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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019


SONHO ERÓTICO - PORQUE VIM A BEIJING

Naquela manhã, saíste porta fora, zangada, furiosa mesmo, ainda hoje não percebi bem porquê.
Eu, ainda meio estremunhado vi-te toda vestida, já pronta para sair, e tentei que pelo menos me beijasses e dissesses alguma coisa, mas nada, apenas mastigaste irada algumas palavras que não consegui compreender, depois desapareceste, batendo a porta. E foi tudo.
Só quando me levantei e dei uma volta pela casa, compreendi que tinhas levado todas as tuas coisas.Tinhas mesmo partido.

Durante meses procurei-te por todo o lado, um pouco por todo o mundo, junto de todos aqueles teus amigos mais ou menos loucos, que na verdade nunca gostaram muito de mim. Mas nada, também eles não sabiam de ti, sim tinhas estado na Normandia, mas também em Bali e até no Atacama, mas tinhas partido e ninguém sabia para onde, ou pelo menos assim diziam.

Agora, quase um ano depois, perguntas-me o que vim fazer a Beijing. Na verdade nem queres saber a resposta, perguntas por perguntar, vejo o teu ar divertido, de menina que reaparece depois de ter feito uma maldade grave, mas que disfarça, com ar inocente, como se nada tivesse acontecido.

Sei bem que nem vais ler a resposta, ou talvez o faças, daqui a uns meses, quando qualquer coisa te fizer lembrar que um dia existi, e que até passei pela tua agitada e desmiolada vida. Mesmo assim, vou dizer-te o que vim fazer a Beijing.

Sabes aquelas chinesinhas? Normalmente pequeninas e apenas levemente bonitas, mas com um ar doce que olha espantado? Acho que elas vão ouvir atentamente as histórias que eu lhes vou contar de ti, e aos poucos aqueles olhos arredondar-se-ão de espanto silencioso, e eu vou amá-las por isso, e vou amá-las noites inteiras.

Sabes, eu vou ter um prazer imenso no prazer delas, nos gemidos doces, nas explosões violentas, nos olhares então já perdidos, orgasmo a orgasmo, até desfalecerem de volúpia e cansaço. E farei amor toda a noite, todas as noites, só adormecendo ao nascer do Sol quando a brisa dos primeiros dias quentes de Primavera entrar pela janela da varanda, corpos colados de suor e sémen. E depois vamos acordar, esfomeados, apenas quando o Sol se tiver a pôr, e a brisa que entra pela janela for então já fresca.

De seguida perder-me-ei de novo na noite da cidade, até encontrar uma outra mulher-menina, mais bonita ainda, mais doce do que tudo o resto, e repetirei tudo de novo. Sempre, disciplinada e amorosamente, até à tarde em que finalmente não acordarei mais.

Sim é isso que eu vim fazer em Beijing, é aqui que eu vou encontrar essas putinhas, silenciosas, doces, e de olhar profundo, filhas directas e dilectas de Buda, Lao Tse e Confúcio, e também talvez de Mao e Deng Xiao Ping. É aqui que eu me vou perder, é aqui que vou ser feliz, encontrar-me a mim e a todas as verdades universais, tudo ao mesmo tempo, numa solução verdadeiramente eficaz de tudo em um.

Mas eu sei que é mentira, sei que elas não existem, já procurei um pouco por todo o lado, e elas duram apenas algum tempo, sempre demasiado curto, soando demasiado falso, e depois é o vazio, pior do que antes, sempre pior, cada vez pior.

Mas existe o ópio! Acho que é isso! O ópio! Foi ele que me trouxe até aqui! Agora sim, agora tudo faz sentido, foi ele que me chamou! É ele que que eu vou encontrar em Beijing, e então tudo será claro, coerente, evidente e suave. E de degrau em degrau, descerei desde os salões luxuosos, até à decadência das sarjetas, onde me tornarei um vegetal, e finalmente me fundirei com a mãe Terra.
Sim, amor, é isso que eu vim fazer em Beijing.

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