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sexta-feira, 27 de setembro de 2019


.TANCOS - QUEM SABIA? TODOS! E DAÍ ?

(ou A ESTÓRIA DO AZARADO AZEREDO)


Sei tanto deste assunto como a generalidade dos portugueses, no entanto para mim é claro que todos sabiam, ou antes, todos souberam em diferentes momentos, não que soubessem dos pormenores da "operação", mas apenas de que o ministro tinha conhecimento de uma operação que resolveria todo o imbroglio de Tancos da "melhor forma possivel".
Apesar de eu pensar que todos "sabiam" não vejo mal algum nisso, penso mesmo que é bom que tenha sido assim.
Toda esta caricata estoria se resume no facto de que o então ministro da Defesa, depois do escandalo do roubo aos paióis de Tancos, veio a saber que estava em curso uma operação com a PJ Militar para "limpar a imagem" do Exercito e do País.
Nesse momento Azeredo Lopes ou abortava a operação e dava ordem de prisão de todos os envolvidos, o que originaria novo escandalo em cima do anterior, ou deixava correr, hipotese esta que, se tudo corresse bem, seria a melhor solução para ele, para o Exercito e para o País.
Foi assim que Azeredo se deixou encantar pela solução tipo "3 em 1".
Mas claro que teria sido uma impensavel falta de lealdade tomar a decisão de "deixar correr" sem de tal informar o 1º Ministro. Perante tal trapalhada claro que Costa lhe terá dito qualquer coisa do tipo:
"Ó Azeredo não me lixe! Isto tudo já era uma trapalhada e agora você vem-me com uma nova trapalhada em cima da outra! Tudo isso me parece muito complicado, eu não acredito em soluções miraculosas, se fosse a si eu prendia os homens e abortava essa m...! Mas você é que é o ministro! Vc é que sabe! Se acha que essa é a melhor solução é consigo, mas veja bem o que é que faz, tudo será da sua inteira responsabilidade.. Outra coisa, eu não quero chatices com o Presidente, em especial com assuntos das Forças Armadas, por isso você que conhece bem o homem vai ter de falar com ele. eu digo-lhe que você vai lá"
E assim, o azarado Azeredo lá saíu de S.Bento, tão assustado com a responsabilidade, como orgulhoso por solitariamente assumir uma tão importante decisão, "a bem da Nação", dir-se-ia noutros tempos. Terá mesmo chegado a comparar a sua situação à solidão de Churchill aquando das suas decisões mais dificeis
Com o Presidente, tudo terá decorrido de forma semelhante, apenas com mais divagações e considerandos, e menos palavrões, da parte presidencial. Tanta trapalhada em cima de trapalhada, terá deixado o fervilhante cerebro presidencial em lucubrações infinitas.
Enfim, tudo isto se resume a uma estoria de boas intenções, e pouco rigor da parte do ministro, para tentar tapar um buraco da forma mais discreta possível, o problema foi que, por razões diversas, tudo correu muito mal.
Não são apenas as crianças que no desejo de esconder um erro vão acumulando muitos mais e cada vez maiores, a propria Historia da humanidade está cheia de grandes erros que foram cometidos apenas para esconder pequenos problemas que se foram agravando.
Resumindo, apesar de se tratar de uma grande trapalhada, sob o ponto de vista moral não vejo qualquer crime, tudo foi feito com a intenção de encontrar a solução que se julgava menos negativa para a imagem do País e do Exercito, também não se pode dizer que alguma coisa tenha sido feita na defesa de interesses meramente pessoais. É ainda claro que desta segunda trapalhada" não decorreram mais danos para o País do que aqueles que teriam ocorrido, caso ela não tivesse acontecido.
Tambem no ponto de vista politico, tudo funcionou como deveria funcionar, o ministro pôs a sua cabeça na defesa de uma solução que se funcionasse seria a melhor para o País, e que só ele poderia saber se resultaria ou não, até porque só ele conhecia os detalhes da operação.
Goste-se ou não, é assim que funcionam os governos e os Presidentes, ou melhor, é mesmo só assim que eles podem funcionar.
Não reconhecer essa realidade ou é cinismo, ignorancia, ou incompetencia politica.
Claro que, como toda a boa trapalhada, no ponto de vista Judicial tudo será bem mais complicado, mas isso é outro assunto.
Quanto a tentar chamar este assunto para a campanha eleitoral julgo que tal poderia ser muito perigoso, para as partes e partidos envolvidos, e até mesmo para a nossa democracia..

terça-feira, 24 de setembro de 2019



COM MAIORIA PS PORTUGAL SERÁ MACAU SEM AS PATACAS

Lembram-se das grandes negociatas do Macau dos anos 80/90? Pois é, é isso que teremos de volta com uma maioria absoluta do PS.
Não porque Antonio Costa seja corrupto, mas porque ele não conseguirá resistir á voracidade do PS das negociatas.
Estejam descansados que o pessoal do PSD e outros, dessas mesmas negociatas, tambem terão participação, até para dar a necessaria "cobertura" às operações e para pagar favores passados, "porque nunca se sabe como será o futuro".
Macau foi uma festa, festa de que muitos socialistas (e não só) têm saudades e por isso querem agora repetir, uns porque já estão menos ricos, outros porque apesar de estarem mais ricos se sentem já pobres ao pé dos bilionarios dos tempos actuais e há ainda os que apenas "perderam aquela onda" e por isso sonham com a proxima..
O mais grave é que desta vez a nova orgia teria de ser paga por todos nós, porque já não existem as patacas de então, geradas na enorme riqueza desse sempre misterioso Extremo-Oriente, que tornaram possíveis todas as operações, legais e ilegais, com dinheiro mais ou menos lavado, que permitiram as fortunas de então.
Eu até votaria na Catarina Martins se julgasse que isso acabaria com a corrupção em Portugal, mas depois do caso Robles é dificil acreditar nessa possibilidade. É verdade que o BE em seguida veio corrigir a mão, mas a primeira reacção foi de defesa encarniçada do sr Robles, por parte do conego Louçã, de Catarina e do resto da trupe, e isso apenas porque viram o erro politico em que estavam envolvidos, não por qualquer razão moral. Pelo que desse lado teríamos tambem apenas mais do mesmo.
É facil ser campeão anti-corrupção quando se está fora do poder, mas isso conta pouco, veja-se o caso do PT no Brasil. Só o exercicio do poder é o verdadeiro teste à honestidade dos homens e dos partidos.
Se olharmos para historia de todos os revolucionarios que chegaram ao poder, temos apenas um exemplo de enorme honestidade, Mujica, o presidente do Uruguai que toda a vida viveu na sua "Barraca Presidencial". Tudo o resto é mentira.
É por tudo isso que eu continuo a pensar que o país precisa de um Governo do Centrão, em que PS e PSD sejam obrigados a fazer as grandes reformas que nunca foram feitas e sem as quais não existe maneira de resolver os nossos problemas, inclusive o da corrupção. (Vá lá! Dois anos chegam!)
Sem essas reformas a radicalização, à esquerda e à direita, ou mesmo o caos, serão o nosso destino a prazo mais ou menos breve.
Só quem não tem olfacto não sente o cheiro da radicalização crescente no país.
Se o pior vier a acontecer, PS e PSD serão os grandes responsaveis por isso. Agora, eles não só têm a oportunidade, como têm a obrigação de afastar os perigos que de forma crescente se levantam ao nosso futuro..
Mais pomposamente, poderia dizer "a historia não lhes perdoará". Nem a nós

segunda-feira, 16 de setembro de 2019


THE BRITISH WAY

Entre a solenidade de trajes e rituais, de há seculos atrás, e a aparente loucura dos politicos actuais. o Reino Unido lá vai andando num processo dificil de entender pelo lado de cá do Continente.
O olhar dos continentais para o outro lado da Mancha, é sempre de espanto, que se divide entre os para quem o espanto envolve algum tipo de fascinio e os outros, para os quais os espanto suscita sobretudo alguma falta de paciencia e até algum tipo de desprezo.
Tudo é diferente em terras de Sua Magestade, tudo é possível na grande produção, em cena há varios seculos, aberta ao publico 24 horas por dia, 365 dias por ano, sem feriados, nem outras interrupções.. A culpa de toda esta paixão pelo teatral deve vir de Shakespear..
Eu pertenço ao grupo dos continentais fascinados pelo British, melhor, duplamente fascinado. Fascinado pelo lado "posh", dos palacios e relvados sem fim (garantidamente inuteis, sem bandeirinhas de golf, apenas com alguns veados que desfilam aleatoriamente), dos automoveis (que hoje já só parecem ingleses e são alemães e indianos); dos Clubes tradicionais, do "tweed", etc
Mas o meu fascinio maior é sobre como esta sociedade tão contraditoria tem conseguido sobreviver, continuando sempre a ser capaz de conciliar o que há de mais tradicional com o que acontece de mais moderno, digerindo todas as rupturas, e acabando assim por ser a mãe de toda a cultura Pop europeia.
Tenho algumas "teorias" sobre tudo isto que vou tentar alinhar em textos, sobretudo para arrumar as minhas ideias, assim, quando tiver tempo, vou tentar desenvolver os pontos seguintes:
-O RU, o fim do Imperio e a Europa
-A sociedade britanica, as suas contradições, os novos desafios
-O teatral e a Royal Soap
-Os erros de Bruxelas
-Da necessidade do Brexit
-E os Pubs?

quinta-feira, 12 de setembro de 2019



SALAZAR ANTIFASCISTA

Tanto à direita como à esquerda, parte do pensamento nacional fica totalmente toldado quando se trata de Salazar, é estranho e perigoso que isso continue a acontecer passados quase 50 anos da sua morte.
Estranho porque seria mais do que tempo de se verem analises objectivas sobre o que tornou Salazar possivel, sobre o que ele efectivamente foi e tambem sobre o que poderia ter sido diferente no país daqueles tempos.
Esta incapacidade é especialmente perigosa para a parte da direita que não se consegue libertar de um Salazar mais ou menos imaginario , mas tambem o é para a esquerda, que agarrada aos seus chavões não consegue a independencia de analise necessaria para compreender o país real e a sua historia.
Dizer que Salazar foi fascista não é cientificamente correcto e a esquerda sabe-o, mas continua a fazer de conta que não. Houve tempos em que essa acusação tinha justificação como instrumento politico na sua luta contra o regime, mas aquele argumento deixou de existir há muito, hoje aquela acusação é apenas um tique sem sentido e perigoso.
Seria bom para o país e para a esquerda, que ela tivesse a clareza de lhe chamar apenas aquilo que ele foi, Salazar o Ditador. É objectivamente verdadeiro, indiscutivel e base para se começar a pensar.
Goste-se ou não, Salazar foi de facto o homem que inviabilizou o fascismo em Portugal, sem ele o movimento fascista teria tido grande possibilidade de ter sido implantado no país e se assim tivesse acontecido, não só teríamos tido a experiencia de viver num regime totalitaro (e não apenas numa ditadura), como ainda teriamos sido arrastados para a 2ª Guerra Mundial como aliados activos das potencias do Eixo, isto para não falar do provavel arrastamento de Espanha, com todas as enormes possiveis consequencias que tal teria gerado para Portugal e para toda a Europa.
Sim, foi Salazar, com todos os seus defeitos e qualidades, que nos afastou do fascismo e da guerra.
Foi o seu profundo conservadorismo, a sua descrença em todo e qualquer grande sonho revolucionario, viesse de onde viesse, foi a sua aversão "ao moderno", ao não experimentado, que o levou a concentrar toda a sua enorme habilidade politica, numa estrategia em que, apoiado na Igreja e no Exercito foi paulatinamente afastando ou limitando todos os proto-fascistas que poderiam ameaçar o seu regime.
O caminho que Salazar escolheu nem sequer era o mais facil, embarcar na radicalização à direita, que campeava pela Europa daqueles tempos, teria sido bem mais comodo para ele, mas isso era impossivel para o "provinciano", profundamente catolico, que contava os tostões e sonhava com uma sociedade rural de um mundo que já então estava em extinção..
Poder-se-á dizer que sendo esta tese verdadeira, teríamos tido a vantagem de a ditadura ter terminado em 1945, ou seja, trinta anos mais cedo. Nesse caso pôr-se-ia a questão de saber que preço teríamos pago, nós e a Europa, por esses 15 anos de fascismo e guerra.
Sem Salazar, depois dos 20 anos de "desordem republicana", naquela época dificilmente o país teria resistido ao fascínio fascista, no entanto, na sua obsessão anti-Salazar a esquerda continua a fazer tudo para vir a conseguir o que nem Hitler, nem Mussolini, nem os fascistas nacionais conseguiram, ou seja, transformar Salazar e um hipotetico e inofensivo museu, num simbolo e num lugar de culto dos neo-fascistas nacionais.
O que no meio disto tudo é grave e perigoso é oferecer de bandeja Salazar aos neo-fascistas portugueses, tanto mais quanto, ainda há não muitos anos, ele foi escolhido como um dos maiores portugueses de sempre.
Se a esquerda tiver dois neuronios que sejam, será a primeira a dizer que Salazar, apesar de todos os seus defeitos, nunca foi fascista.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019


O PCP E A MORTE DE RUBEN DE CARVALHO

Vivêssemos nós em tempos Estalinistas e ninguém teria dúvidas de que Ruben de Carvalho teria sido eliminado pelos seus. Os objectivos sagrados da revolução não poderiam nunca ser comprometidos por desvios pequeno-burgueses, custasse o que custasse.
Claro que ninguém acredita que neste século XXI o PCP tivesse esse tipo de comportamento, no entanto existem alguns factos que parecem indicar que a partida de RC terá sido um alívio para uma ala mais ortodoxa do partido.
Para aquela ala não devia ser muito cómodo que o membro mais antigo e prestigiado do seu Comité Central, tivesse um humor demasiado burguês, chegando até ao ponto de ser capaz de rir sobre temas para eles sagrados.
Para além de tudo isso, RC era apaixonado por musica e cinema americanos, facto esse que se orgulhava de transmitir, e para mais cultivava relacionamentos de amizade com pessoas de todo o espectro político, tendo mesmo chegado ao ponto de partilhar um programa de radio com Jaime Nogueira Pinto.
Tudo isso leva a crer que ele seria visto por aquela ala, como um perigoso exemplo de flexibilidade comportamental, com risco de vir a perturbar o correcto entendimento do que é a dedicação à causa revolucionaria, por parte das gerações mais novas.
O PCP justifica o facto de não ter havido homenagem especial a RC na festa do Avante, porque na óptica do partido deve ser o trabalho de equipe que deve ser ressaltado e não as personalidades individuais que nele participaram.
Pode ser que assim seja, mas do exterior parece-nos apenas que na verdade o PCP mudou muito menos do que se chegou a supor.

segunda-feira, 9 de setembro de 2019



O BREXIT E AS CULPAS DOS NÃO-POPULISTAS


É tempo de deixarmos de culpar os populistas por todos os problemas das nossas sociedades, eles apenas exploram os desequilíbrios sociais originados por erros políticos que outros foram acumulando ao longo do tempo.
O Brexit é em si mesmo mais um fenómeno "populista", e fenómenos desse tipo continuarão a acontecer um pouco por todo o lado, não tanto por causa dos populistas mas sim pela incompetência dos não-populistas.
Na verdade quem gera o populismo são os políticos, em teoria bem comportados, à esquerda a e à direita, que como que cegos não conseguem compreender os fenómenos sociais que se passam à sua volta e que vão criando rupturas explosivas no equilíbrio social
Face àquele autismo dos políticos "sérios", a vida dos populistas fica fácil, basta identificar os pontos mais sensíveis do eleitorado mais significativo, depois encontrar o culpado mais conveniente para as frustrações e medos dessas populações e de seguida desencadear as campanhas necessárias utilizando todo o potencial das redes sociais.
Foi assim com o Brexit, quando os governantes não compreenderam o grau de fragilização do eleitorado das classes baixas do RU, classes essas que foram as classes que em toda a Europa viram piorar mais, e de forma continuada, a sua qualidade de vida ao longo das ultimas décadas.
Os britânicos estão de há muito habituados a grandes desigualdades sociais e a sociedade foi conseguindo conviver bem com isso, o que foi, e é, mais difícil, é suportar a tal enorme e prolongada perda da qualidade de vida sem que existisse uma justificação clara para tal, como seria no caso de uma guerra ou catástrofe.
É preciso relembrar que a seguir a 1945 o Labour fez uma enorme "revolução" social no Reino Unido, criando o melhor sistema público de saúde do mundo, dando um enorme impulso na habitação social, no emprego e nos salários assim como em toda a proteção social. O Labour e os sindicatos terão ido demasiado longe nesse processo, o que levou à paralisia da economia inglesa e depois a Tatcher.
Desde então a pioria progressiva da qualidade de vida das classes baixas tem-se mantido uma constante, o que foi ainda agravado pelo aumento da insegurança, da criminalidade, das drogas e da imigração, esta com a agravante dos choques culturais que foi arrastando.
É evidente que estas classes baixas (classe baixa, mais a media-baixa) eram e são o "ventre mole" desta sociedade e assim o alvo óbvio para qualquer estrategia que queira atacar a estrutura existente, assim como também era claro que neste contexto o culpado ideal para toda a desgraça sofrida era fácil de designar, a União Europeia foi obviamente escolhida , embora ela pouco ou nada tenha a ver com o assunto.
Se no RU tudo foi claro e simples como água, nos USA tudo foi semelhante, o "sonho americano" tinha sido por muito tempo o sustentáculo do equilíbrio social americano, era ele que dava força às classes baixas para ir lutando numa sociedade fortemente desigual e com baixíssima proteção social, porque então se acreditava que tudo era possível para todos, que haveria sempre a possibilidade de "dar a volta por cima"..
Quando, algures pelo caminho, o sonho americano se foi perdendo, em grande parte como consequência da globalização e da crescente imigração, restou o vazio e uma enorme frustração social..Estava assim aberto o espaço ideal para desenvolver qualquer forma de populismo, os responsáveis eram fáceis de identificar, eles eram os democratas liberais e os imigrantes. E assim foi a vez de Trump, para espanto dos desatentos.
É sempre assim, o "populismo" é e será sempre a resposta mais fácil aos erros dos políticos "sérios", que á esquerda e à direita continuam a fomentar o proprio populismo.
São a corrupção e o compadrio, mas talvez até sobretudo a arrogância e o autismo, que parece empurrar os políticos "sérios" para o desastre, oferecendo de mão beijada o poder aos populistas.
Por vezes isso acontece de forma rápida em virtude dos erros de um líder, outras vezes por via mais lenta por erros sucessivos acumulados ao longo do tempo, por um partido ou uma área política.
Foi assim com os governos trabalhistas e conservadores dos últimos anos, foi assim com a esquerda liberal americana, foi assim com o PT/Lula, até foi assim com Merkel (desastre ainda apenas parcial), e muitos outros. Outros estão a caminho.
À esquerda vê-se o abandono das causas sociais em favor da defesa das causas fracturantes e da prioridade dada a todo o tipo de minorias, mesmo que em prejuízo dos nacionais mais desfavorecidos.
À direita o egoísmo e a falta de visão política não permitem ver muito para além do próprio umbigo.
Por tudo isso os populistas agradecem.