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sábado, 27 de março de 2010

MERKEL VENCEU, TEMOS ESTADISTA?

Contra tudo e contra todos, incluindo o seu ministro das Finanças (Schaube), Angela Merkel foi a grande vencedora desta pequena guerra europeia que se arrastou por algumas semanas.

Ao contrário da imagem que se fez passar, Merkel não foi o osso duro de roer que dificultou uma solução rápida e fácil para o problema grego apenas por causa das suas preocupações com as eleições e com aspectos legais da Alemanha, a verdade é que essa tal solução fácil e rápida não existia, e não era mais do que uma via rápida para o desastre europeu.

Todos sabemos que o projecto Europeu tem uma boa costela latina, com muitos passos maiores que as pernas, na base do "tudo vai correr bem", "depois se resolve", etc. Isto embora os grandes da política europeia prefiram encarar o fenómeno como manifestação da sua enorme visão política, ou de forma mais prosaica e poética dizendo que o caminho se faz caminhando. Foi assim com o euro, sem orçamento centralizado, sem política fiscal comum, sem política económica e com uma enorme diversidade entre os diferentes estados não é claramente uma zona monetária óptima, está mesmo mais para péssima.

Há muito tempo que os euro-cépticos, euro-inimigos e especuladores ansiavam por este momento de verdade, para eles a grande oportunidade, um simples escorregar neste momento de crise global seria um abrir de porta a uma sucessão imparável de manobras e ataques a toda a construção europeia. Tudo é fácil enquanto o mar está calmo e as águas se não levantam, mas quando a borrasca começa não dá para fazer erros, tanto mais quando o navio está nas condições em que o navio europeu se encontra.

Foi então que os líderes europeus começaram a querer tapar o buraco grego de qualquer maneira desde que rápida. O voluntarismo correu solto, fazia-se um FME instantâneo, juntavam-se uns cobres, ou até pura e simplesmente declarava-se o apoio e depois logo se via. E Merkel teve a coragem de ir dizendo sempre que não, de improviso em improviso até ao desastre geral não é bem o estilo dela, haja alguém com bom senso!

A comunidade europeia nunca poderia ter dado um aval directo e cego à Grécia fora de um quadro regulamentar que talvez devesse existir mas que não existe. E pior ainda, se a crise internacional se agravasse iríamos depois ter as "grécias grandes" e aí como seria? continuaria o improviso voluntarioso então com precedentes já estabelecidos?
Trocando por miúdos caro leitor, suponha que tem dois ou três irmãos, simpáticos, bons rapazes, até trabalhadores, mas coitados a vida tem sido complicada, uns divórcios, filhos difíceis, certa tendência para gastar demais, etc., responda leitor! o seu aval ou o banco?

O projecto europeu parece agora fora de perigo, quanto ao euro as coisas não são assim tão fáceis, mesmo as exigências de Merkel por si só não serão suficientes para garantir que o sistema vá funcionar. Sem uma verdadeira política económica europeia se a crise se agudizar a solução de Martin Taylor dos "dois euros" poderá vir a ser a única saída, ou pelo menos a menos má.

Tem sido voz corrente por esta Europa que Merkel é apenas uma boa gerente nunca será uma estadista, faltam-lhe a visão e a capacidade de liderança de um Helmut Kohl, diz-se. Começo a achar que estão redondamente enganados, com o seu ar de ursinho triste Merkel deu um show, um espectáculo de determinação serena, de coragem para resistir a pressões sem fim, de inteligencia a negociar as saídas possíveis.

Agora que Obama finalmente se consegue afirmar como líder de facto, mais importante ainda é que a Europa tenha alguém à sua altura.

Acho que temos estadista, a Europa bem precisa, é material em falta há muito tempo.

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