A ACLAMAÇÃO DE MARCELO
Depois de diversos esforços para empurrar Marcelo para a corrida eleitoral dentro do partido, agora a nova versão é pô-lo a correr por fora, ou seja as próximas eleições serviriam apenas para designar uma figura simbólica que seria presidente do partido, mas simultâneamente o partido designaria (melhor, aclamaria!) um candidato a primeiro ministro que não seria aquele dirigente partidário mas uma outra personalidade, que apesar de não ter querido suportar o desgaste das eleições internas se pensa (quem?) ser a pessoa com mais condições para em eleições fora do partido bater José Sócrates.
Sim, caro leitor é disto que se trata, leia outra vez que talvez consiga compreender, para mim também é difícil mas vou tentar dar uma ajuda:
- a solução da aclamação do verdadeiro líder sem eleição, não tem nada de absurdo com à primeira vista possa parecer, é uma solução extremamente inteligente e com enorme potencial, aliás para o comprovar nada melhor que as experiências dos congressos e "politburos" da União Soviética e de outros países comunistas que a usaram com enorme sucesso durante décadas e, de salientar vigorosamente, sem qualquer contestação que se conheça (ou de que pelo menos tenha havido sobreviventes).
-por outro lado toda a gente sabe que o que Marcelo quer é ser presidente da República, o que só prova que no meio desta insanidade geral ele ainda está lúcido, porque é indiscutível que pela sua cultura política e capacidade de comunicação ele tem as condições para ser presidente de todos nós, mas por outro lado também é indiscutível que ele não tem condições nenhumas para ser primeiro ministro.
Falemos sério senhores, o cargo de primeiro ministro é um cargo executivo de uma exigência enorme em termos de capacidade de decisão e gestão de conflitos, a única experiência executiva de Marcelo foi um cargo de secretário de estado e pouco mais, além de que todos os portugueses conhecem o seu perfil psicológico.
Porquê então querer empurrar o homem para um cargo que ele não quer? e depois para uma corrida eleitoral contra Sócrates que será extremamente difícil? e tudo isto finalmente para que (hipotéticamente) ele viesse a chefiar um governo do qual ao fim de três meses estaria completamente farto?
Toda esta operação para quê? O leitor ainda não ficou esclarecido? Leitor difícil! Vou tentar melhor.
-no meio de tudo isto Cavaco Silva declarou que nestes quatro anos de mandato, não dedicou ainda nem dois minutos do seu tempo à questão da reeleição, é óbvio que isto quer dizer que se não vai candidatar a novo mandato, porque se houvesse a mínima hipótese de o fazer convenhamos que teria perdido pelo menos os tais dois minutos. A não ser que não estivesse a falar verdade, o que não é certamente possível, porque isso seria a consagração institucional da falta de amor á verdade como uma componente genética portuguesa, logo a única conclusão possível é a de que não se vai recandidatar. Esta pelo menos o leitor certamente compreendeu, ou não?
-sendo assim as coisas ficam mais claras! o actual presidente não se vai recandidatar, o político da mesma área que tem condições para o substituir e que sonha com isso, é empurrado para uma corrida que ele não quer. O que se passa aqui? quase parece um enigma de policial barato, vamos ver leitor, paciência... talvez a gente chegue lá.
-outro elemento, caro leitor, quem foi o cérebro que concebeu este congresso extraordinário antes de eleições? o homem que se tivessemos um senado seria o senador por excelência, um homem tão modesto que não é candidato a nada e só quer o bem do partido.
O homem que agora ajudou a conceber também a aclamação de Marcelo, quem é ele? Acertou leitor! o eterno Santana Lopes, o que quer ele? depois daquela dos dois minutos, afastar Marcelo parece ser uma jogada de mestre, ou não? Leitor por favor! é tudo tão complicado! ajude-me leitor, não faça perguntas difíceis!
Mas não é só Santana que quer empurrar Marcelo, até porque bem lá no seu íntimo ele ainda espera aquela vaga de fundo que o pode levar a ser obrigado a candidatar-se às eleições partidárias a bem do partido e da Pátria, papel que apesar de bem mais ingrato do que o de candidato a PR à falta de melhor lá terá que ser...
Para além de Santana vários outros se empenham nessa missão patriótica de empurrar Marcelo, todos eles com os mais diversos e estranhos desígnios.
Perante tanta actividade política, tanto dinamismo, o leitor provavelmente ver-se-ia inclinado a pensar que o PSD é o maior partido nacional, não? ou pelo menos líder nas sondagens? ou então no mínimo o partido que mais cresce, aquele que vai "explodir" nas urnas na próxima oportunidade? Não, caro leitor parece que não, misteriosa e injustamente nada disso acontece, vá lá saber-se porquê...
-mas há mais, e o namoro PS/CDS? como é? vai a algum lado? não é fácil, Sócrates só compra barato e Portas tem um preço alto, mas se o PSD der um jeito e empurrar definitivamente o PS para os braços do CDS, o desenlace ainda se dá. Se assim for que percentagem do eleitorado vai o PSD ter daqui a quatro anos? O quê leitor? Só isso? E estas guerras todas para quê?
O leitor pergunta se eu fumei? se cheirei? se me injectei? Eu?! Eu não! caro leitor sou do tempo em que a Coca-Cola era proibida e ainda é o meu único alucinogeno. Provavelmente leitor nós só não estamos sintonizados na onda, topas meu? (né mano? - para a versão brasileira).
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e um dia nada disto fará sentido. Oremos!
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