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sexta-feira, 5 de julho de 2019


A DIREITA E OS TIROS NO PÉ

A direita adora usar a esquerda como o bode expiatorio dos seus erros e incompetencia. Enquanto a nossa direita não tiver a coragem e a clareza de espirito para admitir e analisar os seus proprios erros, não irá a lado nenhum e continuará apenas a responsabilizar a "perversidade" da esquerda por todos os seus falhanços.
Não vou aqui tentar elencar todos os erros da nossa historia, nem o saberia fazer. No entanto não posso resistir a uma rapida revisão daqueles que considero os nossos maiores erros. Existiu um "erro Maior", que pode ser imputado às nossas direitas da época e que nos afectou para semprei. Foi, no Sec XVI , o erro do apoio à Inquisição e à expulsão dos judeus, judeus estes que depois foram elemento preponderante no construir da Holanda moderna e até de Nova Iorque. Aqueles erros tiveram também culpas na aventura de Alcácer-Quibir e em tudo o que se seguiu, influenciando directamente a vida nacional por mais de dois séculos.
Para lá daquele erro Maior, todo o nosso seculo XIX é uma vergonha para as nossas direitas. Como foi possível que depois de o país ter sido destruído pelo grande Terramoto, depois de invadido pelas tropas de Napoleão, depois da independencia do Brasil e com ela da perda de metade das nossas elites, como foi possível que, depois de tudo isso, durante todo o sec XIX e inicio dos sec XX, as nossas direitas se tenham degladiado todo o tempo em guerras de arlequim e mangerona, acabando por levar à queda da monarquia e à entrega do poder a uma esquerda mais ou menos jacobina?
Aquela foi a grande prova da capacidade da nossa direita de se afundar de erro em erro, até ao suicido, capacidade essa que parece continuar bem viva.
Depois daqueles dois grandes erros, passemos a erros mais recentes que afectaram o país, embora de forma menos gravosa que os dois anteriores, e que acabaram por prejudicar de maneira mais significativa a própria direita, reduzindo o seu espaço para encontrar novas soluções políticas para o país.
Neste contexto destaco três momentos especiais do antigo regime:
- no pós 2ª Guerra mundial, Salazar, com a sua enorma habilidade politica e com o apoio de grande parte da direita, consegue evitar uma transição controlada para a democracia, mantendo o seu poder total sobre o regime e o país
- no início dos anos 60, a direita dos negocios e os ultras "travaram" Adriano Moreira (1959/63), que deixa o governo sem conseguir avançar com a suas reforma do sistema colonial
- no inico dos anos 70 as direitas bloqueiam.se umas às outras, dos liberias aos ultras passando pelos marcelistas, e torna-se impossivel encontrar soluções negociadas para a questão ultramarina, tendo-se criado assim o campo ideal para o 25 de Abril
Depois da revolução, apesar de ter sido uma época dificil para a direita portuguesa, esses anos não foram tempos de erros especialmente significativos, isso apesar da instabilidade constante que se verificou também dentro da própria direita. É só depois, com a estabilização, que regressam os tiros no pé da direita, agora mais erros de perda de grandes oportunidades do que de mergulhos no desastre. É então que vêm os tempos das sucesssivas oportunidades perdidas, com Cavaco, Barroso/Santana e Passos Coelho
- Cavaco Silva liderou um primeiro governo minoritário de grande sucesso, seguido de dois governos maioritários de qualidade rapidamente decrescente. Na verdade Cavaco Silva conseguiu finalmente acabar com a economia "a caminho do socialismo", mas avançou pouco no processo de liberalização da mesma. e para ganhar a segunda maioria "comprou" os votos dos funcionários públicos com medidas que ainda hoje pesam muito nos custos da administração pública. O seu tempo foi também o do estabelecimento do "lobby do betão",que veio a minar a economia e a desenvolver a corrupção que quase tomou conta do país
- Depois de alguns anos de interregno, a direita voltou ao poder com Durão Barroso que rapidamente "desertou" para Bruxelas, seguido de Santana Lopes que, com as suas habituais trapalhadas, deu a Jorge Sampaio os argumentos necessários para o demitir
- Mais alguns anos depois, com a crise económica, a direita volta com Passos Coelho, que teve as condições ideais para fazer as grande reformas à tanto tempo adiadas, mas que se ficou pelos mínimos em termos de reformas e pelo máximo no que respeita ao desgaste da população. Mais uma vez a direita, com a teimosia de Passos, a falta de qualidade da sua equipe, e uma política de comunicação desastrosa, voltou a perder outra enorme oportunidade se ser o grande agente de modernização do país, por um período de dois ou três mandatos
Apesar de todos os erros de Passos Coelho, a direita apenas "morreu na praia" (ou seja, não muito longe da maioria absoluta), mas o grave é que essa direita parece não ter compreendido nada do que se passou e a partir daí decidiu investir tudo no rápido regresso do diabo, que para azar da sua estratégia parece tardar e com o qual já nada irá ganhar, se ele vier a chegar.
Perante todos estes desaires seria de esperar que a direita conseguisse parar para pensar, mas nada disso, não há nada para pensar, a esquerda faz jogo sujo e tem é de ser "eliminada", quanto mais depressa melhor. A isto se resume todo o sofisticado pensamento da nossa direita, fortemente coadjuvada por uma serie de elementos vindos da extrema-esquerda, hoje cegos de ódio pelas respectivas origens.
Com a qualidade desta direita é óbvio que a esquerda nem necessita de ser boa, ou mesmo razoável, ser apenas menos má é já mais que suficiente para se eternizar no poder.
Foi neste quadro que se desenrolou o triste espectaculo das eleições europeias em que o erro clamoroso na questão dos professores, e as campanhas quase histéricas de Cristas, Rangel e Melo, conduziram a direita a mais um desastre (como é evidente, sempre por culpa da esquerda).
No entretanto Rui Rio tem feito de avestruz, surgindo apenas esporádicamente com frases e silêncios tão redondos como incompreensíveis. Tudo isto enquanto no PSD se agitam um sem fim de pretensos candidatos à liderança.
Recentemente, Rui Rio parece ter querido dar prova de vida e repentinamente acordou com umas revolucionarias listas eleitorais e o anuncio de um programa eleitoral vigoroso que irá apresentar, tudo parece pouco, tardio e confuso, mas mais vale tarde do que nunca.
Como tenho defendido, o melhor que poderia acontecer ao país, seria o PSD ficar em condições de obrigar o PS a um Bloco Central, que finalmente fzesse as reformas, que a direita nunca fez.e de que o país precisa.
Se assim não for, seguir-se-á o PS, ou uma Nova Geringonça sucedendo à velha, até ao dia em que seja a vez do BE conquistar o poder, com um projecto bolivariano (de recorte europeu, já pretensamente civilizado) e a nossa direita finalmente volte a tornar possível uma solução jacobina para o país.
Será que se pode ver alguma luz ao fundo do túnel desta direita? Não vejo nenhuma, vejo apenas nuvens crescentemente negras.
Á direita, apenas Marcelo Rebelo de Sousa, tem algum prestigio politico e consciencia do país real, no entanto ele é hoje odiado por uma parte significativa da nossa direita, que quase o considera um "traidor" a eliminar.
Não sou fã do estilo presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa, ou melhor não gosto dos exageros de beijos, abraços, selfies, intervenções e palpites, mas ao contrario de muita direita julgo que ele tem sido um bom Presidente.
Julgo mesmo mais, uma geringonça com um homem como Sampaio da Novoa na Presidencia, teria sido um desastre para o país e ter-nos-ia posto no caminho de uma qualquer aventura Bolivariana. Será que a direita compreende isso? Julgo que parte significativa da nossa direita não o compreende, não compreende nem quer saber, para ela Marcelo é apenas um presidente com um comportamento duvidoso e portanto a eliminar, depois logo se vê.
Esta direita que desde o séc XVI inúmeras vezes não viu nada além do seu próprio umbigo, parece voltar a estar de novo nessa situação, mas desta vez corremos riscos bem maiores do que o de entregar o país a uma esquerda jacobina como já fizemos uma vez. As condições internas e as questões geopolíticas são agora bem mais complexas do que então, isto apesar da aparente segurança que o quadro da Europa comunitaria nos parece oferecer..
Que Deus, ou os deuses, iluminem esta direita completamente perdida, parece já ser a única salvação possível.

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