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domingo, 21 de fevereiro de 2010

MADEIRA - TRÊS LIÇÕES

Como de todas as catástrofes, já que não foi possível evitá-las, o mais importante é tirar delas lições para o futuro, e deste caso para mim ficam três lições, que muito provavelmente vão ser ignoradas como é habitual, mas que seria vital não esquecer por muito tempo.

Não me refiro a três lições para a Madeira, repisando os pormenores habituais, de uma forma mais abrangente refiro-ma a uma lição para a Madeira, outra para a região de Lisboa e outra para o país.

Para a Madeira trata-se da necessidade de repensar a ocupação de solos nas zonas urbanas e periferias críticas, e de encontrar soluções que minimizem ocorrências deste tipo, que os meteorologistas dizem que se vão intensificar nos próximos anos. E tudo isso tem de ser decidido agora no calor dos acontecimentos porque senão nunca o será, ou apenas depois de uma tragédia muito maior do que aquela a que agora assistimos. Eu estava na Madeira quando foram as inundações de 1979, e apesar de ter sido um pequeno fenómeno em relação ao de agora, foi assustador o suficiente.

A 2ª lição é para a região de Lisboa (e não vou falar de sismos), todos os mais velhos se lembram do que foram as inundações dos anos 60(?), com um número dramático de mortos em especial na periferia de Lisboa, pois a verdade é que se o mesmo fenómeno ocorresse de novo entre nós, os resultados seriam ainda muito mais dramáticos, a percentagem de área impermeabilizada aumentou imensamente, a ocupação de antigas linhas de água hoje deve estar perto dos 100%, o número de habitantes em zonas "frágeis" explodiu, etc. e tudo isto num tempo em que os especialista em assuntos do clima dizem que fenómenos extremos vão se tornar mais usuais, ou seja, estamos perto de uma catástrofe anunciada, mais ano menos ano. O que é que se tem feito? o que é que se pretende fazer?

A terceira lição é menos directa e mais política, quer entre nós, quer um pouco por todo o mundo, as situações mais dramáticas sob o ponto de vista mediático são as que teem maior impacto junto do público, no entanto as situações de "morte lenta", são muitas vezes muito mais importantes em termos das suas repercussões sociais e económicas. O que quero dizer com isto? apenas que situações como as da Madeira com largas dezenas de mortos são sem dúvida de um dramatismo absoluto, mas a existência de 500.000 desempregados no país, de milhares de empresas a fecharem as portas, sendo um fenómeno menos dramático em termos mediáticos, não o é menos (ao contrário)em termos sociais e económicos, e esta situação vai certamente originar muito mais mortes, violência, suicídios e rupturas sociais do que a catástrofe madeirense, só que a conta-gotas, o que tem pouco apelo mediático. Desemprego a estes níveis vai originar que muita gente de todas as idades passe a comer de forma não regular, que esses mesmos não vão ter acesso aos medicamentos de que precisariam, que a criminalidade, o alcoolismo e outra dependências irão aumentar, muitas famílias se irão desestruturar por completo, etc. Isto para não entrar pelos custos sociais em cadeia originados pelo mau funcionamento das economias. Todos sabemos que grande parte destas situações não tem solução de curto prazo, mas de qualquer modo não é de certeza com o triste espectáculo diário dos nossos políticos lutando todos entre si por migalhas de um poder imaginário, que as coisas poderão melhorar mais rapidamente. Isto sim, é um espectáculo escandaloso, mas que como não tem o impacto mediático de uma catástrofe, não só dá para levar, como ainda para agravar transformando tudo isto em simples espectáculo que vende

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