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terça-feira, 29 de março de 2011

GUEVARA E O EXPRESSO - III

Agora que estou de partida tenho de acabar este meu folhetim Expresso-Guevara.

Assim dizia a Veja de 3 de Outubro de 2007:
"Há quarenta anos morria o homem e nascia a farsa".
"Não disparem. Sou Che. Valho mais vivo do que morto" Essa frase nunca mais foi lembrada porque não combina com a aura mitológica criada à volta da figura. No dia seguinte ele foi executado por ordem do exercito boliviano, duma forma bastante menos sumária do que aquela a que a sua pratica habituara. A CIA parecia estar dividida sobre o assunto pois havia quem defendesse a possibilidade da sua utilização contra os antigos companheiros.

"El chancho" (o porco), como era tratado pelos seus companheiros porque não gostava de tomar banho e cheirava a "rim fervido", foi tema de várias biografias e numerosos textos, endeusado nuns, feito demónio noutros. A referida edição da Veja de 2007, quando dos 40 anos da sua morte, apresenta um bom resumo de vários aspectos daquela trajectória e, apesar de a revista ter sido sempre contraria ao Che, tem uma tradição de objectividade que é garantia de autenticidade das suas fontes.

Não conheço a biografia que o Expresso vai publicar, no mínimo espera-seque seja uma biografia isenta e inteligente sobre o "mito Guevara", mas mesmo que assim seja o mal já estará feito.

A maior parte das pessoas não irá ler biografia nenhuma, mas mais uma vez terá ficado com a ideia simples de Guevara entre os grandes vultos da humanidade, até sancionada por um jornal independente, do centro político.

Nada tenho contra que se editem biografias de Guevara, mas sim contra que isso se faça no contexto de oito biografias incontornáveis do sec XX, em que a maior parte delas são de facto biografias de grandes e indiscutíveis personalidades. Isso é intelectualmente baixo e um des-serviço público, feito por um jornal que é da nossa melhor imprensa.
AFINAL ESTÁ TUDO BEM

O primeiro ministro demitiu-se faz amanhã uma semana e já na quinta-feira se vai reunir o Conselho de Estado! Como se vê um processo acelerado, como convém à urgência do assunto.

O Presidente ainda não falou ao país, parece que não quer incomodar. Sócrates e amigos continuam ao ataque como sempre. Passos depois de uma boa entrevista televisiva, embrulha-se em dispensáveis considerações avulsas.

Ouve-se já o tinir das espadas, ou talvez melhor, das marretas reforçadas, e o ar começa a ficar carregado daquela excitação que antecede as grandes batalhas, acabem elas como acabar.

O risco de que tudo acabe na mesma é enorme, só que se assim for será muito pior do que a situação actual, porque não haverá então uma única figura com um mínimo de credibilidade.
Talvez o Verão e a praia nos salvem.

sábado, 26 de março de 2011

GUEVARA E O EXPRESSO - II

Voltando agora à estranha decisão do Expresso de incluir a biografia de Guevara entre oito biografias incontornáveis do sec. XX.

A primeira parte do mistério à volta do Che é tentar compreender como é que um jovem médico, asmático e tímido, se transformou num guerrilheiro, fanático, autoritário, cruel e sempre pronto para execuções sumárias. A segunda parte do mistério é compreender como a nossa sociedade de consumo transformou este ser abjecto num ícone da liberdade. É esta segunda parte que julgo importante neste contexto.

A partir da celebre fotografia de Korda de 1960, vieram as bandeiras da esquerda, os posters dos quartos das teen-agers, e depois um sem fim de utilizações, desde a barriga de Mike Tyson, ao braço de Maradona, passando pelo biquíni de Gisele Bundchen, ou até a homenagens como a que o Expresso agora lhe presta. Tudo a reforçar uma "ideia" cuja história real ninguém quer conhecer, ou quando muito conhecer apenas na sua versão cor de rosa.

A verdade é que o Che que o mundo julga que conhece nunca existiu, o que existiu foi a necessidade de um Che, de um revolucionário idealista disposto a morrer pelos pobres e pela liberdade. Era necessária uma versão actualizada de Robin Hood, como Lenine, Estaline e outros, não eram "vendáveis" para o efeito, a solução aparece com a fotografia de Korda, o revolucionário bonito e de olhar romântico. Estava feito! A sociedade de consumo comprou, como compra tudo o que seja de marketing fácil.

Dir-me-ão que o caso de Guevara não é diferente de muitos outros falsos heróis que recheiam a história da humanidade, talvez, mas a maior parte desses vultos da história com percursos por vezes também macabros, foram normalmente peças essenciais de grandes, embora dolorosas, transformações. Não foi assim com Guevara, a revolução cubana teria acontecido com ou sem ele, tudo leva a crer que teria até decorrido melhor sem o Che, porque ele, além de mau comandante militar, foi um administrador totalmente incompetente, que Fidel teve mesmo de acabar por afastar apesar de sempre o ter protegido.

Ainda há dias a imprensa portuguesa entrou em transe porque Jerónimo de Sousa defendeu Estaline como herói da II Guerra, e no entanto é verdade, dificilmente a Inglaterra e os EUA teriam parado Hitler sem Estaline, sem ele e sem o alto preço que os povos da então União Soviética pagaram. Fora de duvida que lhe devemos essa.

Os crimes de Estaline foram imensamente maiores em termos quantitativos do que os de Guevara, milhares de vezes maiores, mas tiveram a atenuante de terem sido praticados institucionalmente no âmbito de um estado totalitário paranóico, que tentava uma revolução difícil num quadro adverso e com inimigos internos tão paranoicos como ele. Não foi assim com Guevara, o único paranóico era ele próprio.

O que me arrepia em toda esta história é que estou convicto que se em 2002, Guevara fosse vivo e estivesse presente quando Ingrid Betancourt foi presa pelas FARC, perante as dúvidas sobre o que fazer com a prisioneira, Guevara chegar-se-ia à frente, como fez tantas outras vezes, puxaria do revolver e executaria Betancourt. Tudo a bem do reforço da sua imagem de guerrilheiro sem sentimentos nem contemplações, apenas obcecado pelas imperiosas necessidades da Revolução.

Talvez Guevara até escrevesse de novo no seu diário, como após uma outra execução: "Acabei com o problema dando-lhe um tiro com uma pistola calibre 32 no lado direito do cranio, com o orificio de saída no lobo temporal direito. Ele arquejou um pouco e estava morto. Seus bens agora me pertencem"
(cont.)
O BRASIL ANEXA PORTUGAL?

Esta é a proposta da coluna Lex do FT de hoje.

Dada a dificuldade da Europa em lidar com a crise portuguesa, sugere que o Brasil, que tem uma alta taxa de crescimento, acesso a crédito barato, uma população vinte vezes a portuguesa, e um PIB dez vezes o nosso, anexe Portugal e trate do problema.

E termina "that sounds like a better home than the tired old EU".

O habitual humor britânico, mas quem quiser levar a sério, é aproveitar a visita de Dilma já esta semana, para preparar a nossa integração como vigésimo sétimo Estado da República Federativa.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O PSD E AS SONDAGENS

Se fosse hoje o PSD teria a maioria absoluta, sem sequer precisar do CDS, seria de facto assim? Nunca ninguém o saberá.

E dentro de dois meses, como serão as coisas? O PSD tem demonstrado uma capacidade sem fim de destruir património nos momentos mais cruciais, será que vai ser assim mais uma vez? Por sua vez o PS de Sócrates é bom em recuperações impossíveis, o que torna tudo ainda mais difícil.

Tudo pode acontecer em Junho, se se for por aí.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A VISITA DE DILMA

Esta é um mea-culpa, afinal Cavaco (e Amado) sempre conseguiu que Dilma viesse rapidamente a Portugal. No final deste mês, o primeiro país europeu - nada mau.
E AGORA PRESIDENTE?

Depois de óbviamente aceitar a demissão de Sócrates, simplesmente marcar eleições para Junho ou chamar os três partidos do poder e dar-lhes quatro dias para encontrar uma solução governativa consensual para vigorar até final do ano?
Agora vamos ver se temos Presidente.

terça-feira, 22 de março de 2011

GUEVARA E O EXPRESSO - I

Como é que um jornal como o Expresso faz uma edição de oito biografias "incontornáveis" do sec XX e entre elas põe a de Che Guevara? É só ignorancia, ou jogada político-comercial? Apenas porque o Che vende tanto poster como a Coca-Cola, ou o Ronaldo?
Mas um jornal como o Expresso pode entrar nesse jogo? Mesmo o Waltinho Moreira Salles, bilionário e cineasta, quando fez "Diários de Motocicleta", para acalmar os seus complexos de culpa de burguês bem nascido, teve o cuidado de se debruçar apenas sobre a época pré-revolucionária de Guevara.

É discutível se John Kennedy pode ombrear com Freud, Einstein, Mandela ou Gandhi, mas Guevara não é nem discutível. Caso fosse uma galeria de criminosos do século aí seria diferente, embora de dimensão moderada em relação a muitos outros, teria a vantagem de ser o criminoso charmeur, tanto mais que assassinado ainda novo, e aquele que conseguiu quase sempre sair como o bom mocinho da história, graças aos intelectuais de salão da cultura francesa de esquerda, e a interesses diversos do KGB á CIA, passando pelos comerciais.

Kennedy nã terá sido um vulto da envergadura dos outros, mas teve o grande merito de ter sido o presidente que iniciou a resolução do problema da segregação racial nos Estados Unidos. O presidente upper-class, tambem charmeur, com uma família bonita, que quase encarnou uma "casa real" americana. O presidente que Balsemão gostaria de ter sido, mesmo que apenas da pequena, pobre e decadente Lusitânia (de preferencia com a Marylin incluída no pacote, e sem o respectivo assassinato), sonho que aliás o aborto constitucional que é o estatuto da reeleição inviabilizou totalmente. Vá lá... essa do Kennedy ainda se pode compreender, tanto mais que vende bem, mas o Che!!!

(cont.)
A EUROPA EM TRANSE

Todos zangados com Merkel porque a Alemanha na votação da ONU se absteve em relação à operação Líbia (tal como o Brasil, também candidato a um assento permanente no Conselho de Segurança), agora é Cameron que não sabe o que fazer, ele que achava que ia ter as suas Malvinas apenas tenta controlar um Sarkozy com freio nos dentes, que por sua vez é acossado por uma senhora Le Pen que quase o iguala nas votações, Berlusconi já assustado, ameaça proibir a utilização das bases italianas se os outros meninos não se entenderem na brincadeira, e por aí vai...

Como sempre os americanos vão ter de assumir o controle para que tudo não acabe numa desgraça, mas a culpa é deles que nos idos de 50, no Suez, fizeram o ultimato a franceses e ingleses, que não tiveram outro remédio que não fosse retirar rápida e humilhantemente, trauma do qual nunca recuperaram.

Enquanto isto a Irlanda ameaça com o default, o partido dos "Verdadeiros Finlandeses" (anti-europeu) aproxima-se do poder, e Sócrates vai a Bruxelas explicar que o compromisso afinal era a apenas a manifestação pessoal de uma intenção.

Enquanto isto a Turquia parece ser o único país da zona que sabe qual o seu papel, e aguarda o tempo que inexoravelmente virá, em que voltará a ser grande potencia no charco mais promiscuo do mundo, que é o Mediterrâneo.
QUESTÕES SOCIALISTAS

Porque será que, apesar de Amado já varias vezes se ter posto em bicos dos pés, ninguém lhe liga nenhuma? Isto apesar de ser o único membro do governo com perfil de homem de Estado. Será por causa do tamanho? mas Vitorino é mais pequeno e tem numerosa claque.

Porque é que Sócrates desencadeou a presente crise com tanta antecedência em relação ao congresso do partido? Não corre o risco de perder o controle da máquina? Ou será que o buraco descoberto pelos homens do BCE era tão grande que o não deixaram sair do Conselho sem um compromisso?

segunda-feira, 21 de março de 2011

OBAMA, DILMA E A NOVA DIPLOMACIA BRASILEIRA

Obama começou a sua visita à América Latina pelo Brasil, dando ao país um estatuto especial de "potencia amiga", só depois, em Santiago, ele se vai dirigir então ao mundo castelhano das Américas.

Apesar de não ter obtido resultados práticos, a visita consagrou Dilma como uma das grandes do mundo, e veio assim validar a correcção de rota que ela fez em relação aos disparates diplomáticos da equipe de Lula.

A primeira visita de Dilma ao exterior será à China, importante sinal das mudanças no mundo em que vivemos. Longe vão os tempos em que a primeira visita internacional de um Presidente brasileiro era a Portugal, agora resta apenas tentar que quando ela vier à península Ibérica comece por Lisboa, sinais do tempo...

domingo, 20 de março de 2011

A LÍBIA E O CINISMO OCIDENTAL

Kadhafi é um louco perigoso, já fez muito mal ao mundo enquanto teve espaço para navegar entre os grandes poderes mundiais, e depois, continuou com a sua arrogância cabotina e ridícula, comprando as venais amizades dos seus antigos inimigos.

Agora Kadhafi vai cair, mas não por ser um assassino ou por neste momento comportar riscos especialmente importantes, ele vai acabar porque está fraco, e o Ocidente que sempre o odiou (com toda a razâo) pode enfim deixar cair a mascara, e atacar o seu ex-parceiro de negócios diversos.

Ao contrario da União Soviética e agora da China, que sempre apoiaram de forma sistemática e incondicional todos os amigos que suportassem os seus interesses, os países ocidentais, enredados no seu discurso das liberdades acabam por ter grandes hesitações sempre que têm de fazer o contrario do que apregoam, o que acontece inúmeras vezes, quando os seus interesses não coincidem com o referido discurso. Por tudo isso o Ocidente apesar de ser um parceiro poderoso e rico, é pouco confiável e imprevisivel.(1)

Kadhafi não vai cair por ser um perigo, os alegados massacres parecem ter existido tanto quanto o arsenal de destruição em massa de Saddam, e também não seria isso a preocupar o Ocidente, como outros massacres agora em curso o não preocupam. Kadhafi vai morrer porque perdeu o poder, porque Cameron é um jovem político ambicioso, porque Sarkozy é uma velha raposa perseguida, e porque relutantemente Obama acabou por alinhar em mais esta aventura.

A primeira parte vai ser fácil, um passeio mais ou menos acidentado até tomar conta de Tripoli. O difícil vai ser depois, gerir umas quantas tribos mais ou menos incontroláveis, e a partir daí construir um estado moderno, e com base nele, na Tunisia e outros países, criar um novo Norte de África que seja uma barreira efectiva à pressão demográfica sobre a Europa. Essa será a parte difícil, que eles não vão fazer, e provavelmente vão até agravar a situação já existente.

Quando tanto se fala de dívidas inter-geracionais, essa é a verdadeira dívida por saldar que vamos deixar às novas gerações. Quando chegar a hora da verdade serão elas que terão de explicar aos novos poderes mundiais o papel do "homem branco" e das suas contradições, mas pior, tal como Kadhafi agora, elas então já não terão qualquer poder, e como sempre a versão final será a dos vencedores.



(1)- A este propósito não resisto a recordar Ceausescu, terá sido por acaso que o único líder do antigo bloco de leste que foi fuzilado tenha sido o único amigo do Ocidente?

sábado, 19 de março de 2011

PASSOS COELHO E O DISCURSO DO REI

Num momento em que o país precisaria de um líder da oposição que o galvanizasse, Passos Coelho propõe-se simplesmente a adormecê-lo.

Ao contrario do rei, ele não será gago mas arranjou uma maneira de falar que não sei se não é pior. Ao menos a gaguez transmite ansiedade ao ouvinte que fica atentamente paralisado a tentar compreender, enquanto que com o sistema de Passos o ouvinte apenas adormece porque fica impossível relacionar qualquer palavra com a anterior, que terá sido pronunciada alguns minutos antes, e obviamente já esquecida até pelo mais interessado dos ouvintes.

Não foi certamente assim que Passos conquistou e liderou a JSD. Esta aparente tentativa de transmitir segurança e dignidade, por via de um discurso monótono e impossível de ouvir, não leva a lado nenhum. Esta é uma receita que pode ser utilizada muito pontualmente em ambientes e ocasiões excepcionais, mas nunca de forma sistemática, desde as pequenas entrevistas às dissertações nas universidades.

sexta-feira, 18 de março de 2011

PSD ENCURRALADO PELO PS

Com ou sem ajuda do PR não vai ser fácil ao PSD sair desta, é muito erro! São anos seguidos de disparates sucessivos!

Neste blog a 23 de Maio do ano passado escrevi "Derrubar o governo", era o momento certo para ter levado o PS a substituir Sócrates (que aliás estava morto por o fazer). Foi a oportunidade perdida para o PSD controlar o calendário político.

Pobre país, perdido entre um governo que congela as pensões abaixo de 250 euros, enquanto simultaneamente baixa o IVA sobre o golf, e uma oposição que se comporta como uma barata tonta acossada.

segunda-feira, 14 de março de 2011

A VITIMIZAÇÃO DA GERAÇÃO DEOLINDA

Antes de expor os meus argumentos contra uma visão que se instalou e que parece querer vitimizar esta geração, quero esclarecer que não pertenço ao grupo dos que tem como certo que houve uma degradação geral do ensino, arrastada pela massificação, e que os licenciados de hoje são praticamente analfabetos funcionais. Antes pelo contrário, acredito na melhoria conseguida na qualidade média de todo este sector aos diversos níveis, e acredito sinceramente que os licenciados de hoje têm mais bagagem que os do passado, sobretudo os da minha geração saídos da caótica Universidade dos anos 60.

Já agora um aparte, o que eu não acredito é que ao actual governo possam ser atribuídos méritos especiais nestes resultados, estas coisas nunca são resultados de políticas de curto prazo. Na verdade a nossa revolução na Educação começa com Marcelo Caetano e Veiga Simão, depois foi fortemente reforçada com o 25 de Abril, e a partir daí, com erros e acertos pelo meio, todos os governos têm continuado de forma razoável este projecto.

Voltando à geração Deolinda, que acredito uma das melhores formadas que o país já teve, o que eu quero afirmar é que não posso aceitar a vitimização desta geração, como sendo uma geração sacrificada pelos erros das precedentes. Que esta geração se achasse vitimizada seria normal, faz parte do processo usual entre gerações, outras houve que foram muito mais longe com o seu ódio a tudo que os pais tinham construído, como foi o caso da geração de 60 que prometeu mudar o mundo e livrá-lo de todos os males que os seus pais lhe tinham trazido, tudo isso com as consequencias que conhecemos.

Todas as gerações se consideraram vítimas das anteriores, isso nada tem de novo, a novidade é que agora é a geração dos pais que se junta à vitimização da dos filhos, num processo que não só é ridículo, como não tem bases sérias e sobretudo é perigoso, porque ao fomentar a vitimização pode estar agravar a doença, em vez de estimular as melhores formas para sair dela.

A vitimização não tem sentido nem no tempo nem no espaço, quero dizer fazendo comparações históricas, ou com outros países. Claro que se podem sempre descobrir situações melhores, mas elas estão longe de ser a regra.

Começando a "análise histórica" pelas situações mais dramáticas, o que diriam as gerações da Europa Central a quem os pais deixaram por diversas vezes apenas países destruídos, fome e miséria? Pense-se apenas no que as diversas gerações do primeiros 50 anos do sec XX na Alemanha e na Rússia receberam como heranças, e pior ainda, quais foram as heranças das novas gerações das minorias perseguidas naqueles países?

Para não ir muito longe, e agora nas comparações espaciais no tempo presente, porque não olhar para os emigrantes de leste, muitos deles com formação superior, alguns com doutoramentos e PHD`s, que hoje em dia em diversos países da Europa Ocidental executam tarefas humildes para sobreviver?

Mas esqueçamos as comparações internacionais, vamos ao nosso país, esta geração é vítima de quê? de ter podido estudar? a maioria dos seus pais e avós não pôde, na idade em que muitos hoje saem das universidades já grande parte dos seus avós tinham mais de dez anos de trabalho, por vezes muito duro. Não, não é disso que se queixam, é da incerteza, mas onde estão essas gerações que tiveram vidas descansadas cheias de certezas? A geração que hoje tem 55 a 70 anos, a única certeza que tinha era de no mínimo 3 anos de tropa, a maior parte dos quais passados na guerra, e apenas depois disso talvez um emprego ou a emigração. O quadro das gerações anteriores não foi melhor com as guerras mundiais, a pobreza nacional e a emigração.

Quais são então essas gerações douradas tão invejadas, as dos 30/55 anos de idade? As geração que chegam ao mercado de trabalho depois do 25 de Abril, já sem guerra e com a adesão à CE? Têm sido de facto gerações com sorte, sem guerra, com emprego, com um mercado que abriu enormes oportunidades, as primeiras gerações que beneficiaram a sério da sociedade de consumo, a geração que não só passou a ter carro cedo, como a ser a geração que em toda a Europa teve carro novo mais cedo!, a geração para quem as viagens de férias ao estrangeiro são normais e indispensáveis, e por aí fora..., mas sobretudo as gerações em que as diferenças sociais se esbateram e as pessoas ficaram mais próximas. Se fosse para dramatizar diria que as primeiras gerações em que entre nós quase ninguém teve fome, nem frio, nem dentes podres, ou a necessidade imperiosa de emigrar para poder sobreviver, nem medo de que uma qualquer guerra lhe entrasse de repente pela porta dentro.

São essas as gerações invejadas? Por mim não tenho inveja, gosto que seja assim. Qual o futuro destas gerações? Como irão acabar? Irá tudo correr bem até ao fim? Não parece, mas ninguém sabe, a única coisa que se sabe é que todas fizeram erros e vão continuar a fazer, é preciso reduzir esses erros ao mínimo para que não existam transferências desmesuradas de encargos inter-geracionais, não vejo que tenhamos em Portugal situações especialmente anómalas que justifiquem esta autocrítica em relação à geração que agora chega ao mercado de trabalho.

Julgo que a explicação é outra, a maior parte destes novos licenciados é filha de pais não licenciados, que construíram dentro de si a imagem de que tudo era sempre fácil para drs. e engs. e que por isso os seus filhos chegando lá teriam a vida resolvida. De facto assim foi por muito tempo em Portugal, como anteriormente tinha sido com o 5º ano do liceu, e mais atrás com o simples saber ler e escrever, mas os tempos mudam e essas coisas acabam. Hoje os cursos são cada vez mais apenas um dos elementos a ter em conta numa selecção para um cargo, elemento esse que já é até menos importante do que a experiência profissional efectiva, e por isso esta nova geração ficará numa posição crescentemente difícil se não entrar no mercado de trabalho rapidamente mesmo que em funções "inferiores" à sua formação.

Falemos claro, com excepção dos cursos muito técnicos, o que a generalidade das universidades ensina é sobretudo a pensar e a saber procurar o que não se sabe, quase ninguém sai da universidade pronto para gerar valor para as organizações, todo o recrutamento representa um investimento (tempo, dinheiro, erros, confusões, etc), investimento esse que por vezes é perdido porque as pessoas ou não são aproveitáveis na função ou se vão embora. Daqui resulta que as organizações se defendem, recrutando os com maior probabilidade de não serem uma desilusão em função da sua experiência profissional e das suas perspectivas, esta realidade inultrapassável agrava-se em tempos de crise.

Grande parte destes jovens licenciados à procura da primeira oportunidade serão na sua grande maioria aproveitáveis nas suas áreas, quero crer, mas todos sabemos que de há muito tempo existem inúmeros licenciados que nunca conseguiram trabalhar como tal, por diversas razões, desde licenciaturas pouco procuradas, desajustamento das oportunidades, ou até meras questões do foro comportamental. A licenciatura garante que o seu titular tem, além de alguns conhecimentos técnicos, uma capacidade intelectual e de trabalho no mínimo de valor razoável, mas nada mais garante: qual a sua capacidade de relacionamento (em trabalho de cooperação, em competição, nas relações de poder)? qual o seu nível de objectividade a avaliar situações? qual seu nível de criatividade? como se comporta sobre stress? etc.

Não quero com isto dizer que não haja a necessidade de tomar medidas, no campo da legislação laboral, do apoio ao emprego, etc. Qual a solução? Não tenho solução, mas certamente não é vitimizando esta geração, e de uma forma ou de outra alimentando o seu desânimo e passividade, que a vamos ajudar. Esta geração teve enormes vantagens relativamente às que a antecederam, está a viver uma situação difícil e só vai sair dela se explorar até ao fim todas as oportunidades possíveis, tanto numa perspectiva individual como colectiva, com toda a humildade e garra que puder, senão o fizer será de facto perdida, poderá então vitimizar-se se quiser, mas dificilmente conseguirá demonstrar a sua tese se tiver o simples bom senso de olhar para a História, ou até apenas para o que se passa por esse mundo fora com as gerações congéneres.

sexta-feira, 11 de março de 2011

BCE DESCOBRE NOVO BURACO NAS CONTAS PÚBLICAS PORTUGUESAS?

O Eurointelligence refere que, segundo o Deutsch Finantial Times, o BCE descobriu um enorme gap nas contas portuguesas que vai conduzir a um aumento da pressão no sentido de mais e mais profundas reformas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

BRASIL - TEMPO DE CAMBIO FIXO?

O governo já avisou que vai adoptar um conjunto de medidas destinadas a controlar a valorização do Real, será que isso vai ser suficiente?

O Brasil é o único BRIC com um sistema de cambio flutuante mais ou menos puro, embora a Índia nos últimos anos também se tenha aproximado do mesmo padrão. Isto põe ao país problemas de difícil solução, em especial no contexto da actual crise mundial e das medidas que países como os USA têm tomado, com os consequentes grandes movimentos internacionais de capitais. Àquelas dificuldades juntam-se as comerciais, dado que a imensa maioria do comercio externo brasileiro se verifica com as duas grandes moedas de reserva internacionais (USD e EURO) e com o "super administrado" YUAN.

O cambio determinado por via da flutuação pura em última análise é o resultado da conjugação de dois factores, por um lado do diferencial entre as taxas de juro internas e as "do resto do mundo", e por outro das expectativas em relação à própria valorização cambial, num processo que rapidamente se torna auto-sustentado e tende a desenvolver-se em espiral até ao seu desenlace final.

Dado que não vai ser possível ao Brasil baixar as taxas de juro, resta-lhe baixar as expectativas relativamente ao potencial de valorização da moeda, tarefa que se afigura extremamente difícil seja qual for o pacote de medidas que esteja a ser preparado, salvo no caso de se verificar nos mercados mundiais um crescimento explosivo da aversão ao risco, o que por si só corrigiria a situação.

O dilema para os países nesta situação é sempre entre arriscar na difícil opção da administração do cambio, ou alternativamente, tentar apenas domesticar o cambio flutuante. Depois dos erros feitos até 1999 na administração do cambio, o governo e Banco Central têm reafirmado a sua fé na flutuação, até a nova Presidenta já o fez claramente.

Será que os erros do passado são razão suficiente para afastar a solução do cambio administrado/fixo? Será que o cambio flutuante é domesticável no actual contexto mundial, e das instituições/legislação/capacidade-competitiva brasileiras?

Se não for encontrada uma solução que funcione, o Brasil corre o risco de que a grande festa que tem vivido acabe em enorme frustração. Mais uma vez, como diversas vezes já aconteceu na história do país.
Lula podia não o saber, mas Dilma sabe. Haja esperança.
CONTRA A REELEIÇÃO PRESIDENCIAL

Agora, passadas as eleições presidenciais e no começo de um novo mandato, é o momento de reflectir sobre o estatuto da reeleição.

A reeleição de Presidentes da República em regimes não presidenciais não só não tem qualquer sentido como tem potenciais inconvenientes importantes.

Não faz sentido porque a base teórica da figura da reeleição é a necessidade de dar a um poder executivo que faça um bom trabalho a possibilidade de ter mais tempo para levar esse trabalho mais longe, ora isto não se aplica a poderes não executivos que não teem propriamente obra e não deixam um trabalho realizado (1).


Poder-se-ia dizer que embora não existam argumentos a favor da reeleição ela acaba por ser uma solução prática, o "homem já é conhecido e tem experiência". Totalmente errado, a solução nada tem de prático porque envolve sempre mais uma eleição e porque a ilusão de se conhecer o "homem" é apenas isso mesmo, uma ilusão, dado que a prática tem demonstrado que o Presidente do primeiro mandato nunca é igual ao do segundo, e o mais grave é que são os dois piores do que poderiam ser se tivessem apenas um mandato.

Para além da falta de vantagens da reeleição, quais são portanto os inconvenientes do sistema? Julgo serem claros os seguintes inconvenientes:

- Conduzir à não apresentação à competição eleitoral dos melhores candidatos possíveis (2)
- Induzir os re-Presidentes a fazerem dois mandatos abaixo do seu potencial efectivo(3)
- Aumentar o risco de eleição de um Presidente desautorizado ou de "3ª classe" (4)

Assim, este sistema que não tem justificação teórica alguma, tem inconvenientes e riscos graves que afectam a qualidade da democracia, por não permitir a escolha dos melhores, por levar os eleitos a fazerem maus mandatos, e ainda por poder conduzir à eleição de um Presidente "desautorizado".

Já que se fala em revisão Constitucional, acho que é o momento de encarar esta questão e acabar com a reeleição, com ou sem alargamento do mandato presidencial. Numa solução mais rebuscada, a possibilidade de reeleição por um mandato poderia manter-se na Constituição a título excepcional, desde que fosse previamente aprovada por uma maioria qualificada da Assembleia, o que obviamente apenas aconteceria em ciscunstancias muito excepcionais.

Vamos agora assistir à quarta re-Presidencia desta República, tomemos atenção ao desenrolar dos acontecimentos. Que os deuses nos protejam.




NOTAS

(1) -É impossível que um Presidente num regime do tipo do nosso se dedique a uma obra e apresente um trabalho de facto importante? Impossível não será, em teoria, mas na prática é muito difícil, quer pelas limitações do cargo - em termos de poderes, conflitos institucionais, orçamento, etc - quer por limitações dos próprios Presidentes. No entanto, (ainda em teoria) talvez fosse possível a um Presidente dedicar-se a um empreendimento, cívico, cultural ou de outro tipo, desde que o fizesse com recursos escassos e sem conflitos com o executivo, o que exigiria no entanto uma disponibilidade e capacidade de trabalho que os Presidentes, em fim de carreira e de vida, não é expectável que tenham.

(2) - O maior inconveniente do estatuto da reeleição é que leva a que os possíveis candidatos com mais potencial nem sequer se apresentem, é como se fosse considerado à partida um jogo de cartas marcadas em que o candidato-presidente tem uma vantagem desproporcional. Este facto reforça ainda mais a vantagem relativa do re-candidato, dada a fraqueza dos opositores que se apresentam, tudo em prejuízo do país que muito provavelmente teria melhores soluções.

(3)- Os dois mandatos são deficientemente exercidos porque o objectivo principal de qualquer Presidente é manobrar em todo o seu primeiro mandato para aumentar a possibilidade de obter o segundo, por isso nada de importante se pode esperar dele, ele vai seguir a sua estratégia pessoal de manutenção de longo prazo. No segundo mandato, "enfim liberto!" ele vai fazer tudo o que lhe passar pela cabeça, de qualquer modo já está em fim de carreira sem mais ambições que não seja tentar ficar na pequena História. Ou seja, no primeiro mandato ele não vai fazer o que podia e devia, sempre que isso implique a possibilidade de qualquer desgaste, no segundo ele será tentado a fazer até o que não devia porque se trata da sua última oportunidade de deixar uma marca.


(4)- Outro grande inconveniente do estatuto da reeleição é o facto de o Presidente poder ser fortemente desgastado durante a campanha para a reeleição. Dir-me-ão que esse risco existe também na primeira campanha e é inerente a todos os processos eleitorais, sejam cargos executivos ou não, no entanto essas situações só aparentemente são semelhantes.
O desgaste eleitoral de um candidato executivo em busca de reeleição não é especialmente importante porque se for vencedor ele vai deter o poder e, por isso, em termos práticos rapidamente recuperará do desgaste sofrido, ao contrario do Presidente sem poder efectivo para quem a imagem é fundamental porque é seu único activo.
Também a situação de um re-candidato presidencial é diferente da de um candidato de primeira água, quando há uma campanha de desgaste sobre um re-candidato, quer se queira quer não, ela afecta directamente o Presidente porque as duas figuras já não separáveis, ao contrario do que acontece com o candidato não Presidente, que mesmo desgastado o é apenas na sua pessoa física e não na sua figura presidencial que não tem. Quando a figura do candidato e do Presidente em exercício se misturam e se apresentam numa eleição, o desgaste de que ele for alvo não acaba com a campanha, mantém-se para além dela porque ele foi realizado já sobre o Presidente e não sobre um candidato qualquer, eleito ou não. Sendo assim, um Presidente reeleito nessas circunstâncias penosas, terá sempre mais dificuldade de ser o tal Presidente de todos os cidadãos.
Não quero com isto insinuar que esta é a situação actual, com as dúvidas que foram levantadas relativamente ao comportamento de Cavaco Silva na gestão de alguns dossiers pessoais, questões que apesar de não serem tão inócuas como o candidato como quis fazer crer, também não são um caso propriamente escandaloso. Mas a sua ocorrência foi importante para chamar a atenção para este potencial ponto negativo do estatuto da reeleição, dado que nada impede que amanhã venhamos a viver uma situação muito mais grave noutra reeleição, o que poderia até conduzir à tal eleição de um candidato de 3ª apenas para fugir ao re-candidato desgastado.

quarta-feira, 9 de março de 2011

OS BANQUEIROS E A CRISE

Enquanto banqueiros e políticos não acertarem uma saída para a crise Europeia, por acordo ou imposição, a instabilidade da zona Euro vai continuar.
O problema começa na Alemanha e depois vem por aí abaixo Europa fora, não existirá solução sem custos, sejam eles mais uma vez socializados ou assumidos pela banca.