A VERDADE SOBRE O BANIF
O Banif foi, pura e simplesmente, um banco que nunca devia ter existido, o que faz dele um caso um pouco diferente, e sob certo ponto de vista mais grave, dos outros dramas da nossa banca.
Quem autorizou a criação do Banif? O país precisava de mais esse banco? O banco tinha a competência técnica necessária? Porque o BP aprovou a sua criação?
O Banif foi o coroar de uma carreira de sucesso de um empresário, dinâmico, corajoso, que sabia relacionar-se bem, e que no final, por sua iniciativa ou influenciado por outros, quis ser banqueiro. Tinha condições para o ser? Claro que não, mas no quadro nacional foi apenas mais um.
Tenho para mim que foi o Banif que matou Horacio Roque, quando ele percebeu o buraco em que estava metido, o coração pura e simplesmente não aguentou. Apesar disso, os sucessores, os gestores, o BP, os parceiros, e a propria imprensa, continuaram a fazer de conta de que ali existia um banco notável.
Quem ficou rico neste processo que vai custar alguns biliões a todos nós?
Como foi possível isto acontecer?
- primeiro a incompetência e corrupção nacionais
- depois a qualidade da nossa imprensa, que só vê o óbvio, sempre demasiado tarde
- adicione-se a pratica nacional de empurrar com a barriga todos os problemas delicados
- junte-se Bruxelas, que geriu os problemas da banca da Europa continental com incompetência total
- primeiro a incompetência e corrupção nacionais
- depois a qualidade da nossa imprensa, que só vê o óbvio, sempre demasiado tarde
- adicione-se a pratica nacional de empurrar com a barriga todos os problemas delicados
- junte-se Bruxelas, que geriu os problemas da banca da Europa continental com incompetência total
Recorde-se apenas o que fizeram os EUA e o Reino Unido quando os problemas rebentaram, primeiro decidiram quais os banco que podiam ou não falir. Depois, os que foram considerados demasiado importantes para poderem falir e estavam em maus lençois, foram todos, pura e simplesmente, nacionalizados de imediato, sob diversas formas mais ou menos disfarçadas. Por esta via assegurou-se a estabilidade do sistema, e em pouco tempo todo o investimento público feito nesses bancos foi recuperado com ganhos para os Estados. Por cá, e também um pouco por essa Europa fora, todos sabemos o que se passou.
Desde 2010 que venho escrevendo isto, sem qualquer resultado prático, assistindo apenas ao desenrolar da incompetencia, das negociatas e da corrupção.
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