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terça-feira, 18 de maio de 2010

A EUROPA ENLOUQUECEU?

Os políticos europeus estão a entrar num pânico descontrolado que não tem objectivamente nenhuma razão de ser, a situação europeia não é cómoda mas está longe de ser dramática, a menos que se continuem a fazer erros sobre erros.

A actual situação europeia apesar de complicada é das menos difíceis do mundo no âmbito da actual crise. Em termos globais a nossa dívida é moderada, a nossa balança comercial é positiva, o nosso crescimento é débil mas não põe a sobrevivencia em risco, os nossos bancos estão tão falidos como os dos outros, vários estados de alguns pequenos países europeus estão também mais ou menos quebrados o que é caso vulgar no mundo de hoje, e por aí vai... Então porquê este histerismo que se apoderou de toda a gente? Pessoalmente julgo que tem a ver com uma certa arrogância europeia que se julgava um grande líder moral e guardião de uma certa forma de solidez financeira no mundo, e agora, de repente, a Europa sente-se completamente perdida, sem referencias e sem saber para onde se voltar, e vai daí e começa a disparar para todas as sombras que vê, ou até mesmo apenas pressente. Se os nossos políticos tivessem por perto alguns conselheiros dos que viveram por dentro o dia a dia das grandes crises financeiras dos últimos 20 anos talvez ajudasse, pelo menos a acalmar os espíritos.

Claro que existem os problemas institucionais que os outros países não têm, na verdade não somos um país mas apenas uma associação com regras pouco claras, muitos egos e muitos fantasmas, no entanto isso não tem que forçosamente agir contra nós, pode haver vantagens nesta ambiguidade. O que é necessário é saber o que é que se quer, se a Europa souber o que quer e acreditar nisso, o mundo vai acreditar. O problema é que a Europa não sabe o que quer e por isso não pode acreditar, e como é evidente também não se pode pedir ao mundo e aos mercados que acreditem naquilo em que nós próprios não acreditamos.
E não vale a pena esbracejar, insultar, culpar sinistras campanhas contra nós. Se acreditarmos e formos claros eles vão acreditar.

Andamos há muito tempo a queixarmos-nos dos mercados, dos especuladores, de uma campanha sinistra contra o Euro, das agências de rating, etc., em alguns casos com razão noutros sem, mas sempre mal, mal na forma, mal no timing, mal nas respostas, o que só agrava os problemas em vez de os resolver.

Na fatídica noite da reunião dos ministros das finanças (pós Conselho Europeu), quando foi apresentado o comunicado final, ficou logo claro que o mercado não ia "comprar" a solução apesar da dimensão do pacote, e não iria comprar porque não era clara e sobretudo porque não encarava a questão da reestruturação da dívida grega, o que foi visto pelo mercado como sendo maior a preocupação de salvaguardar interesses de alguns bancos do que o de verdadeiramente limpar a casa (e aquela reestruturação poderia ter sido feita sem premiar os especuladores cheios de CDSs). Depois daquela noite os mercados tiveram uma ligeira recuperação e logo de seguida afundaram de novo, o que deixou os políticos europeus no estado que temos constatado.

A Europa tem de ter um discurso coerente sobre o que quer, e tudo quanto tem dito é tudo menos coerente, diz que não faz bailouts e temos o caso grego, simula uma grande operação de salvaguarda do euro mas faz tudo por via de um SPV a financiar, agora quer ter uma feroz polícia fiscal mas dispensa uma política económica, assim não vai dar, não dá para acreditar, isso ninguém vai comprar.

Os mercados nem sequer são difíceis de serem convencidos, basta ver os "road-shows" empresariais, o que é indispensável é apenas ter um discurso totalmente coerente e transmitido de forma absolutamente convicta (se assim for até se pode mentir). O que não dá é para não ter coerência ou falta de convicção.

Mas no final a grande questão é salvaguardar a Comunidade Europeia, não se pode correr o risco de perder a Comunidade por causa de sermos incapazes de gerir o Euro, risco que se pode correr se se continuar a improvisar. Espero que neste momento existam grupos de especialistas dedicados 24 horas por dia a simular todos os cenários possíveis e que garantam que a Europa vai saber lidar da melhor forma com qualquer cenário que se venha a pôr.
Que se percam os anéis mas fiquem os dedos.

1 comentário:

  1. Filipe Paes de Vasconcelloos19 de maio de 2010 às 18:52

    A Europa, e já agora nós, está(mos) a começar a perceber (são de compreensão lenta, xiça!!!) que não temos outra hipótese que não seja mudar de paradigma.

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