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domingo, 11 de novembro de 2012

É TEMPO DE A ALEMANHA DEIXAR O EURO


Face às actuais posições da Alemanha, ou temos uma Europa com dois "euros" ou não teremos Europa, e assistiremos ainda ao agravar da crise  económica mundial.

A Alemanha tem razão em querer forçar que os países "indisciplinados" façam as reformas que têm adiado desde sempre, e que continuarão a adiar se os não pressionarem a não o fazer. Só por via dessas reformas a Europa poderá encontrar o seu espaço num mundo cada vez mais competitivo.

Mas Merkel já não tem razão quando quer que essas reformas sejam feitas em simultâneo com o apertar de cinto generalizado em toda a Europa e sem incentivos especiais aos países em crise. Por essa via teremos um suicídio colectivo.

Face à obsessão alemã contra o crescimento, antes de serem eliminados os deficits em vários países europeus, a única saída que resta à Europa é que a Alemanha (juntamente com a Finlândia, Áustria e Holanda) deixem o euro e adoptem um novo "marco". Se isso não acontecer todo o projecto europeu estará em perigo.

Se a Alemanha se opõe a que no quadro do euro os países com menores deficits se comportem como locomotivas do crescimento do continente, facilitando por essa via o ajustamento das economias mais frágeis e em contracção, então a única solução é que estas economias mais frágeis voltem a ter acesso ao controle de uma política monetária, económica e fiscal mais coincidente com as suas necessidades de sobrevivencia, sem o que todo o edifício desmoronará.

Porque deve ser a Alemanha a sair e não o contrario? A lista de justificações é grande, apenas os pontos principais:

- o grosso da população da zona euro (220 milhões no total de 333 milhões), está em países que necessitam de um rigoroso ajustamento, portanto de um euro sem as exigências da Alemanha

- o regresso individual a antigas moedas por vários países europeus implicaria uma crise financeira colossal na Europa e no mundo, para alem de instabilidade politica e social incontroláveis nos países envolvidos

- um novo "marco", adoptado por quatro ou cinco países disciplinados e com economias homogéneas e estabilizadas, pode ser facilmente conseguido através de uma união monetária simples

- a criação de uma nova moeda para o bloco dos países em dificuldade seria inviável pela complexidade da operação e pela desconfiança que o processo induziria, e conduziria também a uma crise financeira mundial

- a criação de um novo "marco", para a Alemanha e outros países que a quisessem seguir, é a solução mais fácil, mais exequível, melhor para a Europa e para o mundo

- esta via será facilmente reversível no futuro, quando as economias hoje em dificuldade tiverem arrumado as suas casas e um euro único voltar a fazer sentido

A via de um euro sem a Alemanha não será por si só uma solução milagrosa, nem evitará as reformas nas economias menos competitivas, mas se gerida com competência, rigor e criatividade é a via que oferece maior potencial para os países envolvidos, para a Europa e para a economia mundial.

Este não é um texto contra a Alemanha e os outros países que defendem políticas monetárias e económicas mais ortodoxas. É até um texto de compreensão dessas posições, por parte de países que com esforço têm as suas casas arrumadas e não querem correr o risco de vir a serem envolvidos em processos que comportam riscos que eles não precisam nem querem correr. Mas assim como é compreensível a posição desses países também eles têm de compreender que os outros países têm de procurar a solução dos seus problemas, reais e prementes,  num enquadramento mais flexível.

Ao fim e ao cabo tratam-se  de mais de 200 milhões de habitantes que necessitam de políticas que os outros pouco mais de 100 milhões não querem adoptar. Resta assim uma separação temporária e por mútuo acordo, que  no quadro actual será sempre a melhor solução para todas as partes. Nesta perspectiva nem o BCE deveria sair de Frankfurt, nem os países que optassem por sair do euro deveriam deixar de ter representantes não executivos no banco.

É evidente que seria melhor para toda a Europa que fosse possível uma solução de compromisso sobre as grandes questões da política monetária, fiscal e economica, mas dado que parece amplamente demonstrado que tal não é possível, resta este caminho.

A existência de um euro comandado pela França irá fazer reavivar velhas rivalidades continentais, mas esse será o preço que a Alemanha terá de pagar por não querer correr outros riscos. Como sempre, não há almoços grátis.

4 comentários:

  1. Simples e claro.Só que politicamente com muitas restrições por parte da heterogeneidade dos protectorados e quase protectorados...

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  2. Nesta dimensão nada é simples, mas mesmo apenas a defesa desta linha pode levar a Alemanha a repensar as suas posições

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  3. Filipe Paes de Vasconcellos13 de novembro de 2012 às 19:33

    Eduardo,parece-me que esta tese pode ter pés para andar. Consegues projetar, prever qual o impato dessa decisão na desvalorização do novo euro?

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  4. Na fase inicial seria muito volátil, poderíamos ter uma queda pontual de até 50%, mas depois deveríamos estabilizar 20/30% abaixo do valor actual.
    Embora esta tese esteja certa em termos teóricos, na prática o seu interesse seria sobretudo de a usar para pressionar a Alemanha e amigos a flexibilizar as suas exigencias (essencialmente baixando juros, dando financiamento às empresas viáveis dos países em crise e/ou dinamizando a procura dos países menos endividados)

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