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terça-feira, 18 de dezembro de 2018



PORTUGAL 2019 - O CENTRÃO?


Não existe em Portugal configuração política mais vilipendiada que a do bloco central, isto embora a sua existência tenha sido efémera, apenas dois anos com a difícil missão de gerir a intervenção do FMI 83/85,  o que não mereceria nem especiais elogios, nem os habituais insultos.
Esta percepção pública de que um governo de bloco central é uma coisa má e que seria  o pior que poderia acontecer ao país, assume agora uma gravidade maior.
Gravidade maior porque o país vive actualmente um processo de radicalização, ainda incipiente mas que tudo leva a crer que se irá agravar no próximo ano, com dois actos eleitorais e a pioria da situação económica mundial, a que a guerra comercial de Trump nos parece querer conduzir, tudo isso agravado pelo aumento da instabilidade na Europa.

Perante esta situação, 2019 será pois a última possibilidade de termos uma governação ao Centro e Reformista, que finalmente acabe verdadeiramente com o equívoco do "caminho para o socialismo" (já não estabelecido na Constituição mas ainda presente em espirito), e normalize a nossa sociedade, como uma verdadeira democracia do mundo Ocidental, impedindo assim que caíamos num processo de radicalização incontrolável, que mais uma vez nos mostre como os nossos "brandos costumes" podem com facilidade transformar-se em anarquia violenta, como a historia o provou por diversos, e por vezes longos, períodos

Este texto é pois sobre as virtudes do Centrão e os perigos de radicalização, que à direita e à esquerda, se levantam.

Porque a solução do Centrão é tão desprezada em Portugal? Existem três razões principais para que assim seja:
- a esquerda radical tem medo dela porque sabe que isso possibilitaria as reformas que o país necessita fazer e que provavelmente a afastariam do poder por muito tempo
- a direita radical por razões parecidas, mas menos estruturadas, como aliás essa direita tem sido
- o Clubismo partidário, que confunde camisolas, com ideias e projectos e por isso mesmo é pouco dado a acordos menos óbvios
- por fim, e talvez mais importante que todos os outros, o "Bloco Central dos Interesses", que tal como os grupos anteriores não quer Centrão nenhum, porque sabe que esse Centrão não teria desculpa para não fazer as reformas sempre adiadas, o que acabaria com o seu mundo de negociatas diversas, que tão bem tem proliferado, com acordos por baixo da mesa entre influentes do PS e PSD (e por vezes do CDS). Tudo  isto, enquanto os partidos do centro em exercício no governo vão invocando a sua incapacidade para controlar as situações por falta de legislação que não têm poder para produzir

O Centrão é pois, a única forma de garantir que finalmente se façam no país as reformas sempre adiadas, a reforma política, a administrativa, a da Justiça, a da Administração Pública, a legislação séria anti-corrupção, etc. Sem essas reformas continuaremos a ser uma democracia frágil, que qualquer radicalização destruirá. É por isso que aquelas reformas são urgentes e que 2019 será provavelmente a sua última oportunidade.

O Centrão não é a solução corrente em democracias consolidadas, sendo normalmente preferidas soluções de alternância política, embora de geometria crescentemente complexas, mas a verdade é que a nossa democracia não é verdadeiramente uma democracia consolidada, embora o pareça. O nosso edifício Constitucional e legislativo tem contradições e lacunas, que têm tido um peso negativo no nosso desenvolvimento e que podem ser perigosas já a curto prazo.
Como até hoje o "clubismo" e os interesses do "bloco central dos negócios", impediram a concretização daquelas reformas em devido tempo, temos agora a última oportunidade, que só o "Centrão" pode viabilizar.

No que se refere à radicalização tudo leva a crer que vamos entrar num PRAC, tipo PREC (agora com a radicalização no lugar de revolucionário), mas talvez mais perigoso e ainda mais confuso.

À esquerda Catarina Martins deu o tiro de partida com o seu discurso sobre as pretensões do BE de ir para o governo, aquela declaração foi na altura considerado um erro e uma ingenuidade de Catarina. Catarina e o seu mentor, o "conego" Louçã, estão longe de ser ingénuos, o seu discurso tinha uma audiência e um objectivo claros, Catarina falava para a ala esquerda do PS e dizia-lhes qualquer coisa do tipo: "nós estamos prontos para começar a construir a sociedade socialista em Portugal, se isso não acontecer será apenas por vossa culpa, o país está maduro e nós temos a vontade, vocês vão vacilar? Temos a oportunidade de ser o farol do mundo e de ter sucesso onde antes de nós todos os outros falharam, terão vocês a coragem necessária para entrar na Historia pela porta grande?". O discurso classico dos amanhãs que cantam, antes do caos que sempre se segue.

São bem conhecidos alguns dos apoios incondicionais que existem dentro do PS a um projecto desse tipo, apoios a que parece se juntar agora a própria Juventude Socialista.
Será em volta do BE e do politicamente correcto que será feita a radicalização à esquerda, o que colocará  o PCP numa situação difícil e com consequências imprevisíveis.

Quanto à direita a situação é menos clara, tanto mais que a direita em Portugal deixou de existir no 25 de Abril, desde então que nenhum partido significativo se afirmou como de direita, todos têm andado entre a centro-direita e a centro-esquerda, com excepçao de pequenos partidos sem significado, como é hoje o caso do PNR.
Ou seja, os votos da direita estão algures, espalhados entre a abstenção, o CDS e o PSD, e a sua dimensão é desconhecida, assim como o seu potencial de crescimento.
Recentemente julguei que Santana Lopes fosse tentar ocupar esse espaço vazio que existe à direita, e embora isso envolvesse alguma contradição com a sua linha ideológica, a verdade é que já vimos mudanças de linha politica bastante mais drásticas, não foi essa a opção dele e ao fazê-lo deixou o campo livre para o "Chega", que certamente apontará para caminhos muito mais radicais do que Santana faria.
Vai Ventura, no reduzido espaço de tempo que tem até Outubro, ser capaz de construir um partido com possibilidade de desequilibrar o sistema? A lógica diria que não, mas por outro lado, o clima de radicalização que se está a criar e a força da novidade de uma direita "adormecida", podem vir a gerar uma surpresa.


Antonio Costa sabe que o actual modelo da gerigonça não é repetível, o preço que teria de pagar para um novo acordo seria incomportável  face aos nossos compromissos internacionais e também para o futuro do seu partido e dele proprio, por isso, tudo leva a crer que, não tendo maioria parlamentar, irá preferir uma coligação ao centro. Que espaço tem Costa para dentro do partido vir a impor esse tipo de solução sem demasiados danos?

Naquele cenário, Rui Rio, mesmo que com uma votação a rondar apenas os 20%, seria o parceiro ideal para Costa,  certamente que esse Centrão teria facilmente uma ampla maioria na Assembleia, a rondar a maioria absoluta. Sobreviverá Rio para o concretizar? Tudo leva a crer que sim, algum poder sempre é melhor que nada, e o PSD gosta e precisa de poder.


Nos seus tempos de Presidentes de Municípos os dois terão já falado muito sobre tudo isto, o "destino" acabou por os juntar, falta apenas a parte que teoricamente seria a mais fácil, a que se seguiria o enorme desafio das grandes reformas sempre adiadas, reformas que teriam de pôr de pé num ambiente crescentemente crispado à direita e à esquerda.

Neste final de 2018, de uma forma simplista diria que para 2019 "ou Centrão ou confusão", na verdade julgo que será bem pior do que isso, sem as grandes reformas, e com o agravamento da situação economica, com a instabilidade politica e social na Europa, por cá correremos o risco de caminhar para o caos, a prazo mais ou menos breve.


Façamos por ter um BOM ANO

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018



A HUMILHAÇÃO DA CHINA - VAMOS PARA A GUERRA?


Todas as grandes potencias são paranoicas, porque elas são simultaneamente muito fortes e muito frágeis, pela sua dimensão e complexidade são todas um pouco como castelos de cartas facilmente  arrazaveis. A Historia está cheia de cadáveres de grandes potencias "indestrutíveis" a demonstrá-lo.

De entre as grandes potencias actuais a China tem todas as razões para ser a mais paranoica entre elas, porque é herdeira daquele que foi o maior império do mundo, político, económico e cultural, durante séculos, e porque, depois disso foi humilhada pelo Ocidente, em especial durante o século XIX e inicio do sec XX, ao que se seguiu a humilhação japonesa.

Uma grande potencia com um passado como o da China tem de ser forçosamente muito receosa do mundo que a rodeia. Os Estados Unidos com a constante instabilidade de Trump têm vindo a agravar aqueles receios históricos, pondo em risco a economia e a paz mundiais.

Seria impossível imaginar pior figura que Trump para lidar com a China, Trump é um pato-bravo, primário e arrogante, que julga que pode tratar toda a gente como sempre tratou os seus fornecedores, e como ainda hoje trata todos os seus colaboradores, incluindo os próprios secretários e grandes figuras da política americana. O contacto de Trump com uma China que não pode "perder a face", tem tudo para ser uma relação impossível, sempre numa espiral negativa.

Tudo começou com o absurdo convite que Trump fez a Xi logo no inicio do seu mandato, para visitar os EUA, quando, em lugar de o fazer para uma das residencias oficiais, decidiu convidá-lo para a sua mansão de novo rico de Mar-a-Lago na Florida. Ridiculamente julgava Trump que impressionaria Xi com o seu pastiche de pequeno palacete, adquirido através de truques diversos. Claro que Xi, habituado à imensidão e simplicidade opulenta dos palácios chineses não se sentiu impressionado, mas compreendeu de imediato os riscos que iria enfrentar com a presidência do novo líder americano. Xi que já era um centralizador do poder, tornou-se a partir daí mais convicto que não tinha outro caminho que não o de aumentar essa centralização e acelerar a autonomia geoestrategica e tecnológica da China.

É claro que a China está muito perto de se transformar na grande potencia mundial deixando para trás os EUA, mas Trump adoptou a pior das estratégias para tentar conter esse processo, ao obrigar Xi a acelerar a fundo o processo de modernização tecnológica e de expansão geoetrategica, assim como a estancar qualquer liberalização interna no Império do Meio, liberalização essa que seria um suicido perante um inimigo disposto a explorar todas as eternas tendências centrifugas que são uma realidade do  Império  desde sempre.

Estamos portanto numa corrida, que a impreparação e o convencimento  de Trump em grande parte originaram e para a qual não se vê saída. O mundo volta a estar muito perigoso.

Todas as grandes potencias sempre fizeram acções de destabilização das outras grandes potencias, goste-se ou não, essa é e sempre foi, a dinâmica do poder mundial, mas quando são dados sinais errados pelos líderes mundiais, aquela dinâmica atinge proporções maiores e fica totalmente fora de controle, é então que as desgraças acontecem.

Um mundo com três grandes potencias, uma hegemónica, outra que é o país mais populoso do mundo e a sua segunda economia, e uma terceira que além de ser o maior país do mundo é uma grande potencia militar, um mundo assim é sempre um local com altos riscos, mas torna-se algo de muito perigoso quando entre os seus líderes existe alguém que, além de não saber o que faz, tem razões pessoais para estimular os conflitos.

Trump foi eleito sobretudo graças à estupidez e cegueira dos democratas e dos seus  companheiros "politicamente correctos". Será que os políticos americanos ainda vão a tempo de evitar o desastre?

Muller,  cuidadosamente tem reforçado o seu processo, para um momento em que ele possa vir a ser utilizado para um possível impeachment de Trump. Não será que Trump sabendo disso não vai entrar numa estratégia de "quanto pior, melhor"? Apostando tudo que num clima de guerra (ou pré) qualquer impeachment se torna impossível?

O incidente de ontem, com a prisão no Canadá da directora (e filha do dono) da Huawei, noutra conjuntura seria apenas mais um incidente, neste momento é uma declaração de Trump dizendo que não quer acordo comercial nenhum, ele quer apenas uma guerra ou a humilhação total da China. Apenas uma dessas duas coisas o pode salvar.

Trump, como criança mimada que é,  não terá nenhum escrúpulo em arrastar o mundo para o desastre, apenas numa tentativa de salvar a própria pele. Infelizmente isso nada tem de novo na Historia da humanidade, muitos outros o fizeram antes dele, mas nunca o que esteve em jogo foi tão importante, nem os riscos tão grandes.