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domingo, 23 de maio de 2010

DERRUBAR O GOVERNO

Pelos seus erros a anterior direcção do PSD viabilizou a vitória do PS e a manutenção do actual governo.
De forma correta Passos Coelho abandonou a estratégia que vinha a ser seguida, concentrou a sua actuação nas críticas sobre as questões substanciais e assumiu uma posição de responsabilidade de estado face à crise que se vive.
No âmbito daquela actuação o PSD fez o que tinha de ser feito em relação à moção de censura do PCP, mas não é para mim claro que tenha explicado bem aos portugueses porque o faz.
É demasiado vago ter uns números para controlar mensal e trimestralmente, e um reforço da equipe que no Parlamento para isso dá apoio técnico. Por essa via corre-se o risco de basear toda a actuação do partido numa discussão de pequenos números, acusações de falta de informação, de informação errada, de interpretações equivocadas, etc., ou seja o habitual pântano quando se vai por estes caminhos.

O PSD não pode manter esta postura de viabilizar o actual governo sem se demarcar mais claramente dele, sob risco de perder o seu timing e entregar de novo o controle de todo o jogo a Sócrates, com os consequentes prejuízos para o país e para o partido.
Porque é que o PSD faz isto? porque não se sente em condições de participar de outras soluções governativas? ou porque teme que essas outras soluções não passem por ele? ou só porque as Presidenciais estão aí? ou porque o PS ainda não tem alternativa à chefia de governo actual? ou porque o PSD conta que o actual governo leve sozinho todo o desgaste de gerir a crise e depois lhe entregue o poder de mão beijada? ou por qualquer outra razão, baseada em fantasmas ou milagres salvadores?

Esta postura se for prolongada não é boa para o país, porque não vai pressionar o governo para fazer o que tem de ser feito, e que assim continuará pela via mais fácil para não correr riscos, e não é boa para o PSD porque inviabiliza o seu futuro político.
Quer queira quer não, mantendo a actual postura o PSD vai se enrolar com a actuação do actual governo de tal forma que lá na frente não vai aparecer ao eleitorado como alternativa, de facto terá sancionado tudo quanto de mau tiver sido feito, não terá mostrado coragem para assumir a liderança, e não terá provado a capacidade técnica de encontrar melhores soluções, então porque apoiar o PSD nessa altura?

Como este PSD tem dito desde o principio a grande questão de maior urgencia em termos económicos é a redução da despesa pública, sem essa redução feita de forma drástica não existe solução para a economia nacional, enquanto ainda der podemos aumentar impostos para tapar buracos no imediato mas isso não resolverá problema nenhum, antes os agravará para o futuro. A questão da redução da despesa é uma urgência nacional, se este governo a não fizer o PSD vai ter que avançar com uma moção de censura, para não se tornar conivente no arrastar de problemas que terão custos cada vez mais altos para o país e depois se tornarão mesmo insolúveis.
Mas como o PSD tem de ser um partido responsável não pode parecer que um dia acordou mal disposto e decidiu derrubar o governo, o PSD tem de dizer agora, num prazo curto, qual é o seu caderno de encargos para o governo e o timing para a sua execução, se o governo não cumprir com o previsto o PSD terá de avançar com a sua moção e caberá ao Parlamento encontrar a solução governativa que julgue melhor, sem dramatismos, como numa democracia adulta.
O PSD não pode é ficar como o garante de um governo que não faz o que tem de ser feito e com ele ir-se afundando sem honra nem glória (como se diria noutros tempos), enquanto o país se atola mais numa crise que ninguém sabe quanto tempo ainda vai durar, no âmbito de uma Europa que a tudo isto soma a sua própria crise de identidade, e para a qual o contributo de Portugal é cada vez menos credível face à irresponsabilidade que temos vindo a demonstrar.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A REFORMA DO SISTEMA FINANCEIRO AMERICANO

A segunda grande vitória de Obama na política interna, uma vitória também para Volcker que viu grande parte das suas ideias aprovadas (referido em texto de 8 de Fevereiro).

Um regresso parcial às regras anteriores às mudanças realizadas em 1999, mudanças essas que aliadas à crise da Ásia de 1997 são em grande medida as verdadeiras causas dos problemas actuais.
Na prática ainda estamos no rescaldo da crise de 1997, verdadeiramente aquele incendio nunca foi apagado.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

GOVERNOS - 1, ESPECULADORES -0

Ao contrário do que se esperava o euro e os mercados accionistas não conseguiram subir durante a noite, a Ásia parece ter mandado um recado ao Ocidente do tipo "problemas do Atlântico são para resolver aí mesmo", e assim o euro não passou os 1.244 nesse período.

Durante todo o dia o euro tentou várias vezes subir sem sucesso, mas às 13 horas de Nova Iorque, quando os mercados europeus já estavam fechados, uma intervenção maciça certamente capitaneada pelo BCE fez o euro subir mais de 250 pips em menos de duas horas, o que provavelmente terá esmagado muitos pequenos especuladores distraídos.

A operação "realizada" pelo BCE foi um sucesso, só que não resolve nada, é a utilização da tal luva de boxe para matar pulgas, foi positiva por aumentar o espaço de manobra mas não por ser a solução do problema.
Não existe possibilidade de o BCE fazer este tipo de operação todos os dias ou mesmo apenas de forma assídua, logo a única verdadeira solução para todo este embrulho é a Europa conseguir ter uma história credível para contar ao mundo, enquanto isso não acontecer tudo se vai manter na mesma, só que com mais volatilidade.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

GOVERNOS/ESPECULADORES - 0/0

O primeiro round desta guerra resultou num empate técnico.

Até ao fecho de Nova Yorque o euro subiu mais de 250 pips, o que sendo bom ficou aquém das expectativas face à artilharia utilizada pelos "governos" e à provável ajuda de muito especulador. Simultâneamente os mercados accionistas sofreram pesadas baixas realizando novos mínimos, e embora tenham tentado uma recuperação já depois do fecho dos mercados europeus não conseguiram no entanto encerrar em máximos do dia.
Durante a noite o euro vai tentar passar o 1,244 (máximo do dia 18) e é natural que o consiga, tudo leva a crer que as "tropas governamentais" asiáticas o façam.

Mas a Europa tem de saber que esta só aparentemente é uma guerra de valores financeiros, de compras e de vendas, que vai ser ganha por quem tiver mais poder de fogo, não é assim, trata-se de uma guerra de guerrilha, por isso de nada servirá pôr outro trilião em cima da mesa, e depois desse um outro, e mais outro, até ao desgaste completo.
A Europa ganha esta guerra sem dinheiro, sem artilharia, sem sangue, basta-lhe dizer de uma forma clara, coerente e convincente o que quer fazer, se o não fizer de nada lhe vai valer tentar matar pulgas com luvas de boxe (lembram-se?), por essa via conseguirá apenas que cada vez o buraco seja mais fundo, para ela e para a economia mundial.
GUERRAS - GOVERNOS/ESPECULADORES

De um lado bolsos quase sem fim, do outro bolsos largos mas sobretudo muito conhecimento do terreno, guerras sempre muito caras com grandes ganhos e grandes prejuízos, no final ganha sempre e apenas quem tem razão.
Veja-se o que aconteceu com a batalha entre Soros e o Banco de Inglaterra, e depois com com os Bancos da Hungria e da Malásia, Soros só ganhou no Reino Unido, é duvidoso que o seu saldo global tenha sido positivo financeiramente, no entanto para a sua vaidade pessoal pode ser que sim.

No presente caso da Europa, a razão é nossa mas isso não chega, é preciso ter uma versão clara e coerente dos factos e das políticas, assim como saber transmiti-la.

Para já apenas enorme turbulência nos mercados mundiais, para os pequenos o melhor é manter distancia, "agora é tempo de briga de cachorro grande".

terça-feira, 18 de maio de 2010

A EUROPA ENLOUQUECEU?

Os políticos europeus estão a entrar num pânico descontrolado que não tem objectivamente nenhuma razão de ser, a situação europeia não é cómoda mas está longe de ser dramática, a menos que se continuem a fazer erros sobre erros.

A actual situação europeia apesar de complicada é das menos difíceis do mundo no âmbito da actual crise. Em termos globais a nossa dívida é moderada, a nossa balança comercial é positiva, o nosso crescimento é débil mas não põe a sobrevivencia em risco, os nossos bancos estão tão falidos como os dos outros, vários estados de alguns pequenos países europeus estão também mais ou menos quebrados o que é caso vulgar no mundo de hoje, e por aí vai... Então porquê este histerismo que se apoderou de toda a gente? Pessoalmente julgo que tem a ver com uma certa arrogância europeia que se julgava um grande líder moral e guardião de uma certa forma de solidez financeira no mundo, e agora, de repente, a Europa sente-se completamente perdida, sem referencias e sem saber para onde se voltar, e vai daí e começa a disparar para todas as sombras que vê, ou até mesmo apenas pressente. Se os nossos políticos tivessem por perto alguns conselheiros dos que viveram por dentro o dia a dia das grandes crises financeiras dos últimos 20 anos talvez ajudasse, pelo menos a acalmar os espíritos.

Claro que existem os problemas institucionais que os outros países não têm, na verdade não somos um país mas apenas uma associação com regras pouco claras, muitos egos e muitos fantasmas, no entanto isso não tem que forçosamente agir contra nós, pode haver vantagens nesta ambiguidade. O que é necessário é saber o que é que se quer, se a Europa souber o que quer e acreditar nisso, o mundo vai acreditar. O problema é que a Europa não sabe o que quer e por isso não pode acreditar, e como é evidente também não se pode pedir ao mundo e aos mercados que acreditem naquilo em que nós próprios não acreditamos.
E não vale a pena esbracejar, insultar, culpar sinistras campanhas contra nós. Se acreditarmos e formos claros eles vão acreditar.

Andamos há muito tempo a queixarmos-nos dos mercados, dos especuladores, de uma campanha sinistra contra o Euro, das agências de rating, etc., em alguns casos com razão noutros sem, mas sempre mal, mal na forma, mal no timing, mal nas respostas, o que só agrava os problemas em vez de os resolver.

Na fatídica noite da reunião dos ministros das finanças (pós Conselho Europeu), quando foi apresentado o comunicado final, ficou logo claro que o mercado não ia "comprar" a solução apesar da dimensão do pacote, e não iria comprar porque não era clara e sobretudo porque não encarava a questão da reestruturação da dívida grega, o que foi visto pelo mercado como sendo maior a preocupação de salvaguardar interesses de alguns bancos do que o de verdadeiramente limpar a casa (e aquela reestruturação poderia ter sido feita sem premiar os especuladores cheios de CDSs). Depois daquela noite os mercados tiveram uma ligeira recuperação e logo de seguida afundaram de novo, o que deixou os políticos europeus no estado que temos constatado.

A Europa tem de ter um discurso coerente sobre o que quer, e tudo quanto tem dito é tudo menos coerente, diz que não faz bailouts e temos o caso grego, simula uma grande operação de salvaguarda do euro mas faz tudo por via de um SPV a financiar, agora quer ter uma feroz polícia fiscal mas dispensa uma política económica, assim não vai dar, não dá para acreditar, isso ninguém vai comprar.

Os mercados nem sequer são difíceis de serem convencidos, basta ver os "road-shows" empresariais, o que é indispensável é apenas ter um discurso totalmente coerente e transmitido de forma absolutamente convicta (se assim for até se pode mentir). O que não dá é para não ter coerência ou falta de convicção.

Mas no final a grande questão é salvaguardar a Comunidade Europeia, não se pode correr o risco de perder a Comunidade por causa de sermos incapazes de gerir o Euro, risco que se pode correr se se continuar a improvisar. Espero que neste momento existam grupos de especialistas dedicados 24 horas por dia a simular todos os cenários possíveis e que garantam que a Europa vai saber lidar da melhor forma com qualquer cenário que se venha a pôr.
Que se percam os anéis mas fiquem os dedos.
PREOCUPANTE, PREOCUPANTE MESMO, É O DEFICIT ALEMÃO

Finalmente parece que toda a gente compreendeu que não pode haver união monetária sem união económica.
Só que parece julgar-se que união económica se resume apenas a ter uma força policial europeia especializada em questões fiscais, que vai detectar, processar e impedir de actuar todos os "estados criminosos" que não respeitem os orçamentos aprovados pela UE. Só que uma união económica reduzida a isso é apenas a garantia de uma Europa que, embora tentando ser cada vez mais rigorosa, se irá afundar cada vez mais numa espiral recessiva sem fim.

A existência de uma união económica tem de implicar uma política económica para a dita união, e isso quer dizer que na actual crise mundial se por um lado existem países europeus que têm de apertar os respectivos cintos e enfrentar recessões internas, por outro lado os países que têm situações financeiras mais desafogadas têm de deixar para depois o seu apertar de cinto, sob risco de apenas se mergulhar o conjunto europeu numa recessão dolorosa e interminável.
Vem isto a propósito da intenção alemã de limitar constitucionalmente o seu deficit a 0,35% do GDP a partir de 2016, o que por si só não seria preocupante atendendo a que 2016 está ainda longe, no entanto essa decisão não só vai implicar a imediata tomada de medidas recessivas como vai alimentar ainda mais o tradicional terror alemão em relação a deficits e inflação.

É certo que uma Europa envelhecida não pode continuar a acumular deficits para gerações futuras virem a pagar, gerações essas que parecem não existir, mas dar o passo para dispositivos constitucionais tão limitativos como aqueles de que agora se fala é claramente perigoso.
Ao contrário do que muitas vezes se diz não é imoral que a Alemanha obrigue os outros a apertar o cinto e ela o não faça, imoral e suicida é que ela numa altura destas também o aperte.
Será que entre a irresponsabilidade dos PIIGS e os fantasmas alemães a Europa se vai afundar?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A APOSENTAÇÃO DE LULA E O IRÃO

Ao aproximar-se o fim do mandato Lula procura afincadamente encontrar um espaço próprio na política mundial para a sua pós presidência.
Lula sabe que depois de ter convivido com todos os grandes do mundo, sendo mesmo um deles, não dá para acabar a vida em S. Bernardo do Campo a jogar futebol e a beber umas cachaças e cervejas com os amigos.

Por outro lado Lula também sabe que não é um intelectual que possa dedicar o seu tempo a ler, investigar, escrever e pôr ideias e papéis em ordem.
Lula é um daqueles fenómenos da natureza com uma intuição e sensibilidade políticas extraordinárias, que não necessita de perder tempo nos detalhes dos processos ou em debates prolongados sobre questões mais ou menos existenciais, ele é apenas um grande emotivo com um enorme sentido de oportunidade que os deuses decidiram bafejar com toda a sorte, depois de se terem arrependido de lhe terem dado um começo tão difícil.
Claro que Lula poderá tentar ser um novo tipo de ex-presidente conferencista, longe das dissertações mais ou menos intelectualizadas, e mais perto do emotivo e do discorrer sobre experiências de vida sem fim que certamente tem, mas também isso parece não lhe chegar. Sobretudo Lula não quer que o mundo o esqueça, perdido em S. Bernardo do Campo.
Foi por isso que Lula tentou colocar-se como medianeiro do conflito Israelo-Palestino, mas foi rejeitado pelas duas partes que claramente não viram qualquer interesse na sua intermediação.

Agora Lula voltou-se para, juntamente com a Turquia, intermediar o problema nuclear Iraniano, parece que as coisas estão a correr bem. É urgente uma solução para este problema, principalmente para os USA que estão metidos num beco sem saída, mas também para o mundo porque não só um conflito armado no Irão seria a catástrofe para a economia mundial, como a nuclearização do Irão iria arrastar a da Arábia Saudita, do Egipto, da Síria, da Turquia e do próprio Brasil, tornando o mundo um lugar ainda mais perigoso. Esperemos que os deuses continuem com Lula.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

BRINCAR AOS PECs

O governo e as oposições andaram durante meses a brincar aos PECs, o governo continuava a tentar passar a imagem de que a situação não era especialmente grave, mas a contragosto lá avançou com uma "intenção de meio PEC", as oposições desancaram o projecto que por si só já era insuficiente, mas por fim o PSD lá acabou por viabilizar um "meio PEC reduzido".

Como sempre, depois de tanto disparate, acabou por ter de ser feito um PEC a sério, até mais duro do que teria de ter sido se tivéssemos feito o que tinha de ser feito no momento certo, vantagens da demagogia...
Mas o custo maior não foi o de termos um PEC um pouco mais pesado do que teria sido necessário, mas sim o de termos reforçado a nossa habitual imagem de irresponsabilidade, e pior ainda, de puro seguidismo em relação a Espanha.

Caro leitor, ao fim e ao cabo qual das duas é que é a verdadeira questão: Porque é que os mercados não confiam em nós??? ou alternativamente, Porque é que ainda há mercados que confiam em nós? O leitor que escolha.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

BRASIL - SINAIS DE PERIGO?

Inflação, irresponsabilidade político-fiscal, e balança comercial. Os problemas estão de volta?

Embora os dados oficiais continuem a mostrar a inflação controlada, os consumidores queixam-se do disparar dos preços dos bens de primeira necessidade. Mas para quem chega de fora o que mais espanta são os preços totalmente desajustados de alguns produtos e serviços (aliás tal como acontece na Grécia), a título de mero exemplo um café expresso custa em qualquer café de bairro pelo menos 2,5 reais (mais de 1,1 euros) isto na terra do café!, uma hora de estacionamento pode custar 10 reais (mais de 4 euros), e por aí vai, restaurantes, cinemas, etc. Apenas desajustamentos, ou expressão de um problema mais fundo?

A maior contribuição do governo de Fernando Henrique Cardoso para a estabilização do Brasil foi a Lei da Responsabilidade Fiscal, foi ela que permitiu finalmente controlar os gastos e as dívidas dos poderes central, estaduais e municipais, mas agora a irresponsabilidade do Congresso (Câmara e Senado) parece crescente e aprova medidas bilionárias (a última festança é de 60 bi) sem "cabimento" orçamental que obrigarão Lula ao desgaste de ter de as vetar sob risco de voltar a afundar todo o sistema. Meras jogadas eleitorais, ou regresso de velhas práticas?

Apesar do disparar dos preços das comodities a balança comercial começa a apresentar resultados negativos. Questão conjuntural, ou retorno ao eterno ciclo brasileiro - euforia/depressão?

Continuo a pensar, como aliás escrevi há muito tempo atrás (os brasileiros que desculpem o pleonasmo), que o governo deveria ter feito tudo quanto fosse possível para impedir a valorização do real para além dos 2,5 por USD (eu sei que teria sido difícil e totalmente heterodoxo), como isso não aconteceu as importações dispararam, muita produção interna foi inviabilizada e a balança comercial e toda a economia só não derraparam porque os preços de exportação das comodities dispararam.

Caso tivesse sido possível controlar a valorização do real, não só as reservas brasileiras seriam hoje muito maiores do que são, como também o parque industrial seria maior e mais competitivo, e sobretudo o Brasil estaria muito mais imunizado em relação à crise mundial do que de facto está, ou seja, se a crise mundial se agravar os preços das comodities irão despencar e com eles os saldos comerciais brasileiros e as suas reservas, num filme que através da história já se viu muitas vezes. Infelizmente o argumento de que "desta vez é diferente" normalmente não funciona.
Claro que controlar o câmbio e a inflação, sem controle total da despesa pública, era uma missão difícil, mas teria sido a única via de garantir um Brasil à prova de todas as crises.

Julgo que os dois candidatos presidenciais têm ideias concretas, e diferentes das praticadas até aqui, sobre a futura política económica brasileira, em especial José Serra que deve ter essas ideias já muito bem digeridas, agora é só esperar ....
AFINAL BARROSO FALA?!

Há muito que Barroso provou a sua imensa capacidade de flutuar reduzindo-se a dizer lugares comuns sem qualquer risco para a sua estratégia pessoal, mas hoje parece que finalmente resolveu dizer alguma coisa: "se não tivermos uma união económica é melhor esquecermos a união monetária". Nada mau para primeira vez! (vantagens de ter um Presidente do Conselho?)

terça-feira, 11 de maio de 2010

TAP E A DESCULPA DO VULCÃO
A empresa está a utilizar a desculpa do vulcão para cancelar todos os voos que não lhe interessa fazer, mesmo que nada tenham a ver com o vulcão, tem sido assim com o Brasil.
Como é que a TAP vai querer manter o seu "título" de maior operador entre o Brasil e a Europa com este comportamento de monopolista com total falta de consideração pelo utilizador-pagador (sim estas empresas não têm clientes, apenas vítimas).

segunda-feira, 10 de maio de 2010

EURO - O PACOTE BILIONÁRIO
Será que vai chegar? A questão não é o montante mas toda mecânica de funcionamento que parece não desmerecer em nada as habituais confusões da burocracia europeia. Falta ainda que o BCE diga o que vai fazer da sua parte, será que daí vem alguma verdadeira novidade? infelizmente tudo leva a crer que não, vamos ver.
Caso não haja uma estratégia clara, coerente e inovadora os mercados não vão comprar a solução, mas provavelmente vão até aproveitar para fazer uma boa recuperação antes de voltarem a cair com maior violência, "cèst la vie".

domingo, 9 de maio de 2010

O TGV - JOGOS DE CENA

O tempo e as energias que se perdem em jogadas teatrais pode ser aceitável em tempos normais mas não quando se está à beira do abismo.
Desde que o PR deu luz verd ao TGV (apesar de ter lavado as mãos como Pôncio Pilatus) era evidente que o dito "comboio" era para avançar bem rápido antes de a crise se agravar mais, a partir daí tudo não foi mais do que puro teatro.
O pequenos países precisam do apoio dos grandes e não é realista supor que no momento actual Portugal se pudesse dar ao luxo de fazer outra coisa.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

BE DÁ LIÇÃO À DIREITA

O país está a ficar cada dia mais surrealista, o BE confirma a sua posição de salvaguarda dos direitos individuais enquanto a direita se atola em contradições, foi a isto que o pragmatismo acima de todos os princípios nos conduziu no caso das escutas, e isso vai ser pago por alto preço mais cedo ou mais tarde.
Mas não é só o BE a dar lições à direita, é também o MRPP através do depoimento de Garcia Pereira que se pode ver no Youtube http://www.youtube.com/watch?v=9WXfCLXCGIY, apesar de ser já de Março vale a pena.
G7!

Parece que hoje vai haver uma conference-call do G7, demasiado tarde e demasiado cedo. E já agora também demasiado pouco e, simultâneamente, demasiado demais.
Tarde porque já há semanas que se deveria saber que toda a situação a nível mundial está embrulhada, cedo porque julgo que para já ninguém tem sequer uma pista para sair daqui. Pouco porque não vão ser uns telefonemas a resolver o assunto, demais porque vai alarmar sem soluções. É só rezar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O DILEMA DA ALEMANHA

Dilema de rico é sempre melhor que dilema de pobre, o que não quer dizer que tudo seja fácil. Entre ficar no euro e ter que suportar um conjunto de países mais ou menos indisciplináveis, mas graças aos quais tem um euro de tão baixo valor que as exportações alemãs estão a crescer explosivamente, ou sair e ficar com um marco que vai valer mais de 2 dólares e arrasar toda a economia alemã, "son coeur balance"...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

SÃO PAULO

Grande, feia, dura.
Suponha uma mulher assim, grande, feia, mas com qualquer coisa que você não sabe o que é e que o atrai, com o tempo começam a surgir pequenos detalhes curiosos, e depois vem a sensação agradável dada por aquela mistura contraditória de garra e doçura. Então você começa mesmo a ficar preso sem saber bem a quê, e de seguida, quando menos espera, você está pura e simplesmente apaixonado, "se cuide!"

terça-feira, 4 de maio de 2010

EURO - QUE RAIO DE INTERVALO É ESTE?
Eu dizia ontem que até dia 7 de Maio (reunião magna europeia) estaríamos no intervalo entre o 1º e o 2º acto do drama euro, mas parece que este intervalo está muito mais agitado do que é suposto estes tempos serem, até o BCE tem ajudado à agitação. A continuarmos assim o 2º acto vai já ser trágico.
ENERGIA EM ESPANHA

Parece que o governo espanhol está mesmo disposto a mudar as regras do jogo no país, indo até à utilização de medidas retroactivas. Ver o Expansion de hoje.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O CASO GREGO NÃO PODE SER MAIS DRAMÁTICO QUE O DA CALIFORNIA

Para quem gosta de textos mais técnicos vale a pena ler Jacques Melitz no voxeu.org de 2 de Maio, apesar de como sempre ser mais fácil enunciar do que fazer.
O DRAMA DO EURO

Estamos no intervalo do 1º acto, a reacção do público esteve abaixo das expectativas apesar da tentativa de fechar em tom apoteótico. Dia 7 começa a chamada para o 2º acto. Quantos actos até ao grande momento?