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segunda-feira, 9 de setembro de 2019



O BREXIT E AS CULPAS DOS NÃO-POPULISTAS


É tempo de deixarmos de culpar os populistas por todos os problemas das nossas sociedades, eles apenas exploram os desequilíbrios sociais originados por erros políticos que outros foram acumulando ao longo do tempo.
O Brexit é em si mesmo mais um fenómeno "populista", e fenómenos desse tipo continuarão a acontecer um pouco por todo o lado, não tanto por causa dos populistas mas sim pela incompetência dos não-populistas.
Na verdade quem gera o populismo são os políticos, em teoria bem comportados, à esquerda a e à direita, que como que cegos não conseguem compreender os fenómenos sociais que se passam à sua volta e que vão criando rupturas explosivas no equilíbrio social
Face àquele autismo dos políticos "sérios", a vida dos populistas fica fácil, basta identificar os pontos mais sensíveis do eleitorado mais significativo, depois encontrar o culpado mais conveniente para as frustrações e medos dessas populações e de seguida desencadear as campanhas necessárias utilizando todo o potencial das redes sociais.
Foi assim com o Brexit, quando os governantes não compreenderam o grau de fragilização do eleitorado das classes baixas do RU, classes essas que foram as classes que em toda a Europa viram piorar mais, e de forma continuada, a sua qualidade de vida ao longo das ultimas décadas.
Os britânicos estão de há muito habituados a grandes desigualdades sociais e a sociedade foi conseguindo conviver bem com isso, o que foi, e é, mais difícil, é suportar a tal enorme e prolongada perda da qualidade de vida sem que existisse uma justificação clara para tal, como seria no caso de uma guerra ou catástrofe.
É preciso relembrar que a seguir a 1945 o Labour fez uma enorme "revolução" social no Reino Unido, criando o melhor sistema público de saúde do mundo, dando um enorme impulso na habitação social, no emprego e nos salários assim como em toda a proteção social. O Labour e os sindicatos terão ido demasiado longe nesse processo, o que levou à paralisia da economia inglesa e depois a Tatcher.
Desde então a pioria progressiva da qualidade de vida das classes baixas tem-se mantido uma constante, o que foi ainda agravado pelo aumento da insegurança, da criminalidade, das drogas e da imigração, esta com a agravante dos choques culturais que foi arrastando.
É evidente que estas classes baixas (classe baixa, mais a media-baixa) eram e são o "ventre mole" desta sociedade e assim o alvo óbvio para qualquer estrategia que queira atacar a estrutura existente, assim como também era claro que neste contexto o culpado ideal para toda a desgraça sofrida era fácil de designar, a União Europeia foi obviamente escolhida , embora ela pouco ou nada tenha a ver com o assunto.
Se no RU tudo foi claro e simples como água, nos USA tudo foi semelhante, o "sonho americano" tinha sido por muito tempo o sustentáculo do equilíbrio social americano, era ele que dava força às classes baixas para ir lutando numa sociedade fortemente desigual e com baixíssima proteção social, porque então se acreditava que tudo era possível para todos, que haveria sempre a possibilidade de "dar a volta por cima"..
Quando, algures pelo caminho, o sonho americano se foi perdendo, em grande parte como consequência da globalização e da crescente imigração, restou o vazio e uma enorme frustração social..Estava assim aberto o espaço ideal para desenvolver qualquer forma de populismo, os responsáveis eram fáceis de identificar, eles eram os democratas liberais e os imigrantes. E assim foi a vez de Trump, para espanto dos desatentos.
É sempre assim, o "populismo" é e será sempre a resposta mais fácil aos erros dos políticos "sérios", que á esquerda e à direita continuam a fomentar o proprio populismo.
São a corrupção e o compadrio, mas talvez até sobretudo a arrogância e o autismo, que parece empurrar os políticos "sérios" para o desastre, oferecendo de mão beijada o poder aos populistas.
Por vezes isso acontece de forma rápida em virtude dos erros de um líder, outras vezes por via mais lenta por erros sucessivos acumulados ao longo do tempo, por um partido ou uma área política.
Foi assim com os governos trabalhistas e conservadores dos últimos anos, foi assim com a esquerda liberal americana, foi assim com o PT/Lula, até foi assim com Merkel (desastre ainda apenas parcial), e muitos outros. Outros estão a caminho.
À esquerda vê-se o abandono das causas sociais em favor da defesa das causas fracturantes e da prioridade dada a todo o tipo de minorias, mesmo que em prejuízo dos nacionais mais desfavorecidos.
À direita o egoísmo e a falta de visão política não permitem ver muito para além do próprio umbigo.
Por tudo isso os populistas agradecem.

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