protecção dos nossos interesses, só aprovará medidas que signifiquem alterações nos montantes, nas maturidades e no nível dos juros da dívida grega que proporcionalmente se apliquem também ao caso português. Qualquer outro caminho, além de injusto para Portugal seria consagrar dentro da Comunidade o prémio à indisciplina.
Já que, que por culpa das instituições comunitárias tudo isto vai acabar muito mal, pelo menos não sejamos os parvos da história.
A ZONA EURO ESTÁ MAIS FORTE
Ao contrario de todos os disparates que se têm dito por aí, o facto de a chantagem grega não ter sido aceite não enfraquece o Euro, pelo contrário, reforça-o.
Isto porque uma moeda que é partilhada por um vasto e crescente número de estados só poderá ter credibilidade se viver sob regras claras e não ao sabor de chantagens individuais de qualquer estado membro.
Se a Europa tivesse cedido ao jogo grego teria morto o Euro a prazo mais ou menos curto. Teria ficado claro que, de chantagem em chantagem, a moeda iria morrer.
O que estava, e continua em causa para a Europa, não é o pagamento das dívidas astronómicas do Sul, que toda a gente sabe que são mais ou menos impagáveis. O que está em causa é que a Europa necessita de acabar de construir o sistema que permitirá que grande parte dessas dívidas venha a ser "absorvida" de forma natural por vias diversas, até lá as dívidas continuarão a constar das contabilidades nacionais dos países devedores e não existe alternativa a essa realidade.
Neste processo ficou claramente provado que a via que o Syriza pretendeu seguir não leva, nem levará, a lado nenhum, esperemos que o aviso seja compreendido por todos. A via Syriza foi inútil e negativamente agressiva, só justificável caso o objectivo real do Syriza fosse de facto a saída do Euro e até da Comunidade Europeia, criando uma situação de expulsão por culpa dos países ricos a explorar políticamente. Esta possível estratégia para uma saída revolucionária, é uma hipótese que ainda está de pé, os próximos dias nos esclarecerão...
Em termos práticos o que resta como lição para os outros países é que se podem conseguir alguns pequenos sucessos no âmbito comunitário usando linhas de negociação mais duras, desde que tal se faça com moderação. Para ir para além daqueles pequenos ganhos, apenas conseguindo criar grupos de pressão constituídos por vários países se poderão almejar objectivos mais importantes.
O único grande problema que a questão grega representa para a Europa é geopolítico, por causa dos Balcâs, da Turquia, da Rússia, do Mediterrâneo Oriental, das ondas migratórias, etc Mas também neste quadro ceder ao Syriza não era garantia de melhorar a situação, antes pelo contrario. Por incompetência, ou propositadamente, o Syriza até conseguiu desperdiçar o único trunfo efectivo que tinha.
O Euro está mais forte. Isso quer dizer que os mercados vão ficar calmos? Não forçosamente, é da natureza dos mercados a instabilidade, a agitação, e acontecimentos como estes têm muito a explorar, mas será tudo fogo de artifício, de facto nada de grave aconteceu.