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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015



O NEOLIBERALISMO NA EUROPA -I


Não vou falar de Von Mises, nem de (Von) Hayek, a minha intenção aqui é bastante mais prosaica.

Vou falar desse neoliberalismo que é a política que os partidos socialistas praticam depois de ganharem eleições.
E também daquele outro, mais radical, que aqueles mesmos partidos praticam depois de terem tentado concretizar os seus programas eleitorais, e a que apressadamente recorrem, a meio dos seus mandatos, tentando não sucumbir à derrota eleitoral que se aproxima. Deste segundo caso Hollande é o melhor exemplo, que chegou mesmo ao ponto de passar a governar por decreto-lei, para acelerar as reformas neoliberais que ele abjurara, e por via desse artifício  evitar o desgaste público nas suas hostes.

Enfim, o neoliberalismo filho de Margaret Tatcher, e que levou a que ela dissesse que o seu maior orgulho era o New Labour, seu enteado talvez.
Sim, o neoliberalismo, "esse monstro, desumano, capitalista, perverso e fonte de todos os males" das nossas sociedades...

Agora sem ironias. O neoliberalismo está longe dos verdadeiros liberais libertários que odeiam o estado sob qualquer forma e que pensam que o principal papel do cidadão é vigiar o pouco estado que tenha de existir  O neoliberalismo é sobretudo um sistema não dogmático que conhece os perigos e a falta de capacidade dos estados para actuarem  de forma sistemática em todas as áreas da vida social e que por isso julga que fora das áreas que são da sua  competencia especifica, justiça, defesa e segurança o papel dos estados tem de ser analisado, discutido e decidido cuidadosamente, para bem da sociedade.

Como foi possível surgir já na segunda metade do século XX o neoliberalismo? Ainda por cima no Reino Unido com todas as suas tradições de apoio social e sindicais?

Este movimento resultou do efeito conjugado de dois acontecimentos com características opostas. Por um lado o alívio do fim da 2ª Grande Guerra encheu as populações de esperança, era o fim de tempos muito duros, era o momento das classes trabalhadores tomarem nas suas mãos os destinos da sociedade, é esse fenómeno que leva à inesperada derrota eleitoral de Churchill perante os trabalhistas. Mas simultâneamente, esse é também o tempo do princípio do fim do domínio económico da Europa sobre grande parte do 3º mundo.

Assistimos assim no pós guerra  ao surgimento do peso político das classes trabalhadoras e dos seus sindicalistas , em simultâneo com a perda de importância económica gradual da Europa no contexto mundial.
Aquela perda de importância deriva do aumento do peso  de outros poderes económicos actuando em espaços que anteriormente eram de "exploração" europeia quase exclusiva,  com destaque evidente para os Estados Unidos, mas também para outros estados e para os novos movimentos e estados independentes.

Poder-se-ia quase que dizer que o desenvolvimento do estado social se dá no pior momento histórico possível, exactamente quando a Europa deixa de poder com facilidade transferir acréscimos dos seus custos de produção para os seus mercados cativos. Este é o problema original do chamado Estado Social, a que no futuro se viriam a juntar outros

Mas na época,  o optimismo em relação ao futuro, conjugado com o poder económico  de que o Reino Unido ainda dispunha, permitiram  montar um sofisticado e caro estado social, estado esse não parou de crescer, tornando-se um peso cada vez mais difícil de suportar para uma sociedade que entretanto empobrecera em termos relativos.

Os  custos crescentes do estado social, por um lado, e a força cada vez maior dos sindicatos, por outro, conduziram à quase paralisação da economia do Reino Unido. A modernização era entravada pelos sindicatos, a despesa pública absorvia cada dia porções maiores do PIB,e tudo isto acontecia ao mesmo tempo em que o poder de exportar a qualquer preço se ia reduzindo.

É neste cenário que surge Tatcher. De braço de ferro em braço de ferro, a dama de aço, consegue limitar o poder dos sindicatos, controlar a despesa pública e relançar e modernizar a economia.
Ainda hoje odiada por uns, venerada por outros,  Tatcher foi o grande agente modernizador do Reino Unido, tendo desencadeado um processo que acabou por ser continuado pelos próprios trabalhistas com o New Labour.

Esta é a origem do neoliberalismo, a que os países da Europa continental foram resistindo e aplicando apenas esporádicamente em doses homeopáticas, até à crise de 2008.  Com excepção do caso alemão, aspenas quando a realidade se impõe e  são mesmo  obrigados a eliminar os bloqueios, corporativos e outros, que entravam a modernização e o crescimento, os países do continente recorreram à medicina neoliberal, tal como foi o caso da súbita e recente conversão francesa.

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