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quinta-feira, 12 de setembro de 2019



SALAZAR ANTIFASCISTA

Tanto à direita como à esquerda, parte do pensamento nacional fica totalmente toldado quando se trata de Salazar, é estranho e perigoso que isso continue a acontecer passados quase 50 anos da sua morte.
Estranho porque seria mais do que tempo de se verem analises objectivas sobre o que tornou Salazar possivel, sobre o que ele efectivamente foi e tambem sobre o que poderia ter sido diferente no país daqueles tempos.
Esta incapacidade é especialmente perigosa para a parte da direita que não se consegue libertar de um Salazar mais ou menos imaginario , mas tambem o é para a esquerda, que agarrada aos seus chavões não consegue a independencia de analise necessaria para compreender o país real e a sua historia.
Dizer que Salazar foi fascista não é cientificamente correcto e a esquerda sabe-o, mas continua a fazer de conta que não. Houve tempos em que essa acusação tinha justificação como instrumento politico na sua luta contra o regime, mas aquele argumento deixou de existir há muito, hoje aquela acusação é apenas um tique sem sentido e perigoso.
Seria bom para o país e para a esquerda, que ela tivesse a clareza de lhe chamar apenas aquilo que ele foi, Salazar o Ditador. É objectivamente verdadeiro, indiscutivel e base para se começar a pensar.
Goste-se ou não, Salazar foi de facto o homem que inviabilizou o fascismo em Portugal, sem ele o movimento fascista teria tido grande possibilidade de ter sido implantado no país e se assim tivesse acontecido, não só teríamos tido a experiencia de viver num regime totalitaro (e não apenas numa ditadura), como ainda teriamos sido arrastados para a 2ª Guerra Mundial como aliados activos das potencias do Eixo, isto para não falar do provavel arrastamento de Espanha, com todas as enormes possiveis consequencias que tal teria gerado para Portugal e para toda a Europa.
Sim, foi Salazar, com todos os seus defeitos e qualidades, que nos afastou do fascismo e da guerra.
Foi o seu profundo conservadorismo, a sua descrença em todo e qualquer grande sonho revolucionario, viesse de onde viesse, foi a sua aversão "ao moderno", ao não experimentado, que o levou a concentrar toda a sua enorme habilidade politica, numa estrategia em que, apoiado na Igreja e no Exercito foi paulatinamente afastando ou limitando todos os proto-fascistas que poderiam ameaçar o seu regime.
O caminho que Salazar escolheu nem sequer era o mais facil, embarcar na radicalização à direita, que campeava pela Europa daqueles tempos, teria sido bem mais comodo para ele, mas isso era impossivel para o "provinciano", profundamente catolico, que contava os tostões e sonhava com uma sociedade rural de um mundo que já então estava em extinção..
Poder-se-á dizer que sendo esta tese verdadeira, teríamos tido a vantagem de a ditadura ter terminado em 1945, ou seja, trinta anos mais cedo. Nesse caso pôr-se-ia a questão de saber que preço teríamos pago, nós e a Europa, por esses 15 anos de fascismo e guerra.
Sem Salazar, depois dos 20 anos de "desordem republicana", naquela época dificilmente o país teria resistido ao fascínio fascista, no entanto, na sua obsessão anti-Salazar a esquerda continua a fazer tudo para vir a conseguir o que nem Hitler, nem Mussolini, nem os fascistas nacionais conseguiram, ou seja, transformar Salazar e um hipotetico e inofensivo museu, num simbolo e num lugar de culto dos neo-fascistas nacionais.
O que no meio disto tudo é grave e perigoso é oferecer de bandeja Salazar aos neo-fascistas portugueses, tanto mais quanto, ainda há não muitos anos, ele foi escolhido como um dos maiores portugueses de sempre.
Se a esquerda tiver dois neuronios que sejam, será a primeira a dizer que Salazar, apesar de todos os seus defeitos, nunca foi fascista.

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