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terça-feira, 8 de setembro de 2020

 CIDADANIA E CRISPAÇÃO

A forma como o tema da disciplina de Cidadania nas escolas foi abordado, quer nos meios de comunicação tradicionais, quer nas novas redes, é mais uma prova da crispação "ideologica" crescente na nossa socieadede.
Seria natural que, à esquerda ou à direita, alguém tivesse proposto um qualquer grupo de trabalho ou coisa semelhante, para analisar de forma objectiva e detalhada, quais os problemas do actual programa da cadeira e possíveis soluções consensuais.
Essa busca de uma solução, não existiu, nem sequer foi proposta por ninguém, ao invés disso os campos extremaram-se, de um lado a esquerda identitaria do políticamente correcto e do outro os tradicionalistas-"reacionários".
Há quem goste, fomente, aproveite e até viva desta crescente crispação, mas globalmente para a sociedade ela é perigosa, embora para já o não pareça.
O trazer a discussão ideológica para a praça pública até poderia ser positivo, se efectivamente alguém pretendesse discutir alguma coisa, mas na verdade ninguém quer discutir nada com "os criminosos, burros, incultos, traidores do povo e mal intencionados, com agendas escondidas, do outro lado da barricada", a única finalidade das duas partes parece ser apenas ir "aquecendo os motores", para batalhas mais sérias que se vão seguir.
Os nossos "brandos costumes" estão a acabar, o mais grave é que, como somos bi-polares, passamos com facilidade da mansidão para raivas descontroladas.
O nosso Sec XIX , que começou em 1820 e acabou em 1926, foi um tempo de permanente e crescente crispação "ideológica", em grande parte sobre questões de lana caprina, tipo "sexo dos anjos".
Esse foi quase um século inteiro de guerra civil de baixa intensidade, entre absolutistas, liberais, anarquistas, republicanos, socialistas, etc, com assassinatos e atentados bombistas permanentes, exércitos formais e particulares em acção, com o assassinato de um Rei, de um Presidente da República e de inúmeros outros políticos de 1ª linha.
Século esse que finalmente acabou com a implantação de uma ditadura, alguns anos depois da tentativa anterior de Sidónio Pais.
É por isto que não gosto da crescente crispação ideológica, não porque exista o risco de que outro século do mesmo tipo poder vir a acontecer, mas porque o que poderia acontecer no Sec XXI seria muito pior ainda.
No Sec XXI, qualquer tipo de guerra não seria nem "civil" nem de baixa intensidade, porque seria rapidamente internacionalizada e muito violenta, com risco de nos tornarmos no primeiro caso de libanização na Europa Atlantica. Nesse quadro, o menos mau que nos poderia acontecer seria nos tornarmos rapidamente num protectorado claro de alguma potencia que o quisesse.
Como combater esta crispação crescente?
Nem os radicais à esquerda, nem os à direita, contribuirão para essa "descrispação", antes pelo contrario, porque os dois pensam que vão ganhar com ela.
Um dos dois está enganado (qual será?)
Os partidos centrais pouco podem fazer, não têm nem credibilidade, nem peso, nem tempo, nem conhecimento para o isso.
Restariam pois o governo, o Presidente da Republica, ou uma instituição ou figura publica com prestigio e peso na sociedade, como hipóteses de "descrispadores" da nossa sociedade.
Quanto ao governo, embora tivesse poder para o fazer, se a isso dedicasse tempo, esforço e uma equipe capaz, é muito duvidoso que Antonio Costa vá por esse caminho, que teria riscos e poucas compensações, pelo que é de crer que o governo continuará a concentrar os seus esforços nas manobras políticas para manter o poder e gerir a "intendencia", sem perder tempo com as armadilhas das ideologias.
Quanto ao PR actual se reeleito, também não o vejo com perfil para este efeito, ele foi um bom "descrispador" por via dos afectos, mas agora não se trata disso, depois da dureza passista o povo queria carinho, agora o problema é totalmente diferente e não se resolve com "colo", o povo nem sequer ainda sabe o que os ideólogos lhe estão a preparar.
Esta "bomba ideológica" teria de ser desarmada antes de chegar à rua, não vejo que Marcelo tenha a capacidade de agora se reinventar como especialista de explosivos, minas e armadilhas. Julgo que ele não tem nem o peso, nem o prestígio, junto dos "ideólogos" de esquerda e de direita e dos seus chefes, que seria necessário para conseguir fazer a diferença neste processo.
Dos novos candidatos presidenciais também nada há a esperar neste campo, a única que poderia fazer alguma coisa seria Ana Gomes, caso não pretendesse ser a candidata de uma esquerda anti-fascista e se calhar também, ainda anti social-fascista.
Quanto à possibilidade de aparecer um outro moderador deste processo de crispação, ela é muito baixa, a nossa sociedade civil é muito fraca, pelo que são quase inexistentes Instituições com peso e credibilidade junto dos intelectuais e da opinião pública que possam fazer a diferença. Também a nível de figuras publicas com peso real, ex-políticos ou intelectuais, nenhum se afigura capaz de o fazer, mesmo que o quisesse.
Quem nos faz falta agora seria Agostinho da Silva, talvez ele nos pudesse ser útil num tempo destes, com a sua capacidade de falar para a esquerda e para direita, para os intelectuais e para o povo, com mensagens possibilitando leituras diversas, mas que eram inspiradoras e lhe davam uma aureola e um poder especial.
Talvez ele nas suas elucubrações filosóficas, por vezes confusas e até contraditórias, nos conseguisse entregar a "Síntese Salvadora" de que agora precisamos, ou até mesmo (quem sabe?), o seu Quinto Império.
Sérgio Norte, João de Barros e 3 outras pessoas
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