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terça-feira, 27 de dezembro de 2016





A DIREITA E MARIO SOARES

Há muito que Soares é o saco de pancada preferido da direita portuguesa. Talvez por ter sido a figura maior de um período da história nacional, foi nele que a direita decidiu concentrar todas as suas desilusões com o regime, assim como as suas frustrações consigo propria.
Também eu nunca fui um apoiante de Soares, sobretudo nunca gostei da promiscuidade entre o mundo dos negócios e o da política, realidade que ele parecia encarar como uma prova de modernidade, por oposição ao rigor sombrio do velho "Botas". Embora aquela promiscuidade já venha dos tempos de Marcelo Caetano, foi de facto com Soares que ela começou a ser sentida pela opinião pública.
Apenas mais tarde tive consciência do que se passou com Cavaco e alguns dos seus amigos, e a verdade, é que ao pé deles Soares e companhia foram apenas uns "meninos do coro". Nos tempos de Cavaco, o seu ar sério e rígido, foram a cortina que nos impedia de ver a realidade, e que, de uma forma ou de outra, foi a protecção de muitas das actividades que, entre outras, vieram a engrossar a enorme crise que ainda vivemos. Isto já para não falar de outros e sobretudo de Socrates, e dos seus ainda mais estranhos amigos.
Mas não é tanto destes aspectos que a direita acusa Soares, para ela a coisa é mais grave, Soares é acusado de traição, mais específicamente de alta traição. É aqui que eu penso que a direita entra num processo que eu diria de "transferencia", ao pretender empurrar as suas responsabilidades para um terceiro. E Soares é o terceiro ideal para o efeito, apenas porque foi a grande figura política no pós 25 de Abril, e por isso, óbviamente, origem de todos os males nacionais mais recentes.
A verdade é que grande parte desta direita que acusa Soares de tudo, no Verão quente de 75 estava já em Copacabana, ou Londres, ou entre Lausanne e Berna, ou ainda conspirando inconsequentemente em Madrid, enquanto que por cá, a Igreja, o povo do norte, Soares, Jaime Neves e outros, lutavam para impedir a radicalização do regime.
Eu sou dos que pensa que o PCP nunca quis uma revolução sangrenta em Portugal, porque Moscovo a não queria (por demasiado cara para os seus interesses) e porque Cunhal era obediente e mandava mesmo, apesar disso, o perigo que se viveu em Portugal de descambarmos numa guerra civil e de assassinatos em massa, foram perigos reais, em especial por causa de Otelo, das FPs e de outros grupúsculos de assassinos que podiam ter sido o detonador de um processo imparável. Nesse período foi de facto necessária coragem para fazer frente ás ameaças, em especial por parte das figuras públicas, e Soares foi dos que a teve.
Mas ainda não é tanto pela "compreensão" para com o PC, que Soares é acusado, a grande traição foi a descolonização. Tudo correu mal por culpa de Soares, tudo poderia ter sido diferente, tudo poderia ter sido bem feito, tudo sem os enormes custos, pessoais, sociais, políticos e económicos que a descolonização indiscutivelmente teve. Este é o grande fenómeno catártico da direita portuguesa, ela fez tudo certo, só que Soares traíu o país e arrastou-o, a ele e às antigas "colónias", para a desgraça!
Para a nossa direita, Soares foi pior que De Gaulle, que entregou a Indochina e depois a Argélia, Soares entregou tudo.
A direita teve mais de 40 anos para encontrar uma solução para as "Províncias Ultramarinas" e nada fez, diz-se que Salazar tinha um plano que foi posteriormente escondido, diz-se...
Apesar de tudo isso, existe uma direita que acha, que, mesmo depois da "quartelada", e já sem tropas efectivamente no terreno, Mario Soares podia e devia ter feito em uns poucos meses, aquilo que ela, direita, não tinha feito em 40 anos, como Soares o não fez, logicamente, só pode ter sido um traidor.
Portugal precisa de ter uma direita, melhor, o país necessitaria mesmo de ter varias direitas, pelo menos uma direita conservadora e uma direita liberal, seria bom para Portugal, ajudar-nos-ia a pensar mais claro e a melhor preparar o nosso futuro. Mas para que o país possa ter as suas direitas são necessarias varias coisas, entre elas, que as direitas compreendam/assumam o nosso passado Salazarista, e também que assumam as suas responsabilidades pelo desastre da descolonização. Enquanto isso não acontecer, o país não terá uma direita e viverá entregue a esquerdas diversas.
A direita portuguesa necessita do divã de um psicanalista de alto nível, até lá será apenas um zombie, escondida atrás das suas desculpas, sem encarar os seus fantasmas.
Esta pseudo-direita que temos prepara-se para festejar efusivamente a morte de Mario Soares, continua sem perceber que ao fazê-lo festeja apenas o seu primarismo, a sua miopia e o seu crescente desnorte.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016



OS PALÁCIOS DA BANCA PÚBLICA

O palácio da CAIXA é de fazer inveja a Ceausescu, o futuro palácio do Banco de Portugal vamos ver, mas tudo leva crer que a festa vai continuar.
Como pode um país falido, permitir que um banco central sem moeda, e um pequeno banco (tambem falido), como é a Caixa em qualquer parte do mundo, se possam permitir a ter dezenas de milhares de metros quadrados para passeio dos seus administradores e serviços diversos de apoio?
Quando é que vai haver um governo com coragem para estancar este tipo de comportamento novo-rico à custa dos dinheiros públicos?
Será só a mania das grandezas que leva à construção destes palácios ou existirão outros interesses ainda mais escabrosos?