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terça-feira, 22 de dezembro de 2015


A VERDADE SOBRE O BANIF
O Banif foi, pura e simplesmente, um banco que nunca devia ter existido, o que faz dele um caso um pouco diferente, e sob certo ponto de vista mais grave, dos outros dramas da nossa banca.
Quem autorizou a criação do Banif? O país precisava de mais esse banco? O banco tinha a competência técnica necessária? Porque o BP aprovou a sua criação?
O Banif foi o coroar de uma carreira de sucesso de um empresário, dinâmico, corajoso, que sabia relacionar-se bem, e que no final, por sua iniciativa ou influenciado por outros, quis ser banqueiro. Tinha condições para o ser? Claro que não, mas no quadro nacional foi apenas mais um.
Tenho para mim que foi o Banif que matou Horacio Roque, quando ele percebeu o buraco em que estava metido, o coração pura e simplesmente não aguentou. Apesar disso, os sucessores, os gestores, o BP, os parceiros, e a propria imprensa, continuaram a fazer de conta de que ali existia um banco notável.
Quem ficou rico neste processo que vai custar alguns biliões a todos nós?
Como foi possível isto acontecer?
- primeiro a incompetência e corrupção nacionais
- depois a qualidade da nossa imprensa, que só vê o óbvio, sempre demasiado tarde
- adicione-se a pratica nacional de empurrar com a barriga todos os problemas delicados
- junte-se Bruxelas, que geriu os problemas da banca da Europa continental com incompetência total
Recorde-se apenas o que fizeram os EUA e o Reino Unido quando os problemas rebentaram, primeiro decidiram quais os banco que podiam ou não falir. Depois, os que foram considerados demasiado importantes para poderem falir e estavam em maus lençois, foram todos, pura e simplesmente, nacionalizados de imediato, sob diversas formas mais ou menos disfarçadas. Por esta via assegurou-se a estabilidade do sistema, e em pouco tempo todo o investimento público feito nesses bancos foi recuperado com ganhos para os Estados. Por cá, e também um pouco por essa Europa fora, todos sabemos o que se passou.
Desde 2010 que venho escrevendo isto, sem qualquer resultado prático, assistindo apenas ao desenrolar da incompetencia, das negociatas e da corrupção.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015



AGORA TUDO DEPENDE DO REI
Este é o grande desafio de Filipe, ou ele o vence, e assim consolida a sua imagem e posição como Rei de Espanha, ou, caso contrario, Filipe e o país terão tempos complicados pela frente.
A situação espanhola é extremamente complexa, aliás nunca deixou de o ser, sobretudo estruturalmente, mas agora também no ponto de vista conjuntural.
No ponto de vista estrutural a sempre presente questão das autonomias/nacionalidades, as ainda vivas feridas da guerra civil e a "vivacidade" do povo espanhol, representam riscos significativos em quadros de instabilidade. No plano conjuntural, o elevadíssimo nível de desemprego, os escândalos de corrupção, as exigências de Bruxelas e a urgência Catalã, acrescentam ainda maiores dificuldades potenciais ao quadro espanhol.
Aqueles factores, aliados a uma pulverização partidária, são uma boa receita para o desastre.
Como vai Filipe usar os poucos poderes que tem? Não existirão muitas saídas, mas ele pode ainda ser o articulador de uma solução que funcione, o que seria bom para Espanha e para a própria sobrevivência da monarquia.
O caminho mais seguro seria tentar promover um governo sem Rajoy, apoiado por PP e PSOE. Um governo de "crise, salvação, ou o que lhe queiram chamar", para fazer as reformas estruturais, resolver a questão catalã, e relançar a economia.
Para fazer uma coisa destas talvez não fosse mau Filipe começar por ver o que Cavaco fez recentemente, aí ficaria, pelo menos, com uma lição clara sobre tudo o que de errado se pode fazer.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015



MADURO CAI, LE PEN SOBE, TSYPRAS ENTREGA-SE
POR CÁ BE E PCP MANDAM

Até quando?
O PS dispôs-se a pagar qualquer preço para ser poder, terá por algum tempo o poder de distribuir favores aos amigos e pouco mais.
Em contrapartida teve de dar urgente prioridade nacional a toda a agenda de "medidas fracturantes" do BE, por mais idiotas que elas fossem, teve também de dar ao PC e à CGTP tudo quanto eles queriam e terá de continuar a dar o que eles ainda querem.
O PS julga que pode saciar os seus aliados, não pode, eles vão querer sempre mais. Mesmo depois das experiências de Maduro e Tsypras eles vão continuar a querer mais. Os ideais revolucionários não se detêm perante esses pequenos percalços da história, custem eles o que custarem aos seus povos.
Uma frente que o PS nem sequer teve a clarividência de liderar desde o nascimento e que deixou que o PCP comandasse, tinha de dar nisto. Uma Frente sem mesmo um Acordo sério entre os seus membros, não é uma Frente, é apenas uma ratoeira bem montada aos aventureiros do PS responsáveis por esta experiência sem "para-quedas", experiencia essa que o país vai pagar caro.
Quanto tempo homens como Centeno e Caldeira Cabral poderão sobreviver nesta aventura, subrepticiamente comandada por bolivarianos, trotskystas e estalinistas?

quarta-feira, 25 de novembro de 2015


PROVOCAÇÃO A CAVACO?

Apesar da qualidade das pessoas propostas não consigo compreender a proposta de ministério de Costa. Tratar-se-à apenas de uma provocação gratuita ao PR?
Um ministério com pai e filha, marido e mulher, parece ser uma coisa de governo africano. Era indispensável? O PS não tinha ninguém que pudesse substituir dois destes propostos?
A proposta para ministra da Justiça faz algum sentido? Não existem já problemas suficientes com Angola para corrermos o risco de arranjar mais alguns? Também aqui não é a qualidade da Senhora que está em causa, mas apenas o bom senso.
Por último, e menos grave, os Estrangeiros, mais uma vez a qualidade política e a inteligencia do proposto não estão em causa, mas era necessário propor para chefiar a nossa diplomacia o assumido "caceteiro-mor" do PS?
Não sou cavaquista e, como tenho escrito, não penso que ele tenha sido um bom presidente, em especial neste segundo mandato, e com destaque para este final, mas isso não justifica provocações sem sentido.
Qual o objectivo desta provocação quase que infantil?

domingo, 22 de novembro de 2015


A FUGA PARA FRENTE DE HOLLANDE

Hollande realmente nunca deixa de nos surpreender. Apesar do seu ar de piguinzinho saltitante, ele já provou uma enorme habilidade política e uma adaptabilidade total às circunstancias, isto para além da sua competencia como predador amoroso (para não dizer sexual). Agora vem a afirmação tronitante do seu caracter guerreiro.
O que leva o habilidoso Hollande a meter-se nesta aventura? Era indispensável neste momento ter tomado a iniciativa que tomou, fazendo relembrar Bush filho? Não teria sido melhor pesar com mais tempo e mais sangue frio, esta e outras possibilidades?
Tudo leva a crer que teria sido melhor esperar. Então porque é que Hollande, um homem de esquerda, desde sempre crítico de todo este tipo de movimentos, decide avançar? Os animais políticos têm destas coisas, são os votos, é a afirmação da autonomia francesa, são os interesses da industria, etc
É sempre "la Grandeur de la France", que com ou sem De Gaulle, continua a valer votos à esquerda e à direita, É o pânico e a necessidade de mostrar trabalho e capacidade de decisão. São os interesses da industria bélica francesa. É tambem a possibilidade de um sopro de aquecimento da economia. E, "last but not least", é a garantia de uma folga na pressão dos homens de Bruxelas.
Perante isto tudo, contra tudo o que ele e os seus companheiros, sempre pensaram e pregaram, Hollande decidiu avançar.
Estas escaladas militares sempre me assustaram, tanto as desencadeadas por governos de direita como pelos de esquerda, mas enquanto faz parte do ADN da direita o estudo da guerra, esse tema está longe de ser uma preocupação das esquerdas ocidentais, pelo que se trata de assunto sobre o qual elas sabem pouco e em que, com facilidade, caiem em erros maiores.
Dir-se-á que o maior erro dos últimos tempos foi o Iraque de Bush, é verdade, e também é verdade que à esquerda apenas Blair o apoiou. Não pretendo dizer que a direita não faz erros nesta área, mas apenas que o risco de a esquerda os fazer é igual ou maior, veja-se o caso do Vietname.
A comprovada habilidade de Hollande não está em causa. Para bem de todos nós esperemos que isso chegue.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015



PEDIDO AO PRESIDENTE

Senhor Presidente
O primeiro mandato de Vª Exª não foi brilhante, o segundo tem sido bastante desastrado, para dizer o mínimo.
O senhor tem gerido dossiers importantes de forma altamente discutível, mas o mais grave, tem sido a maneira como tem comunicado com os portugueses. O Senhor tem-no feito de tal modo que, mesmo quando tem razão, não convence os seus apoiantes, e provoca inutilmente os seus opositores, acabando apenas por contribuir para o mal estar geral, exactamente o oposto do que seria necessário e desejável.
Por isso lhe peço, que na próxima alocução que faça ao país não esqueça os seguintes aspectos:
-Todos sabemos que o Senhor é um catedrático importante, mas por favor não nos trate como sendo meros alunos, mais ou menos atrasados mentais, do mestre-escola
- Também todos sabemos que o Senhor é muito inteligente, que nunca se engana nem tem dúvidas, que já sabe tudo, que já estudou todas possibilidades há muito tempo, e essas coisas todas que o Senhor gosta de dizer. Mas como o Senhor não é o menino Tonecas, não precisa de estar sempre a lembrá-lo, por via das suas palavras e da sua postura. As nossas limitações não têm de nos ser relembradas a cada momento, Senhor Presidente.
- Se for capaz diga humildemente aos portugueses que atravessamos um momento difícil, e que o senhor, sem preconceitos, nem arrogância de qualquer tipo, está à procura da melhor solução para o país, que nos últimos anos já tanto sofreu.
O país não precisa de um Presidente importante e muito inteligente que fale grosso, o país precisa de um Presidente que nos convença que está preocupado com todos nós, que procura as melhores soluções e que tem confiança que em conjunto as encontraremos.
Mais cedo ou mais tarde, todos precisamos de colo. Para além disso, o Senhor precisa de não sair de Belém como o pior PR da nossa história.

PS - Já agora, se possível, não faça mais daqueles discursos infindáveis e com repetições diversas.


ACORDO? QUAL ACORDO? ESTAMOS A BRINCAR?
Todos sabemos que a Frente não tem acordo nenhum, primeiro dizia que tinha e não tinha nada, depois, à pressa e às escondidas, lá assinou três papeis, e dizem agora que têm um acordo.
Três papeis em que se evitam todos os temas polémicos e onde se acordam meia dúzia de pontos, não são mais do que um simulacro. Um simulacro não de um, mas de três acordos.
Nunca fui dos que agitou a ilegalidade ou ilegitimidade de um governo da Frente, só que para que essa legitimidade exista, tem no mínimo de existir um Acordo, público, claro, e garante mínimo de alguma governação, estabelecido e assumido por todos os participantes.
Como é que pode vir o PCP dizer que não sabe como irá votar a proposta orçamental do PS para 2016? Estamos a brincar?
Ninguém pode exigir à Frente que garanta estabilidade por quatro anos, mas já o primeiro orçamento está em dúvida??!!
O PS colocou-se numa posição de total dependência dos radicais, por este caminho dar-lhes-à tudo quanto quiserem,apenas para ser governo, mesmo correndo o risco de deixar o país no caos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015



OTELO, SUVs, FPs, VOLTEM, VOLTEM TODOS !!!

(AFINAL FOI ENGANO)

Com as suas novas amizades o PS inviabilizou hoje uma simples homenagem ao 25 de Novembro, no âmbito da Assembleia da República.
O PS diz que o seu governo será um governo dele, orientado pelos seus princípios, e que os acordos pontuais que fez com o PCP e BE, não porão nunca em causa nem o regime, nem a nossa integração internacional.
Como acreditar nisso se os seus parceiros todos os dias falam em nacionalizações, reforma agrária, acções de rua, etc E agora, para confirmar que eles é que mandam no calendário e nas acções do PS, pura e simplesmente obrigam-no a faltar à sessão de trabalho para estabelecer a cerimónia comemorativa do 25 de Novembro.
O PS ainda nem sequer é governo e quem manda é já a malta que Eanes, Melo Antunes, Vasco Lourenço e tantos outros, tiveram de afastar em 1975.
Vai bem o país!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015



MARCELO CANDIDATO À COROAÇÃO?

Compreende-se que Marcelo não queira ser refém dos partidos da centro-direita, que, para mais, também nunca o apoiaram de forma explícita. Um PR tem de mostrar capacidade de pôr sempre os interesses nacionais acima dos interesses, ou visões, dos grupos que apoiam a sua eleição. Mas Marcelo  também não pode ignorar donde poderá vir a grande maioria dos seus votos.
Apesar do imenso apoio de que dispõe à partida, Marcelo tem diversos problemas difíceis pela frente. Tem de se afastar da sua imagem de comentador, pelo que não pode continuar a falar sobre tudo e mais alguma coisa, o que tem conseguido fazer. Tem de se distanciar da imagem crispada e sectária de Cavaco, mas tem de o fazer com algum cuidado. Não pode deixar-se envolver pela direita mais "nervosa", mas tem de saber como não perder o seu apoio.
Marcelo decidiu fazer uma campanha de "one man show". Fez o lançamento num ambiente bucólico-campestre, invocando as suas raízes. Não entrou no jogo das listas de individualidades apoiantes, com apresentação formal num qualquer ambiente cosmopolito-cultural, como é habitual. Em Lisboa escolheu para o seu primeiro comício a Voz do Operário, o que deixou muita gente nervosa. Últimamente tem visitado todas as pequenas instituições de caracter social possíveis, fala com criancinhas e velhinhos, como se tivesse todo o tempo do mundo.
Pergunta-se, Marcelo quer ser eleito ou aclamado?
É que a aclamação vai ser difícil, nos tempos que correm. Isto mesmo que Marcelo, nas suas visitas, nos possa fazer lembrar D.Pedro V, o rei cuja morte precoce marcou o princípio do fim da monarquia.
Será que os salões de Vila Viçosa estão a perturbar Marcelo? A originalidade em política, não sendo forçosamente uma coisa má, tem um valor relativo, como o seu mergulho no Tejo fará lembrar.
Marcelo tem tudo para ser o novo Presidente, mas tem também a capacidade para estragar essa oportunidade.

domingo, 15 de novembro de 2015



A ESTUPIDEZ DA EUROPA

Derrubaram Kadhafi sem saber o que fazer a seguir.

Destruíram a Síria, por ação e omisão, para derrubarem um dos poucos estados laicos da região. Outra vez sem saber o que faziam.


São amigos íntimos da Arábia Saudita e dos Estados do Golfo, que financiam todo o fanatismo religioso muçulmano.

Não controlam os emigrantes radicais que têm dentro de casa, nem a entrada de novos.

Julgam imprescindivel às suas sociedades, o apoio declarado ao humorismo contra os fanáticos, seja qual for o preço a pagar, por quem quer que seja.

Espantam-se que o apoio à Srª Le Pen continue a crescer.

Haverá becos com saída?

domingo, 8 de novembro de 2015



PORQUE VAI SER UM DESASTRE
Ao contrario do que tem sido dito pela direita o problema não é o de uma hipotética ilegitimidade, imoralidade, ou até ilegalidade de um governo da Frente de esquerda. O problema é o seu programa.
A coisa à primeira vista até está bem disfarçada, pode mesmo parecer que se trata apenas de uma pequena adaptação do programa do PS. De facto não se trata de nada disso, na verdade converteu-se um programa que continha alguns riscos de gastos excessivos, que poderiam vir a ter de ser "resolvidos" posteriormente, num outro programa em que àqueles riscos se veio juntar o engessar da economia, e este é um mal que levará muito tempo a curar, e envolverá custos muito altos para o país.
Nem tudo é mau neste programa, a solução encontrada para o salário mínimo e as isenções temporárias de TSU, são muito melhores que o disparate que o PS se preparava para fazer.
Mas a idiotice de teimar na baixa do IVA da restauração, conjuntamente com a grande aceleração da reposição dos vencimentos dos funcionários públicos, e a eliminação total da sobretaxa do IRS, vão pesar muito no orçamento e levarão a aumentos das taxas de alguns impostos e à criação de outros, que muito provavelmente não irão originar receitas adicionais face à fadiga fiscal nacional. Ou seja, tudo leva a crer que vamos ter um exercício orçamental com um grande aumento da despesa, e cheio de receitas hipotéticas que nunca se concretizarão. Consequentemente, iremos de novo entrar em deficits excessivos.
Mas pior que tudo o que foi dito atrás será o engessamento da economia, o PCP, o grande vencedor desta manobra de Costa (que, como o outro, bem pode dizer orgulhosamente "paizinho, sou 1º ministro e salvei os teus camaradas"), ganhou em toda a linha. A reversão das privatizações na área dos transportes, o reforço da contratação colectiva, e a revisão da legislação laboral mais recente, levarão a que qualquer veleidade de vender Portugal como destino de investimento estrangeiro e nacional, não passe de um exercício inútil.
Este programa levará inicialmente a algum aumento do consumo privado, o que por si só será uma coisa boa, esperemos que apenas a um pequeno aumento do deficit comercial do país, mas as contas públicas irão derrapar e com elas a dívida pública, e ao mesmo tempo o investimento irá estagnar.
Já é indecoroso estar sempre a falar-se em novo resgate, mas que dentro de um ano a economia nacional será um molho de brócolos, disso não tenho dúvidas. A ver vamos.
PS
No texto acima eu falo em "manobra de Costa", mas de facto esta foi desde o início uma manobra do PCP. Deveria ter sido de Costa, se ele tivesse tido a inteligencia de lançar o desafio da frente de esquerda logo na noite eleitoral, aí ele teria controlado todo o processo, da forma como o fez acabou nas mãos do PCP.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

CAVACO E O GOVERNO DE COSTA.
Caso o desastre se confirme, só restará ao PR, depois de todas as outras trapalhadas, uma coisa a fazer.
O PR não pode correr o risco de no futuro vir a ser acusado de ter dado posse precipitada a um governo com um programa mais ou menos ruinoso para o país.
Por isso não bastará que Costa e Companhia lhe apresentem um programa, esse programa terá de ter sido, previamente e de forma clara, sancionado e apoiado pelo PS, no mínimo por via da sua Comissão Política.
É absolutamente necessário que fique claro para toda a população portuguesa que todo o Partido Socialista está por detrás desse programa e o apoia, para que amanhã não reste sombra de dúvida sobre as respectivas responsabilidades.


ANGOLA
O tempo está esgotar-se.
Se as diversas partes, em especial o governo de Angola, não conseguirem encontrar o caminho efectivo para o desenvolvimento equilibrado do país, não apenas as suas elites irão sucumbir, mas a própria sobrevivência de Angola como país uno estará em risco.
Os interesses em jogo, externos e internos, são demasiado grandes, para que se possa pensar que o caos a prazo é algo de evitável, se o país não conseguir dentro de pouco tempo entrar numa evolução, faseada mas rápida, no sentido da criação de uma economia e de uma sociedade saudáveis, que sirvam as necessidades do seu povo.
Não sou dos que pensam que a riqueza das elites angolanas é toda ela ilegítima, se olharmos a história da Europa pré-democrática até finais do século XIX, , o processo de apropriação da riqueza nacional não foi por aqui muito diferente do processo angolano.
O que torna grande parte dessa riqueza totalmente ilegítima é o facto de ela só marginalmente ter sido posta ao serviço do desenvolvimento económico e social do país. Riqueza gasta em produtos de luxo, ostentação nova rica, propriedades no exterior, e investimentos sem sentido, não só não produz desenvolvimento, como cria revolta.
A "elite-pensante" angolana sabe disto, sabe também quais as medidas e os grandes projectos que podem mudar e salvar Angola, assim como sabe quais os diversos parceiros de que necessita para os concretizar. Porque essa elite não tem a coragem de o fazer? São as lutas internas de interesses míopes que o impedem? É a letargia de velhos paralisados? Ou é mesmo a esclerose total do sistema?
O medo de Luaty, segundo a polícia angolana, advém do facto de ele não ser um, mas muitos. Mas isso não pode ser factor de bloqueio da renovação angolana, antes pelo contrario.
Eles devem ter razão, existem talvez muitos Luatys, uns serão demasiado radicais para poderem ajudar qualquer processo de renovação do país, mas a maior parte deles é não apenas necessária, mas será mesmo indispensável, a essa renovação.
Assim haja coragem da "elite-pensante" para concretizar um projecto para salvar Angola, integrando nele todos quantos possam contribuir de forma positiva para o seu sucesso.
Aquele que é talvez o país mais rico do mundo, em termos de potencial agrícola, mineral e energético, não pode sucumbir por causa da miopia, da cupidez, ou da paralisia dos seus filhos, e em especial das suas elites.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

PORQUE A ESQUERDA ESTÁ TÃO NERVOSA?
Independentemente dos pormenores da intervenção do PR, a sua decisão foi a esperada, a única com sentido, e a que resguarda a nossa democracia. Esta posição foi aliás, defendida nos últimos dias por todas as melhores cabeças da nossa esquerda.
A justeza desta posição é ainda maior porque, para além da Frente ser uma novidade pós-eleitoral com poucos dias, até agora ninguém viu nenhum programa, nenhum acordo, ou sequer uma simples folha de papel que fosse, sobre as suas intenções. Até agora o que ouvimos foram tudo, e apenas, bocas soltas.
Independentemente do repentino voluntarismo de Costa isto não é um simples jogo de sobrevivencia individual.
Como não existe de facto acordo nenhum, amanhã até Costa poderia ser empurrado a ter de concordar com propostas impossíveis de última hora , táctica aliás muito apreciada por estalinistas e trotskystas, propostas essas a que ele acabaria por não poder fugir, lançando o país no caos.
Pergunto então, porque está a esquerda tão nervosa? Será que ela sabe coisas que nós não sabemos? Será que temos novo Partido a aparecer em cena? Será que ela sabe que dentro de dez dias todas as suas hipóteses se terão esfumado?
Veremos

quarta-feira, 21 de outubro de 2015


PORTUGAL, UMA CUBA TRISTE?
O sonho do PCP é fazer de Portugal uma Alemanha igual à de Honecker, o sonho do BE é fazer de nós algo de parecido com a Venezuela de Chavez, na média teremos alguma coisa como Cuba. O que o PS pensa não contará, porque o PS apenas quer a ilusão do poder, e algumas benesses.
O actual ministro francês da economia, Macron, quando Hollande lançou a sua política económica inicial, disse que o sonho da França era ser uma Cuba sem o calor, nem as praias dela. Depois Hollande caíu em si e mudou tudo, teve a "lata" e a coragem de o fazer, e pôde fazê-lo porque França ainda é rica e poderosa, apesar disso, só o fez depois de ter paralisado a economia francesa, de ter originado uma enorme emigração fiscal e de deixar a Srª Le Pen ultrapassar o PSF.
Sem o poder económico e político de França, Portugal seria apenas uma Cuba triste, muito triste, sem as suas temperaturas, nem a sua sensualidade.
Nós, o país mais endividado do mundo, na nossa aventura cubana, iríamos assistir ao rápido fechar da maioria das nossas empresas, já hoje tecnicamente falidas, e com elas dos nossos bancos, agora "apenas" em estado comatoso. Os números do desemprego rapidamente ultrapassariam os da Grécia e de Espanha e a falência absoluta do Serviço Nacional de Saúde seria inescapavel. Quanto às pensões, salários da função pública e apoios sociais, esses até poderiam subir 100% ou mais, em lugar da simples reposição, de qualquer modo eles, pura e simplesmente, não seriam pagos.
Para sua glória máxima. o BE e o PCP, conseguiriam pôr-nos fora do Euro. Antes mesmo de o Costa/Kerensky perceber sequer o que se passava, chegaria um discreto convite de Frankfurt, disfarçado de qualquer outra coisa, a agradecer a nossa participação, e reconhecendo que dado o nosso estado deveríamos experimentar outras vias...

segunda-feira, 19 de outubro de 2015


ATÉ TU, MENDES ??!!
O disparate corre solto na política portuguesa, começou nos próprios políticos e rapidamente se estendeu aos comentadores.
Primeiro foi Costa que perdeu a sua grande oportunidade de apresentar a Frente de Esquerda na noite eleitoral, o que lhe teria dado poder efectivo dentro e fora do partido, e só o veio a fazer dois dias depois, já enfraquecido, o que o leva à perigosa situação de passar a ser conduzido pelos acontecimentos.
Depois foi Cavaco, que naquele tom habitual em que diz lugares comuns com o ar de quem inventou a roda, fez uma declaração ao país, que aliás deve ter conseguido a unanimidade da irritação de todo o eleitorado, na linha da sua obsessão com uma estabilidade que ele em nada contribuíu para criar, e que teve como único resultado "entalar" Passos.
Depois foi Passos, que entalado por Cavaco, entrou em negociações totalmente surrealistas com o PS, abrindo caminho para os truques de pequena política, mais ou menos suja, em que Costa é comprovadamente bom.
O disparate de imediato se transmitiu aos comentadores, da direita à esquerda, que vão da perplexidade ao golpe de estado e deste ao contra-golpe (ou vice-versa).
Agora foi Marques Mendes, que apresentou uma proposta que seria o maior tiro no pé que a Centro-direita poderia fazer em tempo algum.
Propõe MM, que no caso de um governo da Frente ser empossado, fiquem desde logo marcadas eleições para meados de 2016.
Seria possível dar melhor presente à Frente de Esquerda? Ter a responsabilidade de governar apenas por seis meses e logo depois ter eleições, por imposição de um Presidente da direita??
Por muito incompetente que seja, qualquer governo consegue disfarçar durante seis meses, e pior, pode distribuir benesses diversas durante esse tempo, ainda antes que os controles Comunitários lhe caíam em cima. Esta seria a melhor solução para dar quatro anos e meio a um governo que poderia ser totalmente incompetente.
Com uma garantia dessas não haveria PS que não quisesse a Frente de esquerda!!!!

terça-feira, 13 de outubro de 2015


SÓ CENTENO NOS PODE SALVAR
Pode pensar-se que um governo de esquerda na sequência destas eleições seria ilegítimo, ou imoral, ou o que se queira, mas a verdade é que ele seria Constitucional.
Para além de Constitucional é inegável que uma experiência de esquerda seria importante para a evolução do sistema político português, acabando com os partidos de protesto.
As consequências partidárias para o PS, que iria atraiçoar uma parte do seu eleitorado tradicional, ou para o eleitorado de protesto que votou BE, serão contas a pagar por esses partidos em próximas eleições, o que não me preocupa.
O que me preocupa é que o país tem ainda reformas indispensáveis de modernização a fazer, reformas que não fará com um governo apoiado pelo PCP e BE. Ainda ontem a Intersindical o deixou bem claro.
Um governo de esquerda conseguirá em dois anos pôr o país de volta a 2011, à Troyka e a todas essas coisas. Costa pode não o saber, Centeno sabe-o certamente, e ele é o único que o pode explicar a Costa.
Se Centeno tiver tanta pressa de ser ministro, como Costa tem de ser Primeiro-ministro, estaremos perdidos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015


PORQUE COSTA NÃO FOI O VENCIDO/VENCEDOR?

(Ou o discurso que Costa não fez na noite eleitoral)
Camaradas!
Em 1º lugar quero agradecer a dedicação e o esforço que todos no Partido puseram nesta campanha. A todos o meu eterno obrigado.
Em 2º lugar quero cumprimentar a Coligação, e os partidos que a constituem por terem sido a força política mais votada.
Em 3º lugar quero assumir pessoalmente inteira responsabilidade pela derrota de hoje. Não atingimos os nossos objectivos e o único responsável de isso ter acontecido fui eu.
Por último e mais importante, não posso deixar de destacar a leitura que faço dos resultados eleitorais.
Para além do facto de a Coligação de direita ter sido a força política mais votada embora sem maioria, é clara a existencia de uma maioria de esquerda com mais de 62% dos votos.
Esta maioria resulta para já apenas de um exercício aritmético, não corresponde a uma maioria política, e a nossa história tem demonstrado a dificuldade de passar de uma a outra.
No entanto, o PS, como a maior força da esquerda portuguesa, tem o dever moral de tentar construir essa maioria política, mesmo sabendo da sua improbabilidade e das dificuldades de um processo desses.
O PS nunca deixou de assumir as suas responsabilidades com o País, com o povo português e com os nossos ideais de esquerda, e continuará a fazê-lo.
(Aí suponho que a sala já estaria a aplaudir de pé)
Mas não julgue ninguém que nos poderá utilizar apenas para nos desgastar e nos abandonar nos momentos difíceis da governação, o PS não servirá nunca de mero trampolim para as ambições de quem quer que seja.
Antes de qualquer negociação, o PS deixa desde já bem claro que não abdica de nenhuma das suas responsabilidades no quadro europeu, no que respeita à moeda única, à dívida pública, ou aos tratados europeus. O PS orgulha-se de ser um pilar da construção europeia, com os seus acertos, falhas e correcções e não será nunca um factor de instabilidade desse grande projecto.
Também para nós é claro que qualquer acordo à esquerda, apenas poderá ser estabelecido com base no programa de governo apresentado pelo PS ao eleitorado.
Portanto só poderá existir uma maioria de esquerda, no quadro das nossas responsabilidades no ambito europeu e no enquadramento do nosso programa de governo.
Assim, manifesto desde já a minha disponibilidade para negociar com o PCP e o BE, um acordo para a formação de uma maioria política de esquerda, que respeite o quadro que descrevi.
O PS dedicará toda a proxima semana a essas negociações se tal for necessário. Após o que, caso não haja sucesso, o PS assumindo as suas responsabilidades de grande partido português, estará então, e só então, disponível para viabilizar um governo da Coligação.
O PS nunca será uma força de bloqueio, temos demasiada história e sentido das responsabilidades para o poder fazer.
Nunca alinharemos em coligações negativas.
Ou a esquerda tem capacidade para estabelecer uma maioria política construtiva, ou não iremos brincar às maiorias.
Mas deixo desde já à Coligação o mesmo aviso que deixei ao PCP e ao BE, o PS não servirá de trampolim para ninguém, o PS assumirá as suas responsabilidades como sempre fez, mas não será nunca usado para benefício de outras forças, ou de outros ideais.
Hoje é um dia histórico, que abre caminho a tempos menos sombrios dos que aqueles que temos vivido.
VIVA PORTUGAL!
VIVA O PS!
(Aí, suponho que Costa teria sido levado em ombros.)
(Porque Costa não fez isto?)


COISAS DE CAVACO

Elas já são habituais, umas mais ou menos inofensivas, salvo para o ridículo do próprio, outras mais graves e esta agora gravíssima. Não há ninguém em Belém que consiga controlar o senhor?
O país tem neste momento duas maiorias, uma de esquerda com mais de 60% e outra, pró-Euro, com tudo o que isso implica, de mais de 70%.
Só que aquelas duas maiorias são meramente aritméticas, não são maiorias políticas convertíveis em coligações governamentais. Digo que não são convertíveis em coligações, não óbviamente porque tal não seja possível em teoria, mas porque para que uma coligação possa funcionar tem de haver um nível mínimo de confiança entre os coligados, o que claramente não existe, e não poderá existir no futuro mais proximo, nem na maioria de esquerda, nem na maioria pró-Euro. E todos sabemos que essa confiança não se estabelece de um dia para o outro, por decisão Presidencial, ou pelas saudades de poder de João Soares.
Os inúmeros exemplos europeus de coligações com vários partidos, têm origens históricas completamente diferentes das nossas, são países onde normalmente existem quatro ou cinco partidos centrais, que ao longo dos tempos se têm aliado de diversas formas, e em que, portanto, todos os acordos são possíveis.
A nossa história é a de três partidos centrais e dois outros contra o sistema. As coligações seriam bem mais fáceis em Portugal se os nossos 70% pró-Euro, os tais "centrais", estivessem distribuídos por quatro partidos em vez de três, na prática tenderia a haver acordos em que um ou dois partidos ficariam de fora, quase que de forma "rotativa".
Para bem ou para mal, também a possibilidade da solução tipo Bloco Central, está afastada, pelo menos na actual conjuntura e com os actores de serviço.
A somar àqueles problemas temos o facto de Portugal estar numa situação económica e financeira muito grave, embora não suficientemente grave para justificar um governo de "Salvação Nacional", o que torna muito mais perigosa qualquer tipo de "experiência". Não é tempo para amadorismos, invenções ou experiências.
Neste contexto não se pode querer estabilidade e durabilidade, qualquer tentativa de durabilidade levará a uma coligação contra-natura, pelo que resta procurar a estabilidade.
Vamos ano a ano, entretanto muita coisa pode mudar.
Até pode ser que venhamos a ter quatro partidos centrais, mais cedo do que se espera...

quarta-feira, 7 de outubro de 2015


A CAMPANHA OCIDENTAL DE PUTIN
Não, não se trata de uma campanha militar (pelo menos para já!), trata-se de uma operação de confusão da opinião pública ocidental, que já começou há algum tempo mas que a partir da intervenção russa na Síria tem vindo a crescer.
Ao contrario da maioria dos ocidentais não sou Putin- fóbico, acho mesmo que o Ocidente tem muita culpa na deterioração do relacionamento internacional no que respeita à Rússia.
Foi aquela deterioração que acabou por gerar as difíceis situações em que estamos, na Ucrânia, na Síria, na Líbia, nas ondas imigrantes, etc. Problemas esses que ainda não sabemos até onde irão, e que poderão ficar totalmente fora de controle.
Farto de ser constantemente flagelado dentro da Rússia por ONGs diversas, todas elas totalmente "independentes", e dedicadas às melhores e mais diversas causas humanitárias, Putin tem vindo há já bastante tempo a montar uma rede de comunicação no Ocidente com o fim de "devolver" o bom tratamento que tem recebido da comunicação Ocidental.
Em alguns países a Rússia já comprou mesmo alguns jornais, mas o meio privilegiado de intervenção tem sido a internet e as redes sociais. Apenas agora essa "rede" começou a produzir informação em quantidade, embora eu julgue que estamos apenas numa fase de teste de várias experiências, e ainda não dentro de uma campanha totalmente estruturada.
Quem esteja atento, tem reparado nas diversas novas newsletters de origem desconhecida dedicadas à geopolítica, assim como de notícias nas redes sociais, entre o totalmente forjadas e as apenas muito parcialmente verdadeiras.
No Facebook, hoje foi um dia rico para os "exercícios" desta campanha, lembro-me de três, mas certamente houve muito mais:
- Obama vira o púlpito onde está a falar e sai porta fora (totalmente fake)
- A força aérea chinesa junta-se à russa nos ataques na Síria (igualmente fake)
- Os ataques russos resolveram a questão em três dias, o que o Ocidente não fez em mais de um ano (no mínimo uma divagação)
Tempos interessantes, vamos ver se não demasiado perigosos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

COSTA DEMITE-SE?
Demitir-se porquê, depois de uma vitória tão difícil contra a direita? Vitória clara porque para a direita apenas a maioria absoluta servia, sem ela que vai fazer essa direita?
Todos sabem como ele se esforçou nesse combate desigual que foram estas eleições, todos sabem da sua garra, da sua disponibilidade, da sua vontade, de servir o país e o partido.
Agora é tempo de o partido decidir se o quer no Parlamento a continuar a sua luta contra a direita, o que fará com o mesmo espírito de combate e de serviço que tem tido até aqui. Ou se, em alternativa, o partido o quer como candidato presidencial, onde com a sua longa experiência, tem todas as condições para ser um candidato vencedor, numas eleições que não estão inquinadas à partida como estas estavam.
Cabe ao partido decidir onde ele poderá ser mais útil. Como sempre, ele estará disponível para se empenhar totalmente em qualquer batalha que lhe seja atribuída, com o mesmo espírito de serviço ao país e ao partido, com humildade, com energia, e com disponibilidade total para todos os combates

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

CONTRA A EUFORIA
Há alguma garantia? Já se ganhou alguma coisa? Mesmo que a coligação vença, o problema fica resolvido?
Eu sei que as sondagens têm sido sempre positivas, sei também que o PS tem tido uma estratégia suicida, sei ainda que já faltam apenas três dias.
Mas será este o tempo de euforias e festa? Não será que este é o tempo crucial para o "sprint" final? É preciso ganhar indecisos, é necessário convencer hesitantes, é imprescindível mobilizar "preguiçosos".
Se o PS não tivesse radicalizado a sua posição, uma "boa maioria" seria suficiente, o país poderia ser gerido por dois ou três anos com base em acordos inter-partidários, mas com a radicalização do PS isso será impossível.
Ou a coligação vence com maioria absoluta, ou iremos entrar de imediato num período de grande instabilidade, que é exactamente aquilo que o país não pode ter neste momento.
A maioria absoluta da Coligação, que noutro contexto poderia ser dispensável, foi tornada uma necessidade imprescindível pela actuação do PS.
É agora necessário o esforço final, só com ele a vitória será conseguida. Apenas esse esforço poderá garantir que o país não vai rapidamente entrar em forte instabilidade institucional.
Deixem a festa para depois.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A BOMBA ATÓMICA DE COSTA  (FB  26/9/2015)
Depois de um início de mandato atabalhoado, seguiu-se uma pré- campanha em que as gaffes se sucederam.
Por fim António Costa lá fez um bom debate contra Passos, mas logo depois voltou a enredar-se em confusões diversas.
No entanto o pior veio recentemente. Quando foi evidente que não conseguia arrancar nas sondagens, Costa jogou aquilo que ele julga ser a sua bomba atómica. O PS não viabilizará nada à direita, seja governo, seja orçamento, seja o que for, nada.
Assim Costa coloca o PS na pior das posições, ou tem uma maioria absoluta em que ninguém, nem ele, acredita, ou vai governar à esquerda.
Mas como é que Costa vai governar à esquerda com um programa neoliberal que ele tanto anunciou, embora não tenha compreendido?
Então Costa anuncia desde já que vai trair o eleitorado que votar no seu programa?
Mas se é assim, a tal bomba atómica não será sobre a sua própria cabeça?
Não será que Costa não destrói qualquer hipótese de o PS ter qualquer voto útil? Apenas um que seja?
- A parte do eleitorado de centro que habitualmente vota PS, não o vai fazer porque sabe que o PS terá um outro programa desconhecido que irá negociar com o BE e/ou PCP. A grande maioria destes eleitores irá votar na Coligação.
- A ala centro esquerda do eleitorado do PS, sem saber o que aí vem, vai dividir-se entre a abstenção e a Coligação.
- O eleitorado de esquerda que por vezes vota útil no PS não terá razão nenhuma para o fazer, já que sabendo que ele se irá aliar à esquerda o melhor é garantir que o faça nas piores condições possíveis, e usarão os seus votos para reforçar o peso negocial dos seus partidos de coração.
- Por esta via Costa e o PS vão ficar apenas com os votantes de "camisola" do Partido, aqueles que votarão sempre no PS, aconteça o que acontecer.
Com a sua bomba atómica, Costa arrisca a dar ao PS a pior derrota da sua história.
PORQUE COSTA GANHOU?  (FB 10/9/2015)
Não vale a pena fazer de conta que não foi assim, António Costa ganhou o debate de ontem. Face à situação difícil em que a campanha do PS se encontrava a vitória no debate era era vital para ele e para o partido.
Se assim não tivesse sido a única questão que se poria neste momento seria a de saber se a coligação iria, ou não, ter a maioria absoluta. O PS estava desmoralizado, o eleitorado não tinha confiança em Costa, e por isso ele sabia que só sobreviveria se o debate lhe corresse bem, e de facto correu.
O que agora importa à coligação é analisar porque o debate correu mal a Passos e corrigir os erros: Costa não fez nada de inesperado, não disse nada que não fosse expectável, porque é que Passos acabou por ficar paralisado à defesa?
- Passos estava mal preparado?
- Passos estava demasiado optimista?
- Passos estava cansado?
Ser um Primeiro-ministro em funções tem inconvenientes, os problemas do dia a dia do país continuam, no seu espírito, a ter prioridade sobre as necessidades de campanha. Enquanto Costa está 100% focado na campanha e com ar relaxado Passos estava cansado e claramente desfocado.
O debate foi obviamente mal preparado, por ele ou pelos assessores. Sendo conhecidos todos os pontos em que Costa ia atacar, e atacou, porque nunca Passos teve respostas curtas com impacto televisivo? Mesmo os ataques de Passos foram pouco claros e muito embrulhados no passado de Socrates.
Pessoalmente, julgo que Passos terá ido demasiado optimista para o debate, pensou que seria apenas "mais fácil do que uma ida ao Parlamento".
Na prática Passos desprezou o adversário, e quando levou o primeiro "murro no estômago" perdeu o controle do jogo. Ainda por cima, este tipo de debate com tempos de resposta muito curtos não é o ideal para Passos, o que o deveria ter obrigado a uma muito melhor preparação.
Lições para a próxima: humildade, foco, preparação
A campanha poderia ter "acabado" ontem, não foi assim, agora está tudo em aberto, tudo pode ainda acontecer.
A campanha começou ontem
QUANTOS ISIS ENTRE OS REFUGIADOS?  (FB 3/9/2015)
Poucos, muito poucos, uma insignificância certamente, mas é evidente que aquele movimento não vai perder uma oportunidade destas.
Deve esse facto mudar o que pensamos em relação aos refugiados? 
Certamente que não, as questões se que devem pôr são outras: 
-Estamos preparados para detectar os infiltrados e impedi-los de fazerem grandes estragos? 
-E sobretudo, estamos preparados para não entrar em paranóia quando a "tal desgraça" acontecer, e não passarmos de repente a ver um ISIS em cada refugiado?
Quando se entrega a política às emoções os perigos são muitos, por isso é necessário ter desde já, a frio, as respostas para o que se vai seguir.
A CRISE QUE APENAS ESTÁ A COMEÇAR  (FB 3/9/2015)
Mais uma vez a Europa vai correr atrás dos acontecimentos, que aliás em grande parte ela própria criou. A ficção de uma hipotética e burocrática diferenciação entre refugiados e imigrantes, para gente que vem daquelas paragens, provar-se-á ser apenas apenas desculpa para mais burocracia e para a falta de uma política e de uma estratégia de actuação.
Em Março de 2010 escrevi:
A LÍBIA E O CINISMO OCIDENTAL
Kadhafi é um louco perigoso, já fez muito mal ao mundo enquanto teve espaço para navegar entre os grandes poderes mundiais, e depois, continuou com a sua arrogância cabotina e ridícula, comprando as venais amizades dos seus antigos inimigos.
Agora Kadhafi vai cair, mas não por ser um assassino ou por neste momento comportar riscos especialmente importantes, ele vai acabar porque está fraco, e o Ocidente que sempre o odiou (com toda a razâo) pode enfim deixar cair a mascara, e atacar o seu ex-parceiro de negócios diversos.
Ao contrario da União Soviética e agora da China, que sempre apoiaram de forma sistemática e incondicional todos os amigos que suportassem os seus interesses, os países ocidentais, enredados no seu discurso das liberdades acabam por ter grandes hesitações sempre que têm de fazer o contrario do que apregoam, o que acontece inúmeras vezes, quando os seus interesses não coincidem com o referido discurso. Por tudo isso o Ocidente apesar de ser um parceiro poderoso e rico, é pouco confiável e imprevisivel.(1)
Kadhafi não vai cair por ser um perigo, os alegados massacres parecem ter existido tanto quanto o arsenal de destruição em massa de Saddam, e também não seria isso a preocupar o Ocidente, como outros massacres agora em curso o não preocupam. Kadhafi vai morrer porque perdeu o poder, porque Cameron é um jovem político ambicioso, porque Sarkozy é uma velha raposa perseguida, e porque relutantemente Obama acabou por alinhar em mais esta aventura.
A primeira parte vai ser fácil, um passeio mais ou menos acidentado até tomar conta de Tripoli. O difícil vai ser depois, gerir umas quantas tribos mais ou menos incontroláveis, e a partir daí construir um estado moderno, e com base nele, na Tunisia e outros países, criar um novo Norte de África que seja uma barreira efectiva à pressão demográfica sobre a Europa. Essa será a parte difícil, que eles não vão fazer, e provavelmente vão até agravar a situação já existente.
Quando tanto se fala de dívidas inter-geracionais, essa é a verdadeira dívida por saldar que vamos deixar às novas gerações. Quando chegar a hora da verdade serão elas que terão de explicar aos novos poderes mundiais o papel do "homem branco" e das suas contradições, mas pior, tal como Kadhafi agora, elas então já não terão qualquer poder, e como sempre a versão final será a dos vencedores.
(1)- A este propósito não resisto a recordar Ceausescu, terá sido por acaso que o único líder do antigo bloco de leste que foi fuzilado tenha sido o único "amigo" do Ocidente?
OS MERCADOS VÃO CAIR? A GRÉCIA E A CHINA  (FB 7/7/2015)
Tudo leva a crer que sim, só que a Grécia nada tem a ver com isso.
Nas últimas duas semanas os mercados accionista e de matérias primas desabaram mais de 30% na China,uma queda muito substancial. Apesar das importantes decisões tomadas pelas autoridades chinesas não é certo que se consiga conter rápidamente o pânico gerado.
Até agora os mercados accionistas europeus e americano têm sofrido quedas relativamente pequenas, entre os 4 e os 9%, mas não é líquido que consigam escapar ao contagio chinês.
Ao sucedido na China acresce que os mercados accionistas, sobretudo nos USA, já há muito tempo que são considerados sobrevalorizados, pelo que se espera a qualquer momento uma correcção significativa (de 10 a 20%).
Como é evidente nunca se sabe exactamente como e quando de facto acontecerá aquela queda. No entanto, este parece o momento ideal para que tal se verifique, pois ao problema na China acresce a entrada em período de férias e consequente queda da liquidez nos mercados, o que os torna potencialmente mais voláteis.Nada de grave, correcções habituais nos mercados, desta vez desencadeada pela China.
Claro que se esta queda se verificar nos próximos dias o gáudio à esquerda será geral, toda a crise será considerada como originária no modo como se lidou com a crise grega, e orgulhosamente a Grécia dirá que abalou a economia mundial!
Como é habitual, a esquerda e a Grécia dirão que foi a cauda que abanou o leão!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A REVOLUÇÃO GREGA E PORTUGAL
Ao contrario do que tem sido dito Tsipras não é o bipolar, ingénuo, incompetente, inconsistente, etc que tem sido anunciado, ele parece-me mesmo ser o único competente no meio desta ópera-bufa europeia que vai acabar em tragédia, grega e não só.
E o mais estranho é que ele sempre disse ao que vinha. Os pequenos objectivos de simples melhoria de vida das população, são claramente objectivos pequeno-burgueses desprezíveis para ele, o seu objectivo foi sempre a revolução, a mudança radical da sociedade grega e se possível europeia, a bolivinização da Europa.
Ainda pouco tempo antes de ser governo, Tsipras afirmou: " o nosso objectivo não é o socialismo imediato, mas apenas o princípio do fim da Europa tal como a conhecemos", lembrando então que faria como fez Chavez, "nós não pedimos o voto no socialismo, nós pedimos o voto para uma mudança real na vida das pessoas, e assim gradualmente as pessoas irão se aperceber que o socialismo é uma boa idéia, tal como aconteceu na Venezuela".
E quando o sonho é grande, e os objectivos também, que interessam os meios utilizados? as mentiras apregoadas? as alianças com quem quer que seja? os custos do processo para as populações? Nada disso é relevante quando a História nos chama para uma missão regeneradora da humanidade!
Assim já pensaram muitos antes dele, com os resultados que se sabe, Lenine foi o primeiro estratega que adaptou o pensamento de Maquiavel aos tempos modernos e que com o dinheiro americano fez a revolução Russa, depois os seguidores foram muitos à direita e à esquerda, com destaque para Hitler e Mao.
A base é sempre a mesma, confundir o inimigo, depois fatiá-lo e finalmente aniquilar qualquer suspiro oposicionista, da forma mais radical que for possível, ao mesmo tempo que se vai negando toda a realidade porque se sabe que os burgueses bem instalados darão tudo para não ter que tomar iniciativas difíceis e irão sempre acreditar até chegar a vez deles. Ao fim e ao cabo trata-se apenas de cozinhar rãs em lume brando.
Como tenho dito, e apesar de toda a propaganda em contrario, em termos económicos o facto de a Grécia sair da zona euro não enfraquece a zona, antes pelo contrario, as questões dos perigos da "geometria variável`e outras não têm qualquer fundamento, apenas a saída de uma grande economia ou de um grupo de economias afectaria de forma significativa a solidez da zona euro. Esse é apenas mais um mito que a Grecia com os seus amigos tem conseguido vender, e em que os mercados farão de conta acreditar enquanto isso der dinheiro para ganhar.
Dentro da zona Euro os campeões da Grécia têm sido Juncker e França, agora já menos Juncker. Fora da zona Euro temos os ingleses, que como sempre não querem pagar nada mas que acham que nós temos de pagar para amparar o país que eles inventaram para chatear os turcos. e os americanos que querem fazer mais uma vez o que já fizeram em muito lado, ou seja, alimentar um pequeno animal perigoso na doce ilusão que assim se estabiliza a área, quando o que vai acontecer é o contrario, o animal vai virar grande e vai pôr todo o espaço em polvorosa.
Todos sabemos da importância geopolítica da Grécia, em especial agora, mas julgar que ao apoiar as pretensões de Tsipras se está a contribuir para a estabilizaçao da região isso é uma idiotice sem fim, pior que o dinheiro que os americanos deram a Lenine, ou que a ingenuidade de Chamberlain com Hitler.
No meio disto tudo não sei se a Comissão Europeia e os governos europeus tencionam continuar a ser os palhaços desta história, mas se tencionam fazê-lo Portugal vai ter agora de assumir de forma clara e pública uma posição sobre esta situação.
Portugal tem de deixar claro que, ao contrario do que se tem dito nada tem contra que à Grécia sejam dadas condições especiais, dado que a Grécia está na pior situação entre os países da zona euro, mas que a bem do processo europeu e da protecção dos nossos interesses, só aprovará medidas que signifiquem alterações nos montantes, nas maturidades e no nível dos juros da dívida grega que proporcionalmente se apliquem também ao caso português. Qualquer outro caminho, além de injusto para Portugal seria consagrar dentro da Comunidade o prémio à indisciplina.
Já que, que por culpa das instituições comunitárias tudo isto vai acabar muito mal, pelo menos não sejamos os parvos da história.
A ZONA EURO ESTÁ MAIS FORTE
Ao contrario de todos os disparates que se têm dito por aí, o facto de a chantagem grega não ter sido aceite não enfraquece o Euro, pelo contrário, reforça-o.
Isto porque uma moeda que é partilhada por um vasto e crescente número de estados só poderá ter credibilidade se viver sob regras claras e não ao sabor de chantagens individuais de qualquer estado membro.
Se a Europa tivesse cedido ao jogo grego teria morto o Euro a prazo mais ou menos curto. Teria ficado claro que, de chantagem em chantagem, a moeda iria morrer.
O que estava, e continua em causa para a Europa, não é o pagamento das dívidas astronómicas do Sul, que toda a gente sabe que são mais ou menos impagáveis. O que está em causa é que a Europa necessita de acabar de construir o sistema que permitirá que grande parte dessas dívidas venha a ser "absorvida" de forma natural por vias diversas, até lá as dívidas continuarão a constar das contabilidades nacionais dos países devedores e não existe alternativa a essa realidade.
Neste processo ficou claramente provado que a via que o Syriza pretendeu seguir não leva, nem levará, a lado nenhum, esperemos que o aviso seja compreendido por todos. A via Syriza foi inútil e negativamente agressiva, só justificável caso o objectivo real do Syriza fosse de facto a saída do Euro e até da Comunidade Europeia, criando uma situação de expulsão por culpa dos países ricos a explorar políticamente. Esta possível estratégia para uma saída revolucionária, é uma hipótese que ainda está de pé, os próximos dias nos esclarecerão...
Em termos práticos o que resta como lição para os outros países é que se podem conseguir alguns pequenos sucessos no âmbito comunitário usando linhas de negociação mais duras, desde que tal se faça com moderação. Para ir para além daqueles pequenos ganhos, apenas conseguindo criar grupos de pressão constituídos por vários países se poderão almejar objectivos mais importantes.
O único grande problema que a questão grega representa para a Europa é geopolítico, por causa dos Balcâs, da Turquia, da Rússia, do Mediterrâneo Oriental, das ondas migratórias, etc Mas também neste quadro ceder ao Syriza não era garantia de melhorar a situação, antes pelo contrario. Por incompetência, ou propositadamente, o Syriza até conseguiu desperdiçar o único trunfo efectivo que tinha.
O Euro está mais forte. Isso quer dizer que os mercados vão ficar calmos? Não forçosamente, é da natureza dos mercados a instabilidade, a agitação, e acontecimentos como estes têm muito a explorar, mas será tudo fogo de artifício, de facto nada de grave aconteceu.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015




JUNCKER E A GRÉCIA


Juncker é um político na linha de Barroso, apenas mais simpático e sem o ar de boxer aposentado do português.
Ao dizer que são políticos da mesma linha  isso nada tem a ver com opções partidárias, mas apenas com o seu comportamento político, com isto  quero dizer  que Juncker tem  tão poucas ideias como Barroso e simultâneamente tem  a mesma habilidade política, o mesmo jogo de cintura. Tratam-se enfim de dois virtuosos do jogo político que fizeram as suas carreiras com base nisso e não têm qualquer outro projecto ou ideal, para além da própria carreira.

Perante esta realidade que se pode esperar de Juncker face a qualquer situação delicada? Obviamente que nada, tal como aconteceu com Barroso, primeiro porque não tem conhecimento profundo dos dossiers, segundo porque para este tipo de políticos a solução será sempre a que no imediato seja a mais fácil.
É por estas razões que Juncker aceita qualquer coisa vinda da Grécia, porque nem sequer sabe bem o que está em causa, e também porque a última coisa que ele quer é ter de gerir uma situação como seria a de uma saída da Grécia do euro, sobretudo no início do seu mandato.

Se Juncker fosse um político com P grande, saberia que este é um bom momento para correr o risco de uma saída de um país do euro, apesar de ainda não estar montado todo o sistema da união monetária, grave seria isso acontecer numa altura em que os mercados estivessem em polvorosa.
Mas Juncker quer apenas sobreviver e por isso está aberto a todo o jogo de chantagem que a Grécia queira fazer, se não forem os estados membros a controlar a situação vamos ter desastre.


O NEOLIBERALISMO NA EUROPA -I


Não vou falar de Von Mises, nem de (Von) Hayek, a minha intenção aqui é bastante mais prosaica.

Vou falar desse neoliberalismo que é a política que os partidos socialistas praticam depois de ganharem eleições.
E também daquele outro, mais radical, que aqueles mesmos partidos praticam depois de terem tentado concretizar os seus programas eleitorais, e a que apressadamente recorrem, a meio dos seus mandatos, tentando não sucumbir à derrota eleitoral que se aproxima. Deste segundo caso Hollande é o melhor exemplo, que chegou mesmo ao ponto de passar a governar por decreto-lei, para acelerar as reformas neoliberais que ele abjurara, e por via desse artifício  evitar o desgaste público nas suas hostes.

Enfim, o neoliberalismo filho de Margaret Tatcher, e que levou a que ela dissesse que o seu maior orgulho era o New Labour, seu enteado talvez.
Sim, o neoliberalismo, "esse monstro, desumano, capitalista, perverso e fonte de todos os males" das nossas sociedades...

Agora sem ironias. O neoliberalismo está longe dos verdadeiros liberais libertários que odeiam o estado sob qualquer forma e que pensam que o principal papel do cidadão é vigiar o pouco estado que tenha de existir  O neoliberalismo é sobretudo um sistema não dogmático que conhece os perigos e a falta de capacidade dos estados para actuarem  de forma sistemática em todas as áreas da vida social e que por isso julga que fora das áreas que são da sua  competencia especifica, justiça, defesa e segurança o papel dos estados tem de ser analisado, discutido e decidido cuidadosamente, para bem da sociedade.

Como foi possível surgir já na segunda metade do século XX o neoliberalismo? Ainda por cima no Reino Unido com todas as suas tradições de apoio social e sindicais?

Este movimento resultou do efeito conjugado de dois acontecimentos com características opostas. Por um lado o alívio do fim da 2ª Grande Guerra encheu as populações de esperança, era o fim de tempos muito duros, era o momento das classes trabalhadores tomarem nas suas mãos os destinos da sociedade, é esse fenómeno que leva à inesperada derrota eleitoral de Churchill perante os trabalhistas. Mas simultâneamente, esse é também o tempo do princípio do fim do domínio económico da Europa sobre grande parte do 3º mundo.

Assistimos assim no pós guerra  ao surgimento do peso político das classes trabalhadoras e dos seus sindicalistas , em simultâneo com a perda de importância económica gradual da Europa no contexto mundial.
Aquela perda de importância deriva do aumento do peso  de outros poderes económicos actuando em espaços que anteriormente eram de "exploração" europeia quase exclusiva,  com destaque evidente para os Estados Unidos, mas também para outros estados e para os novos movimentos e estados independentes.

Poder-se-ia quase que dizer que o desenvolvimento do estado social se dá no pior momento histórico possível, exactamente quando a Europa deixa de poder com facilidade transferir acréscimos dos seus custos de produção para os seus mercados cativos. Este é o problema original do chamado Estado Social, a que no futuro se viriam a juntar outros

Mas na época,  o optimismo em relação ao futuro, conjugado com o poder económico  de que o Reino Unido ainda dispunha, permitiram  montar um sofisticado e caro estado social, estado esse não parou de crescer, tornando-se um peso cada vez mais difícil de suportar para uma sociedade que entretanto empobrecera em termos relativos.

Os  custos crescentes do estado social, por um lado, e a força cada vez maior dos sindicatos, por outro, conduziram à quase paralisação da economia do Reino Unido. A modernização era entravada pelos sindicatos, a despesa pública absorvia cada dia porções maiores do PIB,e tudo isto acontecia ao mesmo tempo em que o poder de exportar a qualquer preço se ia reduzindo.

É neste cenário que surge Tatcher. De braço de ferro em braço de ferro, a dama de aço, consegue limitar o poder dos sindicatos, controlar a despesa pública e relançar e modernizar a economia.
Ainda hoje odiada por uns, venerada por outros,  Tatcher foi o grande agente modernizador do Reino Unido, tendo desencadeado um processo que acabou por ser continuado pelos próprios trabalhistas com o New Labour.

Esta é a origem do neoliberalismo, a que os países da Europa continental foram resistindo e aplicando apenas esporádicamente em doses homeopáticas, até à crise de 2008.  Com excepção do caso alemão, aspenas quando a realidade se impõe e  são mesmo  obrigados a eliminar os bloqueios, corporativos e outros, que entravam a modernização e o crescimento, os países do continente recorreram à medicina neoliberal, tal como foi o caso da súbita e recente conversão francesa.

domingo, 22 de fevereiro de 2015





      A QUESTÃO GEOPOLÍTICA GREGA - PUTIN GANHA SEMPRE

       Já se percebeu que para a Europa não existe um problema económico com a Grécia, o país pode falir, sair do Euro, e mais o que quiser, que tudo isso não será mais do que uma beliscadura na economia europeia, que em menos de um mês estará esquecida. Nesse caso haverá, então sim, uma enorme crise humanitária na Grécia, que a Europa não vai poder ignorar, mas cada coisa a seu tempo.

       No ponto de vista geo-político a questão é muito mais complicada, mas a decisão não será também muito difícil, dado que não existe uma solução boa resta escolher a menos má. A escolha é entre viabilizar um projecto Chavista na Europa, ou deixá-lo desenvolver-se fora da Europa numa zona geográfica já muito complicada e importante para nós.

      A escolha parece-me clara, é preferível um problema junto às nossas fronteiras, por mais delicado que isso seja, do que um cavalo de Troia dentro de casa. Não que o problema dentro de casa leve a uma revolução Chavista na Europa, não é essa a questão, a razão é muito pior, o Chavismo em dois ou três países levará à radicalização na Europa, provavelmente mesmo a guerras civis, e isso será o caos, e o fim do projecto europeu.

       Se a Europa hoje viabilizar a aventura do Syriza, não o obrigando a seguir o essencial das regras comunitárias (certamente com adaptações), podemos dizer desde já adeus ao sonho do projecto de uma Europa una e democrática. Os nacionalismos estarão de volta, com as personagens habituais.

       No meio de tudo isto o grande vencedor é Putin, qualquer solução é boa para ele, Troia seria melhor porque destablizaria e radicalizaria, a solução da Grécia fora só destabiliza, de qualquer modo um ganho importante.

      Se a Europa sobreviver ao dia de hoje , é melhor começar a pensar a sério numa política de defesa.