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domingo, 7 de fevereiro de 2010

OS MERCADOS, A CRISE E (SEXTA-FEIRA)

Ao contrário do que se depreende da sabedoria popular, da dos políticos e até de muitos economistas, as grandes crises não nascem nos mercados, nem por acção deles, elas nascem na economia real, na chamada sociedade civil, sendo os mercados mero instrumento onde parte do jogo mais vasto entre a ganancia e o medo se joga.

Os mercados são um simples termómetro, um termómetro especial, de difícil leitura, quase que só para iniciados, porque os mercados funcionam basicamente como um fenómeno de psicologia de massas, em que os participantes "votam" comprando ou vendendo, de forma calma e ordeira enquanto o pânico ou a ganancia desvairados não entram pela porta dentro, altura em que tudo muda, e a montanha russa dispara. Mas, mesmo naqueles casos, se não existirem na sociedade razões objectivas para esses pânicos ou excessos de optimismo, rapidamente os mercados se normalizam, veja-se o caso da violenta crise de 1987, esta sim com origem que pode que ser imputada em parte a histeria nos mercados, mas que não teve consequencias de maior na economia real.

Infelizmente não é disso que se trata neste momento, estamos perante uma crise muito grave na economia real, da qual os mercados são mero termómetro, mas são eles os únicos em condições efectivas de nos dizerem em que momento a crise em que estamos mergulhados começará a dar sinais definitivos de que o pior já passou, o que, mais uma vez infelizmente, ainda não aconteceu, apesar dos compreensíveis optimismos oficiais por esse mundo fora.

Com tudo o referido atrás não quero dizer que não tenham existido falhas colossais de regulamentação e supervisão do sector financeiro, que permitiram que a situação chegasse onde chegou, mas isso não são os mercados. Os mercados ficam sempre com o odioso porque são eles que mostram que o rei vai nu, mas não são eles que despem o rei, e nesses casos, como todos o sabemos, quanto mais tempo se demorar a publicitar a nudez de sua alteza pior para todos, esse é um dos papéis do mercado, não deixar que suas altezas reais se passeiem nuas por muito tempo, desta vez no entanto, mesmo tendo sido os primeiros a darem o alarme fizeram-no tarde, infelizmente.

Mas como esta curta já vai muito longa, essa parte das origens da presente crise fica para depois.

O objectivo desta curta é falar de outra coisa, de como o termómetro mercado vê o estado da presente crise, e quais são os próximos sinais bons e maus que podem surgir.

O grande indicador mundial dos mercados accionistas é o Standard and Poor`s 500 (SPX500), pelo que para uma primeira análise é suficiente estudar o seu comportamento nos últimos anos, sem olhar para outros índices, para as moedas ou para as comodities.

Na sequência da "bolha da internet" o SPX fez vários máximos acima dos 1500 pontos entre Março e Outubro de 2000, depois afundou caindo 50% para a faixa abaixo dos 800 entre Julho de 2002 e Março de 2003, tendo então iniciado uma subida ao longo de 4 anos, em que recuperou tudo quanto havia perdido nos 2 anteriores e aproximando-se dos 1600 pontos.

O mercado atingiu aqueles topos entre Fevereiro de 2007 e Outubro de 2008, para depois, em ano e meio, devolver todos esses ganhos e mais alguma coisa, tendo chegado aos 670 pontos em Março de 2009.

A partir daí é a história mais recente da acelerada subida com poucas hesitações pelo caminho, que se verificou até Janeiro deste ano, quando se dá a segunda correcção significativa deste movimento de subida, correcção esta que se verifica quando o mercado já havia recuperado 50% da queda verificada desde 2008.

Esta correcção que estamos a presenciar não é má por si só, ela faz até parte de uma subida saudável, mas mesmo sabendo-se isso, não há como evitar o aumento do nervosismo no mercado, tanto mais que apesar da enorme quantidade de notícias positivas relativamente aos resultados das grandes empresas americanas, toda a gente sente que continuamos a pisar sobre ovos, e que sobretudo as questões macro não estão resolvidas.

Uma queda do SPX até aos 850 pontos não seria preocupante, apesar de representar mais 20% de queda (sobre os 10% já verificados), embora deixasse muita gente desesperada. Se formos para baixo daqueles valores ficaremos muito perto do célebre W, que ninguém poderá garantir ser de facto perfeito e poderemos ter a segunda perna abaixo dos 660 pontos da primeira, aí sim, estaríamos todos numa situação muito difícil, que esperemos que não aconteça.

Mas, ao contrário do que se possa pensar o ideal não seria que esta descida fosse o mais curta possível, o mercado tem de provar que tem capacidade para recuperar bem de uma queda significativa e depois fazer novos máximos, enquanto o não fizer o espectro da crise vai continuar a pairar.

A passada sexta-feira não nos diz nada de novo em relação a este assunto, depois de o mercado ter caído cerca de 1,5% durante a noite, abriu quase ao nível do fecho anterior, caindo depois 2%, valor esse que recuperou até ao final do dia. Enfim,uma montanha russa de cidade de província, no dia das notícias mais importantes do mês, que apesar de não serem boas o mercado acabou por digerir bem.

3 comentários:

  1. Nao será esta crise que se espalhe imeditamente nas massas, fruto deste quadro unipolar em que temos vivido nos ultimos tempos? Parece que o enquadramento de referência em que os EUA dominavam, mandavam e regulavam o mundo se esgotou, e agora só nos resta saber quem nos tira deste impasse? a Russia? a China? O Brasil? ou a India? Seja quem for, chegue-se à frente, que já nao há paciência para este aperto!

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  2. A dominancia económica dos USA já existe há muito tempo, mesmo antes de o mundo ser unipolar, e embora o poderio militar possa ter aí algum significado, ele está longe de ser o factor determinante daquela supremacia, até porque, houve tempos em que os USA e a União Soviética em termos de poder militar se podiam considerar equivalentes, sem que isso afectasse a dominancia económica dos USA.
    Por outro lado, tambem não é a simples dimensão económica que determina aquele dominio, veja-se o caso da economia europeia que hoje é maior que a americana, tendo no entanto uma importancia mundial muito menor.
    A importancia da economia americana resulta não só da sua dimensão, e do facto de ser um país por inteiro com tudo o que isso implica(o que a Europa não é), mas tambem do seu dinamismo e da sua capacidade de inovação, inovação em todas as áreas da tecnologia às finanças.
    O facto de um país liderar a inovação, tambem leva a que haja inovações que correm mal, como foi o que aconteceu agora com a crise da sub-prime, mas isso ão significa que a contribuição americana para o desenvolvimento mundial não seja positiva. Não se pode deixar de olhar todas as outras contribuições que diáriamente adoptamos vindas do outro lado do Atlântico.
    Quanto ao futuro, é de ter em conta que o Brasil e a Rússia são pequenos países em termos populacionais, pelo que, quem num futuro mais ou menos próximo, pode vir a disputar a lideraça mundial seriam a China e a ìndia, mas só o poderão fazer, sem mergulhar o mundo numa longa noite, se conseguirem ter o dinamismo e a criatividade americanos, a China parece já bem encaminhada nesse percurso mas as dificuldades são muitas.
    Infelizmente para nós, nada garante que esse mundo centrado totalmente sobre o Pacífico seja melhor que o "aperto" que passamos hoje.

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  3. A inovação é indescutivelmente um factor relevante na economia de um pais. Mas será que o facto de ser pioneiro na inovação manterá os EUA na supremacia como First moover advantage, ou será que os chineses que copiam tudo em pouquissimo tempo conseguirao ameaçar este império ecónomico?
    Quase todos os países já viram as suas ruas infestadas por lojas chinesas, e uma grande parte dos consumidores acabam por gastar uma quota parte do seu ordenado neste tipo de lojas, desde a velhinha que vai buscar as toiletes ás lojas dos chineses que sao mais baratas, aos mais novos que vao buscar um brinquedo, um presente de ultima hora, o que for! A qualidade nao se discute porque é sempre mázinha, mas as vendas fazem-se e em tempos de vacas magras, vale tudo!

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