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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015



UMA EXPERIÊNCIA DE ESQUERDA, POR FAVOR!

Este texto vai ser um pouco complicado. Os meus amigos à direita não gostam das minhas posições, para eles ambíguas, sobre estas guerras da direita e esquerda, os de esquerda raramente lêem o que escrevo e quando o fazem, fazem-no com dificuldade. Este será mais um desses textos que  não vai agradar a ninguém.

Desde pequeno, tenho ouvido falar do sonho de uma sociedade diferente daquelas em que temos vivido, uma sociedade igualitária, fraterna e livre. Apesar de nunca ter acreditado em nenhuma das propostas que ao longo dos tempos foram sendo apresentadas, não perdi a esperança de que um dia surja alguma coisa com sentido e de que finalmente a esquerda consiga apresentar um projecto viável e executá-lo de forma convincente. Até agora as desilusões têm-se seguido.

Nos tempos modernos, a esquerda deu-nos a Revolução Francesa que começou por assassinar a nobreza nacional, guilhotinar os reis, os altos funcionários, depois os burgueses, e finalmente os revolucionários começaram a guilhotinar-se e assassinar-se sucessivamente uns aos outros, abrindo caminho para Napoleão que por fim estabeleceu a "sua ordem" na casa, e tentou estendê-la a toda a Europa. A primeira grande aventura da esquerda não correu propriamente bem, mas..

Depois de aventuras menores diversas, veio o socialismo científico de Marx e mais tarde as ditaduras do proletariado de Lenine e Estaline, que após implantadas,  rapidamente se transformaram em ditaduras das nomenclaturas em nome do proletariado, de Cuba à China foi assim, com os resultados económicos, sociais e ecológicos que hoje são conhecidos, isto para além do que, pelo caminho, foi acontecendo às "liberdades burguesas".

Recentemente a América Latina tem tentado algumas experiências socialisto-populistas a maior parte delas com especificidades muito locais que têm a ver com o problema nunca resolvido das populações indígenas. Mas de novo estamos perante experiências todas elas mais ou menos desastradas, a única  mínimamente equilibrada parece ser a do Equador, embora nada de fascinante, nada que que aponte um novo caminho para as sociedades do século XXI.

A Europa, berço de todas estas ideias e ideais, tem contribuído bem pouco para novas experiências, socialistas e sociais-democratas aburguesaram-se e pouco os distingue dos democrata-cristãos, o nosso Abril foi o equívoco de que não vale a pena falar agora e recentemente, Hollande foi uma esperança fugaz que não deu em nada. A esperança que resta é o Syriza, vai o Syriza resistir ao choque da realidade?

O grande problema da esquerda radical é que nunca gostou da realidade, o seu jogo foi sempre  comparar  a realidade capitalista, com todos os seus defeitos reais mais os por ela inventados, com situações imaginárias que a esquerda dizia existirem noutras sociedades ou em sociedades também imaginárias que iriam, ou irão, construir.

Só que para construir alguma coisa é preciso um projecto, até agora nunca ninguém viu um projecto dessa esquerda, o único objectivo parece ter sido sempre e apenas a conquista do poder, depois logo se vê. Mas existe alguma credibilidade nisso? Criticar a realidade e pedir um mandato para construir algo que nem ela, esquerda, sabe o que é?

Na verdade  até tive esperança que o Syriza fosse diferente, acreditei mesmo que eles tinham um plano para uma sociedade alternativa, que precisasse de ser ajustado aqui e ali, mas que existisse um projecto. Afinal não, o único projecto era sacar um cheque em branco à Europa. É isto o melhor que a esquerda pode fazer?

Porquê esta incapacidade de apresentar um novo projecto de sociedade? Falta de capacidade intelectual? Preguiça? Medo de que nenhum eleitorado o "compre"?

Ninguém  espera que a esquerda possa fazer o milagre de conseguir juntar todas as benesses das sociedades de consumo capitalistas a uma muito maior igualdade, todos sabemos que não há almoços grátis, mesmo almoços socialistas, mas qual é o seu projecto de sociedade? Como vamos para lá? Como desmontar os mecanismos de mercado/preços sem destruir as economias? Por favor, vamos ser sérios, somos todos adultos.

Até lá vamos ficando com as esquerda que há, a esquerda caviar (beluga ou não), a dos seus intelectuais diletantes, a das múmias simpáticas dos PC's, e a dos exaltados que não têm ideia do que querem, para além da catarse do reclamar  e gritar. A única verdadeira novidade que até agora a esquerda nos deu foram aquelas meninas, até bonitinhas, inteligentes, agressivas, articuladas e palavrosas que hoje em dia preenchem mais de metade dos nossos telejornais.

Estou a ficar velho (aliás já estou, só que ainda não assumi) e ainda preciso de ver essa grande eperiencia socialista. Por favor apressem-se, já agora se possível não a façam aqui em Portugal, deixem isso para depois de ver os resultados em outro lugar.

Os meus amigos de direita devem ter razão, no fundo eu sou um esquerdista, só que, depois destes mais de dois séculos de desastres, e tal  como São Tomás, preciso de ver para acreditar.





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