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quarta-feira, 19 de outubro de 2016





O ORÇAMENTO É MAU ?

Não sou especialista, nem estudei os nossos orçamentos dos últimos anos, mas na verdade não me lembro de nenhum orçamento que tenha ficado conhecido como bom.
Mesmo Cavaco Silva, professor de finanças públicas, terá feito talvez um dos piores orçamentos pós 25 de Abril, o orçamento feito para "comprar" a segunda maíoria nas eleições de 1991, um orçamento que teve custos altos e prolongados para o país.
O orçamento 2017 é apenas mais um orçamento "habilidoso", como a geringonça nos vem habituando, o que por si só não é mau, mas encerra perigos, porque os efeitos, directos e indirectos de muitas" taxas e taxinhas", com muitas regras e excepções, são por vezes difíceis de calcular e podem ter consequências perversas e inesperadas sobre a economia.
É até ironico que seja um governo de esquerda a apresentar um orçamento cheio de impostos indirectos, aqueles que a direita adora, mas que nunca teve coragem de apresentar e pelo qual seria apedrejada na praça pública, como autora incompetente de um orçamento tecnicamente mau, ineficiente e socialmente injusto.
Não sei se este orçamento é bom ou mau, mas o governo sabe.
Se é um orçamento que vai conseguir a redução do deficit à custa do investimento público, como o anterior fez, ele não será apenas mau, ele será péssimo, outra vez a mesma receita será imperdoável.
Se for um orçamento que consiga aumentar o investimento público e reduzir o deficit, ele será sem dúvida um bom orçamento.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016



O PECADO ORIGINAL DE COSTA

Continuo a pensar que o grande erro de Costa foi logo na noite eleitoral não ter deixado claro o convite ao BE e PCP para apoio a um governo do PS.
Assim, Costa teria marcado o timing, logo nessa noite tería saído em ombros da sede de campanha, e depois, rapidamente, sem o longo parto que foi a geringonça, ou estaria a governar com o programa do PS, ou poderia acusar a esquerda de ter viabilizado o governo da PAF, e reinaria absoluto na oposição.
Por razões diversas Antonio Costa não o fez, e por essa via pôs o país, o PS, e ele próprio num caminho extremamente dificil e perigoso.
Via dificil e perigosa porque as exigencias do BE e PCP desvirtuaram por completo o programa económico do PS, assim como introduziram uma enorme desconfiança nos investidores, tudo isto agravado pelo facto de que, para satisfazer simultaneamente as exigencias dos seus parceiros e as exigencias europeias quanto ao deficit, o governo teve também de travar a fundo o investimento público. Ficámos assim num país em que o investimento, que já era pequeno, se reduziu ainda substancialmente, tanto a nível privado com público, o que conduziu ao "desastre" do crescimento do PIB.
Esta "habilidade" de conseguir distribuir dinheiro para consumo, em especial aos funcionários públicos, sem afectar o deficit, só tem sido possível por via do aumento dos impostos indirectos e da reduçao do investimento público, o que pode ser uma via engenhosa ,mas que tem vida curta e custos enormes para a economia, a curto prazo, mas sobretudo a prazos mais longos.
Como é óbvio os parceiros do PS são insaciáveis, tanto mais que um "puxa pelo outro", e o governo vai ter que pagar facturas cada vez mais altas, e por essa via a estagnação da economia nacional será crescente, e o país será levado a um beco sem saída, que é o objectivo claro, embora não declarado, dos radicais do BE e PCP.
Costa tem mostrado uma habilidade política notável, uma calma invejável, e até também capacidade de lidar com alguns dossiers difíceis, mas tudo isso de nada servirá nem a ele, nem ao PS, nem sobretudo ao país, se continuar a ser condicionado pelas exigencias dos parceiros. Aquelas exigencias estão já a paralisar a economia e depois levarão o país aos caos, como aliás eles sempre quiseram.

terça-feira, 11 de outubro de 2016



SALGADO, ZEINAL E A PT

Numa entrevista recente Ricardo Salgado veio dizer que não foram os 800 milhões do financiamento ao GES por parte da PT, que destruíram a empresa.
Desta vez Salgado até tem razão, apesar de toda a sangria que a PT já tinha sofrido ao longo dos anos, não chegaria um golpe de "apenas" mais 800 milhões para acabar com ela.
Mesmo sendo aquela argumentação correcta, ela em nada altera o carácter criminoso do referido financiamento ao GES, e não o iliba, nem a ele, nem a Zeinal, nem aos outros que tornaram essa operação possível.
Mas mais importante ainda é que Salgado e Zeinal, para além de responsáveis por aquela operação, foram também responsáveis pela operação que, essa sim, destruíu a PT, e que foi a forma como foi negociada e concretizada a entrada no capital da OI.
A declaração de Salgado seria assim, quase como a de um assassino que argumenta que não foi a sua primeira facada que originou a morte da vítima, "esquecendo" entretanto de mencionar que a facada fatal também fora dada por ele mesmo.
Toda a gente sabia que a OI era uma empresa duplamente complicada, primeiro porque era uma má empresa (descapitalizada, tecnologicamente atrasada, com inúmeros vícios, etc), segundo, porque era controlada por accionistas "complicados". Neste quadro, qualquer negociação com vista uma entrada no capital da OI, ou fusão com ela, teria de ser feita com os maiores cuidados, isto supondo a existência de uma justificação segura para esse investimento.
As pressões políticas para a concretização do negócio da OI terão sido grandes, mas mesmo que assim tenha sido, tal não pode justificar a dimensão dos erros que se sucederam.
Que responsabilidade teve Salgado na operação? Apenas a de confiar em Zeinal? (porque embora Salgado formalmente nada tivesse a ver como assunto, dado que não era nem sequer administrador da PT, de facto tinha sido ele que "nomeara" Zeinal para a PT e o recebia a "despacho" no BES). Foi Salgado traído por Zeinal? Ou será que Salgado teve envolvimento pessoal directo na operação e nos seus detalhes?
Quanto a Zeinal as responsabilidades são claras e ineludíveis, nem o argumento de ter sido enganado poderia colher, porque embora Zeinal não seja o "génio da finança" que gostava que constasse por aí, era um gestor tecnicamente competente e com grande experiência neste tipo de operações. Porque se "enganou" Zeinal? Pressões políticas e "outras" de caracter urgente? Excesso de confiança? Acabou enganado pelos accionistas brasileiros? Ou será que Zeinal não se enganou, e tudo decorreu conforme ele previra e programara? Ou...?
Passado todo este tempo continuamos sem respostas,e à boa maneira portuguesa parece que já todos esquecemos.
Esquecemos a PT, como esquecemos o BCP, a CIMPOR, o BPN, a CGD, o BES, o BANIF e outros.
Devem ter sido qualquer coisa como 50 biliões (cinquenta mil milhões) perdidos, portanto nada com significado para um país rico como o nosso..
E o pior é que tudo vai acontecer de novo, porque, pura e simplesmente, mais uma vez nada mudou, nem a CMVM, nem a responsabilização dos gestores.



Foto de Eduardo Correia de Matos.

domingo, 9 de outubro de 2016



SEPARADOS À NASCENÇA?

Os dois venceram sozinhos, cada um à sua maneira, cada um a sua batalha. As suas vitorias não foram vitorias de partidos ou de instituições, foram claramente pessoais.
O que existe de comum entre estes dois homens? Que forças os animam? O que os aproxima e o que os afasta?
No aspecto físico as diferenças entre eles são grandes e crescentes, até porque enquanto Marcelo emagrece, Guterres engorda, mas de resto em tudo parecem semelhantes.
São homens da mesma geração, que convergiram nas concepções social-democratas, católicos praticantes, ex-alunos brilhantes, trabalhadores incansaveis, conhecidos pela inteligência e pelo dom da palavra, ambos com perfis "muito políticos", os dois com baixo perfil executivo, dois corredores de fundo ambiciosos, duas personalidades que com facilidade criam empatia, dois resilientes à solidão pessoal, etc
Apenas uma característica importante os afasta, enquanto Guterres sempre foi uma figura bem comportada, Marcelo só agora parece ter conseguido controlar a sua proverbial "traquinice". Para além daquele aspecto, o que os afasta parece ser muito pouco, pequenas diferenças ideológicas, diferentes níveis de extroversão, formação académica diferente, percursos também diferentes, mas tudo somado muito pouco.
Será esta uma receita para o sucesso político em cargos não executivos? (Já que para cargos executivos os perfis mais "rústicos" parecem mais adequados)
E se, nas passadas eleições presidenciais, o duelo entre os dois tivesse acontecido? Que bom teria sido assistir! Que teria restado depois de uma intensa luta fratricida?
Ter-se-ia perdido um SG da ONU, mas teríamos satisfeito uma curiosidade que nunca mais poderá ser esclarecida.