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domingo, 28 de fevereiro de 2010

PACHECO PEREIRA, SÓCRATES E SALAZAR

Há muito tempo que ando para escrever sobre a forma brilhante como Sócrates conseguiu destruir totalmente toda a capacidade de PP raciocinar em termos políticos, mas hoje encontrei um antigo "colega" de governo com o qual discorri sobre esta minha teoria, e ele não só concordou (não digo quem) como ainda me disse que isso correspondia ao que se passava com Salazar, que conseguia que os seus grandes inimigos o odiassem tanto que ficavam incapazes de articular qualquer ação bem estruturada contra ele, reduzidos assim, a ódio e raiva desesperados.

Pacheco Pereira não é só o melhor pensador do PSD (o que por si só não seria forçosamente grande coisa), ele é um homem extremamente culto e com uma bagagem política extraordinária, o que lhe deu um lugar de relevo e incontornável no panorama político nacional, lugar esse que Sócrates tem vindo a conseguir delapidar, da maneira mais fácil e cândida possível, pura e simplesmente fazendo-se odiar violentamente por ele, ódio até cegar, ódio que impede qualquer tipo de raciocínio, ódio só aplacável com sangue, passo último que um intelectual não dá (ou será que apenas ainda não deu?).

E o que se passa com PP não é exclusivo dele, o país está cheio de políticos transbordantes de ódio a Sócrates, e assim fazendo o seu jogo, ficando obcecados, vidrados, manietados e totalmente inúteis politicamente. Existe forma mais hábil de dominar os inimigos? parece-me difícil.

Quanto a PP, julgo que ele precisa (e o país também, porque necessita dele a "pensar direito") de um ano sabático, o mais longe possível, proponho mesmo a Nova Zelândia, com proibição total de contacto com Portugal, até mesmo do acesso a qualquer notícia da pátria longínqua, podendo manter as suas crónicas desde que escritas em Inglês e sem qualquer referencia directa ou indirecta a Portugal.

Assim, julgo que ao fim de um ano, a contar ovelhas, teríamos de volta o velho PP, lúcido, a pensar claro e com a sua capacidade de traçar estratégias políticas revigorada, bem longe das asfixias democráticas. (E quem sabe até mais magro).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

LITERATURA NO FEMININO II

Enviei o texto anterior à minha amiga Selma Caetano, de S.Paulo, que claramente não gostou e não concordou, mas teve a amabilidade de o não dizer, ela enviou-me também alguns nomes que eu não citei e que aqui vão como correcção: Cintia Moscovitch, Zulmira Tavares e Verônica Stigger, das três apenas conheço a Cintia, mas com a confiança que tenho no julgamento da Selma estou certo que são apostas seguras.
PRÉMIO PARA GREENSPAN - REAL WORLD ECONOMICS REVIEW
22 February 2010

Greenspan wins Dynamite Prize in Economics

Alan Greenspan has been judged the economist most responsible for causing the Global Financial Crisis. He and 2nd and 3rd place finishers Milton Friedman and Larry Summers, have won the first–and hopefully last—Dynamite Prize in Economics.
In awarding the Prize, Edward Fullbrook, editor of the Real World Economics Review, noted that “They have been judged to be the three economists most responsible for the Global Financial Crisis. More figuratively, they are the three economists most responsible for blowing up the global economy.”
The prize was developed by the Real World Economics Review Blog in response to attempts by economists to evade responsibility for the crisis by calling it an unpredictable, “Black Swan” event. In reality, the public perception that economic theories and policies helped cause the crisis is correct.
The prize winners were determined by a poll in which over 7,500 people voted—most of whom were economists themselves from the 11,000 subscribers to the real-world economics review. Each voter could vote for a maximum of three economists.Fullbrook cautioned that not all economics and economists were bad. “Only ‘neoclassical’ economists caused the GFC. There are other approaches to economics that are more realistic—or at least less delusional—but these have been suppressed in universities and excluded from government policy making.”
“Some of these rebels also did what neoclassical economists falsely claimed was impossible: they foresaw the Global Financial Crisis and warned the public of its approach. In their honour, I now call for nominations for the inaugural Revere Award in Economics, named in honour of Paul Revere and his famous ride. It will be awarded to the 3 economists who saw the GFC coming, and whose work is most likely to prevent another GFC in the future.”
Dynamite Prize Citations
Alan Greenspan (5,061 votes): As Chairman of the Federal Reserve System from 1987 to 2006, Alan Greenspan both led the over expansion of money and credit that created the bubble that burst and aggressively promoted the view that financial markets are naturally efficient and in no need of regulation.
Milton Friedman (3,349): Friedman propagated the delusion, through his misunderstanding of the scientific method, that an economy can be accurately modeled using counterfactual propositions about its nature. This, together with his simplistic model of money, encouraged the development of fantasy-based theories of economics and finance that facilitated the Global Financial Collapse.
Larry Summers (3,023): As US Secretary of the Treasury (formerly an economist at Harvard and the World Bank), Summers worked successfully for the repeal of the Glass-Steagall Act, which since the Great Crash of 1929 had kept deposit banking separate from casino banking. He also helped Greenspan and Wall Street torpedo efforts to regulate derivatives.
In total 18,531 votes were cast. The vote totals for the other finalists were:
Fischer Black and Myron Scholes 2,016
Eugene Fama 1,668
Paul Samuelson 1,291
Robert Lucas 912
Richard Portes 433
Edward Prescott and Finn E. Kydland 403
Assar Lindbeck 375

domingo, 21 de fevereiro de 2010

PORTUGAL/BRASIL - LITERATURA NO FEMININO

A actividade literária foi até há pouco uma actividade essencialmente masculina, até ao séc.XX são muito poucos os vultos literários femininos, e só recentemente as coisas começaram a ficar equilibradas entre os dois sexos.

No entanto esse equilíbrio varia muito de país para país, e se há casos em que o desequilíbrio é facilmente explicável (países muçulmanos, países pobres) outros há em que essa explicação não é tão simples, e para mim, humildemente o digo, o Brasil é um desses casos para que não consigo explicação fácil.

Estou a falar de literatura com L grande, enquanto ao longo do séc XX as literaturas portuguesa e brasileira se foram equivalendo, com vantagens alternadas de um lado e de outro (tema para outro texto), quando pensamos apenas em termos de literatura no feminino as coisas são muito diferentes, e à excepção de Clarisse Lispector, não vejo outras escritoras ou poetas ao nível de uma Espanca ou de uma Agustina, ou mesmo mais recentemente de uma Dulce Cardoso, ou de uma Inês Pedrosa (no romance, que na crónica ela é a maior maçadora do mundo, mas aí a Clara Ferreira Alves é imbatível) ou ainda nas novas esperanças, uma Filipa Martins e até pode ser que a louca da Mónica Marques (carioca) se venha a fazer, e pelo meio temos um conjunto muito grande de boas escritoras, como Hélia Correia, Lídia Jorge, Maria Velho da Costa, etc.

Enquanto que do lado brasileiro o quadro é muito mais limitado, claro que existe uma Lígia Fagundes Telles, claro que temos as outras académicas como Nelida Piñon, Raquel de Queiroz e Zélia Gattai, claro que na nova geração temos Patricia Mello e muitas outras, mas tudo sabe a pouco, ou melhor sabia, porque hoje li "Suite dama da noite" de Manoela Sawitzki e finalmente! uma brasileira da nova geração a escrever a saber a muito!

Este desequilíbrio Portugal/Brasil na literatura feminina, que não corresponde porem a um desinteresse da mulher brasileira pela escrita em si, dado que elas teem um enorme peso nas redacções de todos os meios de comunicação, com grande relevância até em algumas áreas técnicas da economia às finanças (julgo que maior que em Portugal), mas parece apenas derivar de um interesse mais limitado pela escrita criativa.

Esta divagação levou-me a comparar este fenómeno com o que se passa entre os USA e Inglaterra, e curiosamente tenho a mesma sensação, se as literaturas em termos globais se equivalem, já quando falamos de literatura no feminino a vantagem inglesa parece clara, e mais uma vez pergunto, porquê?
INVESTIDORES VERSUS TRADERS (texto em revisão)

Sei que os meus textos sobre o mercado teem causado alguma confusão aos menos habituados a estas lides, em especial com as referencias a subidas e descidas, que não se compreende de onde e para onde.

Para que as coisas fiquem mais claras terei que falar um pouco das intenções e estratégias dos diversos participantes nos mercados assim como dos diferentes "time frames" que eles utilizam.

Os participantes do mercado que geram mais operações são os traders, porque apesar de tomarem posições mais pequenas do que os investidores eles tomam posições muito mais vezes. O trader procura essencialmente acompanhar os movimentos do mercado, comprando quando ele sobe e vendendo quando ele desce, o investidor por sua vez compra com base na avaliação que faz do activo e tende a ficar com ele por longo tempo, independentemente das flutuações do mercado.

Mas há muitos tipos de traders, aqueles que são muitas vezes referidos como especuladores, com toda a carga negativa que neste campo lhes foi atribuída (assunto para outro texto), e os que usam ferramentas de trade não para fazer ganhos mas apenas para proteger posições, fazendo o "hedge" das mesmas, logo aqui se vê que a fronteira entre uns e outros muitas vezes não é assim tão nítida, mas também não é esse o assunto agora, e sim explicar o que pode significar dizer que o mercado está a subir ou a descer.

O trader, portanto, independentemente das suas intenções finais, procura identificar os movimentos do mercado e tirar vantagem desses movimentos, mas a decisão do trader de entrar num mercado "long" (comprando) ou "short" (vendendo) depende muito do time frame em que ele está a observar o mercado.

No mercado temos dois extremos, o do investidor que só pensa em termos de longo prazo e o do "scalper", trader que apenas pensa no curtíssimo prazo, para ganhar uns poucos centavos sobre grandes quantidades de acções ou outros activos, e pelo meio existe um sem número de diferentes tipos de traders (day-traders,swing traders), cada um olhando para os mercados com diferentes perspectivas temporais, isso leva a que seja possível que diferentes traders possam ter simultâneamente posições completamente opostas no mercado e os dois possam estar correctos.

Desta questão dos diferentes horizontes temporais deriva o tipo de gráficos do mercado que cada operador utiliza para basear as suas decisões, o investidor práticamente não olha para gráficos que vão a detalhe maior que o dia (usando muitas vezes apenas os gráficos semanais ou mensais), e o scalper no extremo oposto, por sua vez pode ir a gráficos de "ticks" (chegando ao segundo) ou de poucos minutos no máximo, pelo meio, os referidos swingtraders usam gráficos entre os alguns minutos e algumas horas para basear as suas decisões.

Como será facilmente compreensível, em teoria o trader, que pode ganhar em todos os pequenos e grandes movimentos, sejam eles para baixo ou para cima, ganharia muito mais do que o investidor que só ganha nos grandes movimentos para cima, na realidade as coisas não são assim tão simples, porque o trader ao ter de tomar muitas decisões de entrada e saída, acaba por fazer muitos erros e acumular pequenos prejuízos, prejuízos esses que ele só consegue compensar se apanhar os grandes movimentos.

Mas este texto já vai longo e o objectivo é apenas explicar porque é possível ouvir dois comentadores do mercado com posições opostas quanto ao seu comportamento. Por exemplo, para quem tem apenas a perspectiva de investidor, a recente queda dos mercados não foi mais do que uma pequena e normal correcção, para quem usa ferramentas de trade para especular ou fazer hedge de posições, aquele movimento foi uma correcção importante que não se sabia até onde poderia ir, e por isso exigia que se tomassem medidas, felizmente o perigo desta vez parece ter passado, até à próxima...
MADEIRA - TRÊS LIÇÕES

Como de todas as catástrofes, já que não foi possível evitá-las, o mais importante é tirar delas lições para o futuro, e deste caso para mim ficam três lições, que muito provavelmente vão ser ignoradas como é habitual, mas que seria vital não esquecer por muito tempo.

Não me refiro a três lições para a Madeira, repisando os pormenores habituais, de uma forma mais abrangente refiro-ma a uma lição para a Madeira, outra para a região de Lisboa e outra para o país.

Para a Madeira trata-se da necessidade de repensar a ocupação de solos nas zonas urbanas e periferias críticas, e de encontrar soluções que minimizem ocorrências deste tipo, que os meteorologistas dizem que se vão intensificar nos próximos anos. E tudo isso tem de ser decidido agora no calor dos acontecimentos porque senão nunca o será, ou apenas depois de uma tragédia muito maior do que aquela a que agora assistimos. Eu estava na Madeira quando foram as inundações de 1979, e apesar de ter sido um pequeno fenómeno em relação ao de agora, foi assustador o suficiente.

A 2ª lição é para a região de Lisboa (e não vou falar de sismos), todos os mais velhos se lembram do que foram as inundações dos anos 60(?), com um número dramático de mortos em especial na periferia de Lisboa, pois a verdade é que se o mesmo fenómeno ocorresse de novo entre nós, os resultados seriam ainda muito mais dramáticos, a percentagem de área impermeabilizada aumentou imensamente, a ocupação de antigas linhas de água hoje deve estar perto dos 100%, o número de habitantes em zonas "frágeis" explodiu, etc. e tudo isto num tempo em que os especialista em assuntos do clima dizem que fenómenos extremos vão se tornar mais usuais, ou seja, estamos perto de uma catástrofe anunciada, mais ano menos ano. O que é que se tem feito? o que é que se pretende fazer?

A terceira lição é menos directa e mais política, quer entre nós, quer um pouco por todo o mundo, as situações mais dramáticas sob o ponto de vista mediático são as que teem maior impacto junto do público, no entanto as situações de "morte lenta", são muitas vezes muito mais importantes em termos das suas repercussões sociais e económicas. O que quero dizer com isto? apenas que situações como as da Madeira com largas dezenas de mortos são sem dúvida de um dramatismo absoluto, mas a existência de 500.000 desempregados no país, de milhares de empresas a fecharem as portas, sendo um fenómeno menos dramático em termos mediáticos, não o é menos (ao contrário)em termos sociais e económicos, e esta situação vai certamente originar muito mais mortes, violência, suicídios e rupturas sociais do que a catástrofe madeirense, só que a conta-gotas, o que tem pouco apelo mediático. Desemprego a estes níveis vai originar que muita gente de todas as idades passe a comer de forma não regular, que esses mesmos não vão ter acesso aos medicamentos de que precisariam, que a criminalidade, o alcoolismo e outra dependências irão aumentar, muitas famílias se irão desestruturar por completo, etc. Isto para não entrar pelos custos sociais em cadeia originados pelo mau funcionamento das economias. Todos sabemos que grande parte destas situações não tem solução de curto prazo, mas de qualquer modo não é de certeza com o triste espectáculo diário dos nossos políticos lutando todos entre si por migalhas de um poder imaginário, que as coisas poderão melhorar mais rapidamente. Isto sim, é um espectáculo escandaloso, mas que como não tem o impacto mediático de uma catástrofe, não só dá para levar, como ainda para agravar transformando tudo isto em simples espectáculo que vende
CIMPOR-V

Desde o princípio desta OPA que Benjamim Steinbruck tinha accionado o processo junto do CADE (autoridade brasileira de defesa da concorrencia) para limitar o espaço de manobra do "cartel" brasileiro do cimento junto da Cimpor, finalmente o CADE veio tornar públicas disposições que tornam mais difíceis as actuações da Votorantim e da Camargo na cimenteira portuguesa.

Mas em termos práticos nada mudou para os interesses estratégicos da Cimpor, segunda-feira será conhecido o resultado da OPA de Benjamim, depois disso, no caso de ela não ter tido sucesso (33% + 1 acção), ver-se-á se Benjamim vai ou não comprar acções, no mercado ou por negociação directa.

Mas mesmo depois daqueles passos estarem clarificados, só por isso a situação da Cimpor não o estará, e apesar de Faria de Oliveira já ter manifestado claramente que a Caixa se oporá a qualquer forma de desmembramento da empresa, o risco da paralisia estratégica manter-se-à, até que que finalmente a situação se clarifique relativamente às posições dos accionistas brasileiros.

Tempos ainda turvos.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

CIMPOR - IV

No início era o receio mas também a esperança, agora parece restar apenas o desânimo mais completo.

Era o receio de vermos partir centros de decisão nacionais, mas era também a esperança de um primeiro grande investimento brasileiro fazer uma base em Portugal para actuar a nível mundial, e assim mudar o nosso quadro empresarial, a nossa presença económica global e o nosso, historicamente apenas palavroso, relacionamento com o Brasil.

Tudo parece ter ido por água abaixo, três grandes grupos brasileiros tomam posições na empresa sobretudo para se bloquearem uns aos outros, daqui todos os males podem advir, paralisia, venda de activos, etc.

Será que os nossos problemas de dimensão, agravados pelo individualismo exacerbado de pequenas quintas, e pela visão de curto prazo, levam a que seja impossível Portugal ter uma empresa que seja um player mundial em alguma área?
GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tema quente nos últimos tempos cá por Portugal, alguns anos atrás ainda me passou pela cabeça a ideia de promover no nosso país um Instituto dedicado ao tema, tal como existe em outros países, com base no meu conhecimento da experiência brasileira, graças a deus (a expressão é coloquial, não se refere a nenhum Deus) rapidamente desisti da ideia sabendo das respectivas dificuldades, que o tempo veio agora confirmar com a quase morte do Instituto português.

É um tema tão importante como difícil, é evidente que é necessário proteger melhor os accionistas minoritários, assim como outros "stakeholders", mas por outro lado não se pode também condicionar demasiadamente as empresas e os seus grandes accionistas, sob risco de eles acabarem por arranjar soluções para fugir a essas limitações que muito provavelmente serão piores para todos os envolvidos.

O artigo de Sampaio e Mello no Expresso sobre este assunto indirectamente reconhece aquela dificuldade.

Seria importante que todos os participantes encontrassem uma solução que não deitasse fora todo o trabalho feito.
IRLANDA I

Este texto começa logo numerado porque é certamente um tema a que voltarei muitas vezes.Não tenho nenhuma ligação especial à Irlanda, onde só estive uma vez, por algumas horas, há já muitos anos.

O que me atrai no país, e levou a incluir dois jornais irlandeses na lista da imprensa geral neste blog aqui ao lado, é o facto de ser, tal como nós, um país europeu de pequena dimensão e também ingressado na Comunidade na mesma época, mas que escolheu uma via de desenvolvimento totalmente diferente da nossa. A análise de vantagens e inconvenientes de cada modelo, e dos respectivos resultados até agora, serão alvo de textos futuros.

Hoje apenas uma nota, como podem ver no Independent, uma sondagem de opinião revela que a maioria (62%) da população defende a existência de um governo de "unidade nacional" até ao fim da crise. Ideia exequível? Lá ou cá?
INGOVERNABILIDADE - II

Como já subentendia no texto anterior, acho que está tudo a ficar doido, senão vejamos o que se passa:

- A esquerda radical (PCP e BE), que apesar dos alguns bem intencionados que abriga, continua a ter uma matriz revolucionária, arvora-se agora em defensora ardorosa das liberdades e da democracia burguesa, isto ao mesmo tempo que idolatra o Sr Chavez e a "revolução Bolivarina". Alguém acredita nestas lágrimas de crocodilo? mais uma vez estamos numa estratégia pura e simples de quanto pior melhor, habitual e coerente com os objectivos desta esquerda.

- O PS sente-se um pouco perdido, não consegue sequer passar à população uma mensagem clara sobre toda esta situação, situação que lhe custa tanto mais quanto ele se considera o pai das liberdades, e vai resistindo com dificuldade aos convites do PSD e do Presidente da República (não se pode interpretar de outra maneira a intervenção de Capucho), para substituir o primeiro ministro, porque sabe que isso é suicídio político

- Sócrates, para o bem e para o mal, mantém-se igual a si próprio, arrogante, sempre agressivo, mesmo quando não se vê a mínima necessidade de o ser, mas mantendo a sua capacidade de lutar e de resistir, é sem dúvida um corredor de fundo, poucos não teriam já entregue os pontos há muito tempo

- O PSD, está obcecado pelo poder, julga que finalmente volta a estar perto, depois de por incompetência ter desbaratado a oportunidade das legislativas. Nada garante que tenha razão, e de certeza que a não terá se os seus dirigentes, continuarem a fazer intervenções patéticas como a do candidato a leader em Estrasburgo, com o seu ar de taberneiro espanhol.

- O CDS, tal como a esquerda radical, tem pelo menos uma estratégia coerente, que não é do quanto pior melhor mas a de fazer aumentar o preço para ser o salvador da situação, numa qualquer forma de coligação paga a peso de ouro, em nome da salvação nacional. Mas também aqui enormes problemas se põem, em especial na área económica, onde a intransigencia fiscal do CDS é totalmente irrealista face à situação portuguesa

- O Presidente, que está óbvia e legitimamente ferido com a imbecilidade que o PS demonstrou relativamente ao estatuto dos Açores, e p. da vida com o que se passou com as referencias ao BPN, não tem mostrado qualquer vontade de agir como poder moderador, o que seria de esperar na gravíssima situação que o país vive, limitando-se à sua pose enigmática, enquanto vê o circo pegar fogo, posição essa agravada pelas referidas declarações de Capucho

E tudo isto porquê? Em última análise porque o primeiro ministro, como todos os políticos, é mentiroso, só que ele, como é muito arrogante, não prepara as mentiras com o cuidado devido. E depois tem outro problema, ele não tem o charme de um Clinton, e embora os seus fãs achem que se parece com o George Cloonie, na verdade é um troglodita ao pé do dito cujo.

O grande argumento que é esgrimido pela imprensa e partidos ofendidos, é o atentado ao estado de direito, por favor não sejamos ridículos!!, a tentativa de um governo influenciar, directa ou indirectamente , grupos económicos para que assumam posições na imprensa, não pode ser um atentado ao estado de direito, se assim fosse, todas as democracias do mundo teriam de fechar.

Alguns vêem falar de Watergate!!, mas Watergate é exactamente o inverso, o problema de Nixon não foi tentar influenciar a imprensa, foi sim o de fazer escutas!!, foi esse o atentado às liberdades que os americanos não perdoaram, e não perdoariam mesmo que Nixon viesse argumentar que o conteúdo das ditas escutas era tão grave para os interesses do país que as legitimava, para os americanos elas eram inelegitimáveis!!, só assim se defendem de facto as liberdades individuais.

O que é um atentado ao estado de direito é o nosso sistema judicial/procuradoria que é ineficaz e está totalmente feudalizado, não há democracia que possa resistir a este estado de coisas. Enquanto vivermos nestas condições vai ser sempre possível encontrar um juiz inimputável que pratique toda a sorte de erros, omissões, ou mesmo actos dolosos, e que a oportuna quebra do segredo de justiça (sempre sem consequências também) transformará em fonte inesgotável de material para exploração jornalística. Isto sim, é um atentado ao estado de direito, de consequências que as pessoas agora preferem simplesmente ignorar, mas que pagaremos todos, mais cedo ou mais tarde. Isto vai-se pagar em falta de liberdade e em ineficácia da justiça, o que vai querer dizer menos desenvolvimento económico, mais corrupção, etc.

Mas tudo isto não seria muito grave, se o mundo não estivesse numa crise de proporções gigantescas, e Portugal à beira do abismo,mas parece que ninguém está preocupado, o importante não é resolver os problemas do país, o importante é que cada um desenvolva os seus pequenos jogos de poder, para reforçar um poder ilusório num barco que se afunda.

Já que a vergonha e a capacidade de raciocinar se perderam, ao menos algum decoro, senhores!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

BMF&BOVESPA - ESTADÃO (transcrição)
A BM&FBovespa anuncia hoje o aumento de sua participação no americano CME Group, a maior bolsa do mundo, de 1,8% para 5% do capital. A operação vai custar à empresa brasileira cerca de US$ 1 bilhão (o equivalente a R$ 1,8 bilhão). As duas instituições também vão desenvolver conjuntamente uma plataforma de negociação para todos os mercados em que atuam: ações, derivativos, câmbio, renda fixa, etc.

Em 2008, a BM&FBovespa e o CME firmaram um acordo que previa, entre outros pontos, que investidores de uma bolsa pudessem fazer negócios na outra. Na ocasião, o CME comprou 5% da bolsa brasileira. Com a transação, que será detalhada hoje, as participações de uma instituição na outra passam a ser iguais.

O CME Group é a maior bolsa do mundo, formada a partir da fusão da Chicago Mercantile Exchange (CME) com a Chicago Board of Trade (CBOT) e a New York Mercantile Exchange (Nymex). Mas, diferentemente da BM&FBovespa, não transaciona ações, apenas derivativos (como contratos futuros de produtos agrícolas e indicadores financeiros).

Desde que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) anunciaram a intenção de se fundir, em março de 2008, analistas especulam que o caminho natural da empresa é a internacionalização. Os especialistas acreditam que, no longo prazo, haverá poucas bolsas no mundo. Nesse ambiente, a BM&FBovespa seria uma das sobreviventes, com forte liderança na América Latina.

Em janeiro do ano passado, a bolsa brasileira já era a quarta maior do mundo em valor de mercado (critério que multiplica o valor da ação pela quantidade de papéis em circulação). À época, valia US$ 12,4 bilhões, atrás justamente da Bolsa de Chicago, da Bolsa de Hong Kong e da Deutsche Borse. Em compensação, já havia ultrapassado a Bolsa de Nova York e a Bolsa de Londres.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CIMPOR III - REVIRAVOLTA?

Segundo o Estado de São Paulo, a Camargo Correia terá adquirido esta noite a posição da família Teixeira Duarte na empresa, o que poderia deixar a empresa brasileira com 25% da Cimpor e seu maior accionista. Se esta informação se confirmar a vida fica ainda mais difícil, senão que impossível, para Benjamim.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

FALTA IMAGINAÇÃO E CORAGEM EM PORTUGAL

Recentemente, conforme foi amplamente noticiado por este mundo fora, um advogado de um dos países da "Centro-América" (desculpem, mas não me lembro nem do país, nem do nome do referido advogado entretanto assassinado), contratou um assassino profissional para o matar a tiro na via pública, o que foi feito conforme previsto.

O auto-assassinado advogado havia previamente armado todo um cenário para envolver como mandante do crime o presidente do seu país, conseguiria assim, embora póstumamente, derrotar o inimigo a quem tanto ódio dedicava.

Embora tudo tenha acabado por se descobrir, não se pode deixar de considerar uma imaginosa e curiosa nova forma de golpe de Estado.

È pena que entre nós, apesar do ódio que corre solto pelas ruas e pela imprensa, não se descortine nenhum gesto com a imaginação e a coragem do exemplo Centro-americano.

A sociedade mediática em que vivemos precisa urgentemente de um novo feito desses, coragem senhores!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

VOLCKER TEM RAZÃO

Paul Volcker foi presidente do FED (banco central americano)de 1979 a 1987, tendo saído apenas alguns meses antes da crise de 87, quando Ronald Reagan nomeou Alan Greenspan para o cargo. Foi Volcker quem conseguiu domar o surto inflacionário americano, tendo reduzido a inflação dos 13% em 1981 para 3% em 1983.

Volcker e Greenspan não podiam ser personalidades mais opostas, enquanto o primeiro é um gigante simples, reservado e extremamente pragmático, com uma formação extensa e profunda na área económica, Greenspan é o completo oposto, menos profundo mas expansivo, cosmopolita, vaidoso, simpático, ultra liberal como forma de afirmação de diferença, uma personalidade que no decorrer do tempo os holofotes fácilmente transformaram num cabotino, cego e surdo, que deixou criar três bolhas (LTCM, Internet e Imobiliária) das quais a última acabou por explodir com os efeitos que todos conhecemos, dando-se ainda ao luxo de usar um discursos palavroso e hermético, qual oráculo que o mundo escutava (nunca comprei o seu livro).

Voltando agora ao que interessa, na sequência dos problemas havidos no sector financeiro na crise de 29, em 1933 foi aprovado o Glass-Steagall Act que durou até 1999, altura em que, durante o consulado Greenspan, foi revogado pelo Congresso.

Em termos simples aquela legislação distinguia entre bancos comerciais e bancos de investimento, não podendo os primeiros gerir carteiras própria de activos de maior risco, nem financiar a alavancagem das carteiras dos seus clientes.
O argumento utilizado em 1999 para a revogação do Act foi o de que ao limitar a possibilidade de diversificação de investimentos por parte dos bancos comerciais, em vez de se diminuir os seus riscos estava-se de facto a aumentá-los.

A crise iniciada em 2007/8 veio confirmar as preocupações dos defensores do velho Act, o facto de se ter permitido o acesso de triliões de dólares depositados em bancos comerciais a produtos alavancados (tradicionais e novos), transformou aquilo que seria um problema de dimensão limitada e circunscrito a Bancos de Investimento, Hedge Funds e outros tomadores de riscos mais elevados, num problema que afectou toda a economia mundial.

O ter aberto esta porta aos bancos comerciais, teve até o efeito perverso de obrigar, mesmo os bancos mais conservadores a entrarem em zonas de maior risco para poderem competir com os bancos mais agressivos, na ilusão de aumentar as margens globais, numa área em que nem uns nem outros são especialistas.

Quando o cidadão comum faz o seu depósito num banco comercial, ele está a supor um risco baixo, que não pode ser agravado por políticas agressivas de investimento do respectivo banco, o cliente que queira mais risco poderá sempre, nesse banco ou por outras vias, comprar produtos com essas características, este principio base não pode ser violado sem enormes riscos para o consumidor e para as economias em geral.

Agora, como chairman da comissão de Obama para a recuperação económica, Volcker tem defendido a necessidade de reestabelecer o velho Act, defrontando oposições diversas, entre elas a de banqueiros que recusam compreender a armadilha em que estão envolvidos.

É vital que Volcker tenha sucesso.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

OS MERCADOS, A CRISE E (SEXTA-FEIRA)

Ao contrário do que se depreende da sabedoria popular, da dos políticos e até de muitos economistas, as grandes crises não nascem nos mercados, nem por acção deles, elas nascem na economia real, na chamada sociedade civil, sendo os mercados mero instrumento onde parte do jogo mais vasto entre a ganancia e o medo se joga.

Os mercados são um simples termómetro, um termómetro especial, de difícil leitura, quase que só para iniciados, porque os mercados funcionam basicamente como um fenómeno de psicologia de massas, em que os participantes "votam" comprando ou vendendo, de forma calma e ordeira enquanto o pânico ou a ganancia desvairados não entram pela porta dentro, altura em que tudo muda, e a montanha russa dispara. Mas, mesmo naqueles casos, se não existirem na sociedade razões objectivas para esses pânicos ou excessos de optimismo, rapidamente os mercados se normalizam, veja-se o caso da violenta crise de 1987, esta sim com origem que pode que ser imputada em parte a histeria nos mercados, mas que não teve consequencias de maior na economia real.

Infelizmente não é disso que se trata neste momento, estamos perante uma crise muito grave na economia real, da qual os mercados são mero termómetro, mas são eles os únicos em condições efectivas de nos dizerem em que momento a crise em que estamos mergulhados começará a dar sinais definitivos de que o pior já passou, o que, mais uma vez infelizmente, ainda não aconteceu, apesar dos compreensíveis optimismos oficiais por esse mundo fora.

Com tudo o referido atrás não quero dizer que não tenham existido falhas colossais de regulamentação e supervisão do sector financeiro, que permitiram que a situação chegasse onde chegou, mas isso não são os mercados. Os mercados ficam sempre com o odioso porque são eles que mostram que o rei vai nu, mas não são eles que despem o rei, e nesses casos, como todos o sabemos, quanto mais tempo se demorar a publicitar a nudez de sua alteza pior para todos, esse é um dos papéis do mercado, não deixar que suas altezas reais se passeiem nuas por muito tempo, desta vez no entanto, mesmo tendo sido os primeiros a darem o alarme fizeram-no tarde, infelizmente.

Mas como esta curta já vai muito longa, essa parte das origens da presente crise fica para depois.

O objectivo desta curta é falar de outra coisa, de como o termómetro mercado vê o estado da presente crise, e quais são os próximos sinais bons e maus que podem surgir.

O grande indicador mundial dos mercados accionistas é o Standard and Poor`s 500 (SPX500), pelo que para uma primeira análise é suficiente estudar o seu comportamento nos últimos anos, sem olhar para outros índices, para as moedas ou para as comodities.

Na sequência da "bolha da internet" o SPX fez vários máximos acima dos 1500 pontos entre Março e Outubro de 2000, depois afundou caindo 50% para a faixa abaixo dos 800 entre Julho de 2002 e Março de 2003, tendo então iniciado uma subida ao longo de 4 anos, em que recuperou tudo quanto havia perdido nos 2 anteriores e aproximando-se dos 1600 pontos.

O mercado atingiu aqueles topos entre Fevereiro de 2007 e Outubro de 2008, para depois, em ano e meio, devolver todos esses ganhos e mais alguma coisa, tendo chegado aos 670 pontos em Março de 2009.

A partir daí é a história mais recente da acelerada subida com poucas hesitações pelo caminho, que se verificou até Janeiro deste ano, quando se dá a segunda correcção significativa deste movimento de subida, correcção esta que se verifica quando o mercado já havia recuperado 50% da queda verificada desde 2008.

Esta correcção que estamos a presenciar não é má por si só, ela faz até parte de uma subida saudável, mas mesmo sabendo-se isso, não há como evitar o aumento do nervosismo no mercado, tanto mais que apesar da enorme quantidade de notícias positivas relativamente aos resultados das grandes empresas americanas, toda a gente sente que continuamos a pisar sobre ovos, e que sobretudo as questões macro não estão resolvidas.

Uma queda do SPX até aos 850 pontos não seria preocupante, apesar de representar mais 20% de queda (sobre os 10% já verificados), embora deixasse muita gente desesperada. Se formos para baixo daqueles valores ficaremos muito perto do célebre W, que ninguém poderá garantir ser de facto perfeito e poderemos ter a segunda perna abaixo dos 660 pontos da primeira, aí sim, estaríamos todos numa situação muito difícil, que esperemos que não aconteça.

Mas, ao contrário do que se possa pensar o ideal não seria que esta descida fosse o mais curta possível, o mercado tem de provar que tem capacidade para recuperar bem de uma queda significativa e depois fazer novos máximos, enquanto o não fizer o espectro da crise vai continuar a pairar.

A passada sexta-feira não nos diz nada de novo em relação a este assunto, depois de o mercado ter caído cerca de 1,5% durante a noite, abriu quase ao nível do fecho anterior, caindo depois 2%, valor esse que recuperou até ao final do dia. Enfim,uma montanha russa de cidade de província, no dia das notícias mais importantes do mês, que apesar de não serem boas o mercado acabou por digerir bem.
A INGOVERNABILIDADE E A PRESIDÊNCIA (desculpem mas esta não dá para ser curta)

A verdade é que o problema que se põe hoje ao país já não é o da governabilidade, mas o de estar à beira da ingovernabilidade, a situação é de tal maneira grave que até Vasco Pulido Valente, dos homens que mais sabe da história da nossa monarquia constitucional e da 1ª república, e conhecido como o veneno nacional, está de tal forma preocupado que já pede calma aos políticos, ele que adora ser o incendiário de serviço.

Claro que Sócrates não é o menino do coro que nós gostaríamos que ele fosse, mas nenhum político o é. Claro que ele pode ter ido longe demais nas suas tentativas de controlar a imprensa desafecta, mas, com maior ou menor intensidade, todos os governos o fizeram. Claro que ele tem, amigos envolvidos em operações duvidosas, mas todos os políticos os teem, até porque não se faz política sem dinheiro (a história de Helmut Kohl,na rica e prestigiada Alemanha, um dos poucos grandes políticos do nosso tempo, aí está para o demonstrar), isto é especialmente verdade para os políticos que começam de baixo, como Sócrates e seus amigos, e que teem de galgar degrau a degrau as escadas do poder, sendo obviamente mais fácil para os políticos que entram por cima, e que teem quem trate dos assuntos "mais delicados" que suas Exas vão olímpica e cândidamente ignorar.

Desculpem mas em política não acredito em vestais inocentes, o que não quer dizer que não existam políticos honestos.

Também são claros os traços autoritários de Sócrates e a sua pouca abertura a ter deixado, como é da tradição da nossa democracia, que se sentassem à mesa do Orçamento elementos dos outros partidos com vocação de poder (sobretudo do PSD, mas também do CDS), transformando como ninguém o fez, aquela mesa num lugar para repasto exclusivo do PS e seus amigos.

E também todos sabemos como é duro para os partidos de poder estarem muito tempo afastados do dito, os quadros partidários começam a agitar-se, contaminando as bases e as lideranças, os ódios crescem, a razão vai-se perdendo, e por aí se vai. E tudo isto é tanto mais importante quanto toda a gente lúcida nesses partidos (que sabe alguma coisa de política) sabe que, se a crise se tivesse atrasado um pouco mais, estaríamos agora a ser governados por uma 2ª maioria absoluta do PS, e os outros partidos de poder continuariam no seu jejum insuportável e sem perspectivas. Por isso, todos sentem com maior intensidade o risco que estiveram à beira de correr, que se transforma em alívio e em vontade de aproveitar a oportunidade criada.

Mas atenção, este quadro de exaltação geral, no contexto de uma grande crise económica como a que se vive (e cuja dimensão ainda se ignora), é extremamente perigoso, podendo desencadear processos políticos e sociais que ninguém vai controlar.

Não podemos esquecer que no fundo não passamos de um bando de celtas,mouros, judeus, e outros, mais ou menos selvagens, dificilmente disciplináveis, a que Salazar deu uma fina capa de compostura, pronta a estalar a qualquer momento.

Face ao ponto a que chegámos só vejo duas saídas, ou o governo estabelece um acordo partidário que lhe dê condições para governar (mais fácil com o CDS), ou o Presidente consegue transformar-se num poder moderador efectivo e credível que permita a sobrevivencia do governo minoritário.

Para o Presidente os próximos tempos também são vitais, porque muito provavelmente é agora que se vai decidir o resultado eleitoral do próximo ano. Será o tempo em que ou o Presidente se consagra como estadista, ou ficará apenas como caso fortuito de um professor que, num final de semana, nos idos de 80, foi à Figueira fazer a rodagem do seu carro.

Carbonários, anarquistas e outro revolucionários, atenção! preparem-se! parece que vai haver festa!!!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

MADEIRA

Não vou opinar sobre que tem razão, até porque ninguém tem, nem sobre a solução menos má para o imbróglio porque não sei.

A única coisa que eu sei é que todos vão (vamos?) pagar pelo adiamento da solução do problema, que se verificou ao longo de muitos e longos anos.

Adiar é cómodo mas quase nunca compensa, como os próximos tempos virão demonstrar em relação à timidez do Orçamento de 2010.

A outra coisa que eu sei é que o Alberto João (Excelência) deveria ser nomeado, já por este governo, chefe vitalício da REPER em Bruxelas, para conseguir para o país o que conseguiu para a Madeira.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CIMPOR II

Parece que Benjamim vai ter que abrir os cordões à bolsa bastante mais que o inicialmente previsto, depois da recusa da OPA por parte do CA da Cimpor e, sobretudo, depois da entrada da Votoratin no capital da empresa.
No entanto, se o mercado vier a confirmar a correcção que parece estar a desenhar, OPA´s desta dimensão poderão vir a ser enormemente dificultadas.
UTOPIAS

É difícil lidar com utopias como se se estivesse a lidar com realidades, sempre foi assim com o PC, defendendo a construção de uma sociedade ideal, que por si só quase toda a gente desejaria, mas que sempre pareceu inexequível à maior parte da população.

Nesses tempos, como pobres exemplos apenas tinham para apresentar os casos da Europa de Leste, já na época pouco convincentes e que depois da queda do muro vieram mostrar à evidencia dos maiores crimes ecológicos, políticos, económicos e até sociais da história da humanidade, praticados por regimes totalitários "em nome do povo" e de uma futura sociedade ideal, e efectivamente em beneficio exclusivo de uma numenclatura que usufruía de todos os privilégios.

Depois de tudo quanto se passou tudo se mantém na mesma, o partido comunista continua a defender não se sabe bem o quê, com os seus velhinhos mais ou menos simpáticos, com maior ou menor curricullum anti-fascista e alguns bons quadros perdidos numa máquina envelhecida, que como único ponto positivo continua a fazer passar uma imagem de honestidade, a todos os títulos louvável nos tempos que vão correndo.

Mas mais grave é o BE, que apesar de esporádicamente ter alguma relação com a realidade, tem uma cartilha que na essência não se afasta da do PC, apesar de ter alguns intelectuais de respeito e quadros muito mais jovens, que deveriam dar ao partido um outro papel na sociedade portuguesa, que bem precisaria de uma esquerda "radical" séria.

Se eu fosse psiquiatra, ou mesmo apenas psicólogo, como a Barbie da esquerda radical, diria que os problemas por estas bandas, andam entre a esqizofrenia e o alzheimer.
DEUS É BRASILEIRO

Não só no futebol, ou no "berço esplêndido", mas também na política, ao longo de toda a sua vida o Brasil teve sempre (ou quase) o chefe de governo certo para cada momento histórico, foi assim no tempo do Império como no da Republica. Tudo como se se tratasse de uma grande peça de teatro em que cada actor surge no tempo exacto para cumprir um determinado papel e depois sai de cena.

Isto é especialmente interessante num continente em que normalmente a regra é o oposto,onde cada presidente é pior que o antecedente.

Até países extraordinários com níveis culturais mais elevados, como é o caso da Argentina, sofrem desse mal, para já não falar da Venezuela ou da Bolívia.

Por isso não estou preocupado com as eleições presidenciais, porque é que iria correr mal desta vez? Salvo se Deus pedir a mudança de nacionalidade.
PASSOS COELHO

O homem está a crescer, e bem precisa se quer controlar o partido verdadeiramente lusitano (que não se governa nem deixa governar), que nem Sá Carneiro domou, o que Cavaco só conseguiu porque os barões estavam distraídos e o PRD ajudou.

Tem as qualidades de Sócrates, quer o poder, é perseverante e determinado, resiste bem ao desgaste, não tem experiência governativa mas parece preparado. Não será um intelectual mas o cargo é para um executivo bem preparado, que saiba ouvir e decidir.

Talvez o PSD consiga finalmente um líder, bem precisa, ele e o país, porque as coisas não podem ir bem em Portugal sem um segundo partido grande e forte.
CRISE - A CULPA É DA CHINA

Da China e das novas tecnologias, foram elas que enganaram os Bancos Centrais de todo o mundo, como a produtividade subia a inflação mantinha-se a níveis aceitáveis, e como a cartilha dos BC`s era limitada (tanto como os respectivos usuários) tudo estava bem, a bolha da valorização dos activos não tinha significado, pequeno problema a resolver a seu tempo se fosse necessário.

Já sabemos como foi a primeira parte da factura, vamos ver como vai ser o resto.
CIMPOR

Benjamim Steinbruck, grande empresário, com sentido de oportunidade dificilmente igualável, abriu as hostilidades, ele quer o controle da multinacional construída pedaço a pedaço pelo eng Sousa Gomes (acho que foi assim), mas a Votoratim está assustada, ela sabe que não vai ser fácil concorrer com Benjamim no mercado brasileiro.

Tudo leva a crer que vamos ter um bom despique(com bons resultados também para os minoritários, espera-se!).

Mas em toda esta questão o mais interessante é que pela primeira vez um grupo brasileiro vai fazer um grande investimento numa empresa portuguesa (não pelo mercado português mas pelas posições detidas no exterior), se isso se vier a confirmar, vamos ter o grande teste da nossa capacidade de manter centros de decisão entre nós. A ver vamos.

Sobretudo, o que é importante é que não acabe tudo em "pizza" (como dizem os brasileiros),ou seja em negociatas por fora (venda de activos estratégicos), sem quaisquer ganhos para o país nem para os minoritários.
ORÇAMENTO

Menos mau, podia e devia ter ido mais longe, a viabilização à direita não o deve ter permitido, adiados os aumentos de impostos pela direita e as medidas mais impopulares por acordo geral.

Adiando pode ser que passe.
CAVACO E OS GAYS

Depois do desastre das escutas o Presidente começou muito bem o ano de 2010, pressinto no entanto alguns indícios de novo problema, agora à volta da "questão fraturante" (??!!) do casamento gay.

Ora a questão só é fraturante para quem não tem nada que fazer, tanto mais depois de a própria Igreja Sueca ter começado a celebrar estes casamentos.

Claro que por este caminho o mundo ocidental pode estar a pôr em causa o modelo civilizacional que se construiu ao longo de séculos, mas mesmo se assim fosse, este não seria mais que uma pequeno passo nesse sentido ( e aí estamos no campo puro da filosofia), e nós já deixámos há algum tempo as veleidades de sermos baluarte da civilização ocidental, ou não?

O que eu acho é que o casamento gay não devia ser só permitido, ele deveria ser obrigatório, por duas razões, para saberem como o casamento é difícil e porque andaram a chatear toda a gente por causa de um direito que não têm intenção de exercer!!

Este assunto já teve muito mais tempo e energias do que merece.
SÓCRATES

Talvez nunca desde João Franco e Afonso Costa um chefe de governo tenha sido tão odiado como ele, por um leque tão vasto à esquerda e à direita, no entanto não se pode deixar de lhe reconhecer qualidades importantes, energia, perseverança, prazer nas batalhas, ânimo na adversidade.

Cuidado, é um erro subestimar o homem! (como aliás tem sido feito à esquerda e à direita).
A CRISE E OS ÓPTIMISTAS

O discurso de todos eles, políticos e economistas, é de que, graças à atempada e concertada (o clarividente não é pronunciado mas está suposto) intervenção dos Estados, foi possível evitar o pior, aprendeu-se com 1929.

Senhores, não é ainda tempo de deitar foguetes, até porque se as coisas correrem mal vai ser muito pior que 29, tanto mais que Vas Exas gastaram já toda a munição
PORTO BARÒMETRO?

Sempre senti o Porto como o Barómetro da economia portuguesa (da real, não da fictícia criada em Lisboa pela máquina do Estado e afins),quando o Porto vai mal o país vai pior, e a verdade é que o Porto está mal há já muito tempo.

O pessoal das ciências sociais bem se podia debruçar sobre este tema.
PRONUNCIAR PORTUGUÊS

Esta coisa da língua portuguesa (por favor não digam "falar brasileiro", nem os brasileiros o fazem) é um tema sem fim.

Não quero falar das questões da ortografia (nas quais por deficiência cultural não descortino qualquer interesse),nem das da gramática que desconheço quase totalmente (embora do pouco que tenho visto pelo Brasil, fico com medo que eles tenham a questão melhor estudada do que nós), nem da variação geográfica do sentido das palavras.

O que me preocupa, me espanta e me intriga, é como nós pronunciamos mal, se tivéssemos querido transformar a nossa língua num código de linguagem secreto não teríamos conseguido fazer melhor! (e o mais grave é que eu sou dos piores).

E depois queixamos -nos da má vontade dos espanhóis, brasileiros e outros que não nos percebem, quando nós (tão inteligentes!) compreendemos toda a gente.

Não sei realmente de onde vem esta maneira de falar português como se fosse russo (e esta talvez não tenha sido culpa do partido comunista,)suprimindo quase totalmente essa inutilidade que são as vogais, de uma forma que conseguimos garantir uma enorme dificuldade de qualquer estrangeiro compreender, e mais ainda de falar, esta língua que nós queremos guardar só para nós, projecto esse que os brasileiros boicotam falando uma coisa clara que toda a gente compreende, o que não era suposto e é até perigoso para a soberania nacional (nossa não deles).
OBRIGADO GRÉCIA

Depois de inúmeras tentativas de tudo quanto é poder na Comunidade, aliás sem qualquer sucesso, por fim a Grécia lá conseguiu finalmente desvalorizar o Euro para bem das balanças comerciais da área, feito bem mais proveitoso para os países mais ricos do que os custos que a solução do problema grego poderão vir a implicar.

Mas todos nós, os PIIGS, demos a nossa ajuda!

Claro que isto não quer dizer que a Comissão não vá ser implacável com as Grécias, a honra do convento estaria em causa!