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terça-feira, 7 de julho de 2020



TAP - À CONTA DO SONHO IMPERIAL
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Há mais de 30 anos, em 1988 ou 89, eu andava a pressionar o então Ministro da Obras Públicas, João Maria Oliveira Martins, no sentido de se avançar com a privatização da TAP (na época eu era Secretario de Estado dos Transportes Exteriores e das Comunicações).
Talvez já um pouco farto de me aturar, um dia o ministro diz-me: "na próxima semana o Cavaco vem cá almoçar comigo e você vem também e fala sobre a TAP".
A minha esperança de convencer Cavaco Silva era perto de zero, tratava-se apenas de ver se conseguia alguma abertura para estudar a questão.
À maneira de Cavaco, quando o assunto não lhe interessava, fazia de conta que mal ouvia, nem sequer levantava questões ou pedia mais informação, simplesmente mudava de assunto. Assim foi também com a TAP.
Depois de umas dezenas de anos e de muitos milhares de milhões perdidos, chegámos à situação actual.
Com a evolução do transporte aéreo mundial a racionalidade das companhias de bandeira foi desaparecendo gradualmente.
No nosso caso, com a descolonização e depois da grande operação que foi o regresso dos "retornados," a TAP, ou era totalmente reestruturada e redimensionada, ou convertia-se no elefante branco em que se converteu.
Ironicamente, reestruturar a TAP provou ser bem mais difícil do que todo o processo de descolonização, ou até que o redimensionamento das Forças Armadas, apesar de terem sido estas que fizeram a revolução.
A TAP sempre foi uma empresa com muitas e diversas "tetas", onde à esquerda e à direita muita gente se foi alimentando.
Os diversos responsáveis que foram passando pela empresa sempre souberam navegar muito bem no meio de interesses diversos, desde os sindicatos que na pratica impediam o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade dos serviço prestados, até às Regiões Autónomas com as suas exigências que eram utilizadas pelas sucessivas administrações da TAP como "prova da indispensabilidade da sua existência."
A TAP foi assim sobrevivendo, ao serviço de interesses corporativos e outros, sem qualquer racionalidade empresarial.
Apenas com a chegada da "gestão brasileira" à empresa em 2.000, pela primeira vez se introduziu alguma racionalidade na gestão da empresa.
Infeliz e inexplicavelmente, foi essa mesma gestão que decidiu a compra da empresa de manutenção no Brasil (VEM), que se converteu no novo grande cancro da TAP.
Aquela aquisição veio anular todas as vantagens que tinham sido obtidas com a melhoria da gestão corrente e com o reforço da presença no mercado brasileiro, presença essa que permitiu até a Lisboa tornar-se um Hub de alguma importância no eixo Europa-América do Sul.
Depois da apressada privatização feita pelo governo de Passos Coelho, aquela "administração brasileira" foi substituída por uma nova administração que apostou tudo numa expansão muito agressiva e alavancada da empresa, aproveitando uma conjuntura mundial extremamente favorável e procurando desta vez fortalecer a presença também no Atlântico Norte.
O sonho de transformar Lisboa num Hub importante a nível internacional, mesmo sem que a cidade tivesse um aeroporto para tal, chegou a parecer possível, sonho esse que até pouco tempo antes ninguém se atreveria sequer a ter.
Com o governo PS, o relacionamento da empresa com o Estado veio a complicar-se de forma crescente, mas o que verdadeiramente impediu este novo "voo" da TAP foi a Pandemia que deitou por terra todas as companhias aéreas e foi quase mortal para a TAP com o seu projecto altamente alavancado.
Fica por saber se esse "novo sonho" de um grande Hub em Portugal teria sido realizável, caso o "azar" não tivesse vindo tão rápido e tão forte..
Agora, resta apenas a dúvida sobre se ainda alguma coisa se pode salvar desse projecto.
Salvar a "velha TAP" que já deveria ter morrido logo depois do último voo da grande operação de retorno de 1975, certamente que não vale a pena,.
Ter uma nova TAP enxuta e que possibilite um "mini-hub" em Lisboa, seria importante para que não fiquemos reduzidos a um país com meia dúzia de aeroportos dependentes de diversos hubs externos e em especial do Hub de Madrid.
Vamos ver qual é a capacidade deste governo, que parece até aqui não ter feito grande esforço para encontrar as melhores soluções para a empresa, para efectivamente viabilizar a sempre adiada reforma da TAP.
Nuno Alvares, Abel Veloso e 43 outras pessoas
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